terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Dando um tempo

Estou dando um tempo deste blog.

Há quem diga que "quem dar tempo é relógio". Seguindo essa idéia, muitos acreditam que quando o companheiro profere o famoso "vamos dar um tempo" o relacionamento não tem volta. Para eles, essa singela frase é o mesmo que um valeu, foi bom, adeus (HAHA), com a diferença de ser em doses homeopáticas; quase que um aviso prévio para o "foi bom enquanto durou" que virá logo mais (ou menos!). Considerando que cada caso tem sua especificidade, não quero dizer que o meu "tempo" é um fim como costuma acontecer nos relacionamentos , mas também não estou disposta a garantir um retorno.

That's all folks!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Aquela italiana que faz vestidos*

"Quando o vento arranca o chapéu da sua cabeça e o faz voar cada vez mais longe, é preciso correr mais rápido que o vento para alcançá-lo. Eu sempre soube que para construir mais solidamente, às vezes somos obrigados a destruir, a fim de estabelecer uma nova elegância para as maneiras brutais da vida moderna."
Elsa Schiaparelli


Com tanto burburinho acerca de Gabrielle Bonheur Chanel devido aos cem anos da França no Brasil e, mais ainda, por causa do lançamento do filme Coco avant Chanel (Coco antes de Chanel) , este post soará implicante, pois discorre sobre Elsa Schiaparelli, grande rival da estilista francesa. Nunca é demais falar sobre Coco Chanel, ícone da moda do século XX e, sem dúvida, o mais conhecido nome do estilismo até os dias de hoje. Certamente, esses "títulos" foram a razão para o argumento do filme e a força motriz para sua bilheteria. Antes de ser a famosa estilista que ditou moda dos seus modelos ao próprio corte de cabelo , ela era apenas Gabrielle, uma costureira e cantora de cabaré que perdeu os pais enquanto ainda era criança. Coco avant Chanel conta, em detalhes, toda a vida pré-fama dessa madeimoselle, talvez por isso algumas pessoas não tenham saído satisfeitas do cinema. Quem achava que, por meio do filme, entenderia por que essa mulher influenciou fortemente a moda, de fato, não atingiu o objetivo. Mas, como disse o jornal The Washington Times, "Se você sai do cinema decepcionado porque o filme não mostra quase nenhum dos projetos brilhantes que tornou famosa sua personagem principal, não se pode dizer que não foi avisado, já que o título é, afinal, 'Coco Antes de Chanel'".

Não tão renomada quanto a rival, Elsa Schiaparelli não foi menos importante. Grande estilista italiana, ela foi responsável por uma verdadeira revolução estética, que fundiu arte e moda. Amiga de vanguardistas como Salvador Dali e Marcel Duchamp, Schiaparelli introduziu conceitos do surrealismo e do cubismo em suas peças, criando modelos, no mínimo, ousados e irreverentes. Diferentemente de Coco Chanel, que criava um vestuário mais contido e funcional, símbolo da mulher moderna, Schiaparelli investia em modelos exóticos. Criadas em parceria com Salvador Dali, suas peças tinham forte influência surrealista e causaram grande polêmica na Europa do entre guerras. A rivalidade e o intriga entre essas duas mulheres era, basicamente, fruto dessa discrepância de perspectiva da moda. Como não se escandalizar os modelos de Schiaparelli? Eu não consegui. Hoje cedo, em conversa com minha tia sobre história da moda, conheci a extravagância e genialidade dessa estilista. Soube, inclusive, que devemos a ela a cor rosa-choque ou rosa-shocking. Abaixo seguem algumas fotos que, de tão "surrealistas", fizeram-me escrever acerca dessa mulher.

Chapéu em formato de sapato.

Vestido com desenho de lagosta.


*Xingamento de Coco Chanel a Elsa Schiaparelli, que revidava referindo-se a Chanel como "a monótona e insignificante provinciana".

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Fui à China-na

"Espere o melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier."
Provérbio Chinês


*Créditos a Davi Barbosa, sempre paciente.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Xau, 2009

Cara, ainda bem que o ano está acabando Nesses vinte e um anos, não me recordo de ter vivido dias tão tristes. Logo nos primeiros meses, uma grande dor no meu coração; a pessoa que eu mais amei na vida disse que seu amor chegara ao fim. E, mesmo sem querer, precisei dizer adeus aos meus sonhos e seguir. Cada fluxo de memória doía imensamente. Desta forma, ainda que pareça extremamente piegas, eu só pedia para que fosse possível fazer o mesmo tratamento ao qual Clementine foi submetida. Posteriormente, quando achei que as lágrimas haviam cessado, o fel da decepção. Inerte, pensei, por dias, que não podia confiar em ninguém e, de novo, chorei. Metade do ano foi riscada do calendário. Assim, resolvi seguir em frente e disfarçar a tristeza; a mágoa havia passado, mas a dor não. Durante esses últimos meses, tentei provar para mim mesma que posso amar outras pessoas. Nada, contudo, brotou no meu coração. Para piorar, cruzei com pessoas frívolas que, seguramente, não valorizariam quaisquer dos meus sentimentos. Por isso e por vezes, embriaguei-me para fingir felicidade, mentindo para mim mesma sobre o significado da alegria. Risos e gargalhadas não faltavam, mas bastava uma noite de sono para que eu percebesse o quão volátil era tudo aquilo. No dia seguinte, qual não era a minha decepção ao me olhar no espelho e não me reconhecer? Papai Noel, dias melhores.

domingo, 29 de novembro de 2009

Sua drágea!

Hoje dormi fora de casa e - como na maioria das vezes que isso acontece - acordei com uma crise de rinite maior do que o normal. A questão é que, quando passo a madrugada exposta ao ventilador, acordo espirrando muito, ou como costumo dizer (ainda que sem qualquer lógica), espirrando feito um boi. Nessas horas, só há uma coisa a ser feita: tomar Claritin D. Não estou fazendo qualquer propaganda, mesmo porque desta vez o efeito está vindo a passos de tartaruga. Enfim, este post não foi escrito para contar as minhas lamúrias, então vamos ao que interessa. Conheço esse remédio há anos e, ao ler a palavra "drágeas" na caixa, sempre me perguntei "o que diabo é isso?" Hoje, finalmente, desvendei o mistério (!). Fui ao Google e escrevi a palavra no navegador de busca. Qual não foi a minha surpresa ao deparar-me com o seguinte link: Qual a diferença entre comprimidos, drágeas e pílulas? Assim, descobri que a drágea é, simplesmente, um comprimido revestido com açúcar, tal como Neosaldina e Benegripe. Pelo que li, a adição dessa camada serve, em geral, para evitar a desagregação do medicamento ou facilitar a sua ingestão.

Vivendo e aprendendo (e ensinando).

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Podia ter dormido sem essa, Gabriela!

Certo dia, numa conversa com um amigo, rolou (mais ou menos) o seguinte diálogo:

As mulheres são muito complicadas.
Eu não acho, inclusive não me considero complicada.
Vou ficar calado em nome do cavalheirismo.

Na hora ignorei, mas depois pensei um pouco e cheguei à conclusão de que devo ser medianamente complicada, ok? No mais, quem ouvia Mulher de fases até acha graça dessa adjetivação.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cara, cadê as minhas férias?*

Esses dias estão incrivelmente cansativos e longos. Como todo fim de semestre na faculdade, há milhares de trabalhos para fazer e calendários torturantes para cumprir. Noites trocadas pelo dia e dias que não se recompõem, resultado: sono acumulado e todos os males que ele acarreta. Nessas condições tenho vivido as últimas semanas, com o desejo de que o ano termine o quanto antes. Devo dizer, contudo, que o agito deste fim de ano tem deixado-me bastante satisfeita (ainda que cansada). Os últimos trabalhos do semestre e as horas dedicadas a eles pareceram verdadeiramente úteis. Afinal, dificilmente eu pesquisaria tanto ainda mais até às cinco da manhã (!) sobre a SUDENE se não exigência de um dos trabalhos que fiz. Isso me deixou feliz, até porque, vergonhosamente, meu conhecimento sobre essa superintendência ERA deveras escasso. Assim, mesmo indo para a cama com o canto dos passarinhos e a claridade do sol, dormia com a certeza de que estava valendo a pena.


*Inspiração no livro de Michael Moore Cara, cadê o meu país?

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Profissão Repórter

Hoje, após enfrentar o sol quente do meio-dia e receber vários "não", consegui apurar informações suficientes para fazer metade da minha reportagem sobre o comércio ambulante na Avenida Conde da Boa Vista. Além de não ter o perfil de uma grande (né?) repórter, minha pauta exigia conversar com pessoas que vivem desconfiadas por conta do caráter ilegal da atividade o comércio ambulante é proibido em toda a extensão da avenida citada e o comerciante está sujeito à punição ou à apreensão do seu material. Assim, minha missão foi um tanto difícil, mas não impossível. Com o meu caderninho tímido de estudante de jornalismo, fui à avenida sem medo. Contando apenas com a companhia da minha caneta Bic, tentei entrevistar, em vão, vários vendedores. O primeiro que abordei, um vendedor de falsos perfumes da Boticário, disse que as mercadorias não pertenciam a ele e apontou para o suposto dono, que devolveu a responsabilidade dos produtos para o outro cara. Logo desisti de ficar de "moleque de recado" e fui em busca de outras pessoas. Assim, encontrei uma mulher, identificada somente como Mônica, que vendia óculos de sol. Ela dizia não saber muito coisa sobre sua atividade, pois o dono mesmo era o marido. Por outro lado, Duda (tudo o que sei sobre ele), o marido, disse, de pronto, que não responderia nada. Dessa forma, ficou impossível conseguir alguma informação. Resolvi , portanto, conversar com outra vendedora de óculos metros adiante. Miriam foi bastante simpática e, junto com o seu marido, contou-me bastante coisa. Foi possível, inclusive, pegar o depoimento de uma cliente dela, que, na pechincha, levou um óculos da "Kevin Klain" por dez reais (custava 13). Enquanto conversava com esse casal, avistei um vendedor de DVDs piratas que acabava de montar seu tabuleiro, então, assim que terminei a entrevista na barraca dos óculos, fui conversar com ele. Sem qualquer simpatia, disse que estava ocupado. Insisti assim mesmo e, em seguida, arrependi-me. Na minha primeira pergunta, o cara mandou um: "Você não bota DVD, você bota brinquedo. DVD é ilegal". Fiz mais algumas perguntas e fui embora, claro. Não adiantava explicar, ele não me incitava a mentir. Segui adiante, meio cabisbaixa por não ter conseguido grandes coisas, eis que ouço "40 'nego-bom' é um real" e resolvo parar. Ainda titubeei, é verdade, mas não demorei a abordar a dona do bordão. Ela disse que conversaria comigo, mas que antes iria beber água. Fiquei esperando e quase fui embora por não acreditar que ela voltaria. Sempre desconfio dessas histórias de "vou ali e já volto". Ela demorou um pouco, mas manteve a palavra e voltou cheia de vontade de falar. Conversamos durante bastante tempo, o que me rendeu boas informações. Entre uma pergunta e outra, ela não deixava de gritar "40 'nego-bom' é um real". Quase que eu compro, mesmo sem gostar do doce. Em seguida, caminhei até o Shopping Boa Vista para encontrar as demais integrantes do grupo de reportagens sobre A Avenida Conde da Boa Vista. Elas tinham chegado há pouco tempo, mas logo se movimentaram para entrevistar as pessoas. Éramos quatro garotas, cada uma com uma pauta diferente sobre a mesma avenida. Eu resolvi dar uma parada na minha apuração, estava cansada, nem tinha almoçado. Então, fiquei, basicamente, acompanhando elas e tirando algumas fotos para a minha reportagem. Resolvi parar, contudo, quando avistei uns hippies vendendo brincos e afins. Recordei-me de um dia, ano passado, em que sentei, com uma amiga, para conversar com eles naquele mesmo lugar. Eles haviam sido bastante simpáticos naquela ocasião. Hoje, no entanto, meu papo não conquistou a simpatia deles. Ao dizer que estava fazendo uma reportagem sobre pessoas que realizam comércio naquela avenida, levei um super fora: "Então vá falar com eles ali, nós somos artesãos!". Tentei explicar um pouco, mas não cativei, só me restou ir embora mesmo. Desisti de vez de entrevistar mais gente e fiquei só acompanhando as demais integrantes do grupo. No cruzamento da Rua Sete de Setembro, demos uma parada, porque uma das meninas estava colhendo o depoimento de um taxista acerca da obra do Corredor Leste-Oeste. Assim, o resto do grupo ficou na esquina esperando, inclusive eu. Estávamos conversando e, de repente, ouço um grito. Sem que ninguém visse qualquer coisa, um sujeito furtou o colar (de prata) de uma das companheiras que estavam do meu lado. Foi tudo muito rápido, quando fui olhar, o cara já estava há mais de cinco metros de distância e as pessoas ao redor também não tinham entendido o que havia ocorrido. Um momento de tensão tomou conta do grupo. A garota furtada chorava de raiva e de tristeza, pois o colar era um presente da avó, enquanto as demais estavam assustadas. Vale citar que isso foi em frente a um posto policial, algo que, sinceramente, não me surpreende, mas não deixa de ser "irônico". Depois desse fato, metade do grupo resolveu ir embora e a outra metade ficou na avenida. Eu resolvi permanecer para entrevistar mais gente e fazer companhia para a outra integrante que não tinha conseguido apurar muita coisa. No fim das contas, não entrevistei mais ninguém. Metros e metros de caminhada e entrevistas deixaram-nos com fome. Resolvemos dar as atividades por encerradas e ir almoçar, já eram mais de 15h. Fomos ao shopping e dividimos uma pizza grande. Durante o almoço, conversamos bastante sobre questões extra-trabalho. O papo estava tão interessante que, distraídas, esquecemos de pagar a conta e saimos da praça de alimentação. Tempos depois, quando já estávamos indo embora, lembrei-me desse "detalhe" e voltamos para o restaurante. Ao chegar no lugar, percebemos o clima tenso. Os funcionários estavam reunidos e o gerente parecia discutir com a garçonete. Apressamos o passo e esclarecemos tudo. A expressão de felicidade da garçonete ao nos ver foi tão incrível. Os demais funcionários olhavam-nos com expressão de surpresa, como se dissessem "nossa! elas voltaram". Então, finalmente, pagamos a conta e fomos embora. Enfim. Vou dormir porque amanhã terei que enfrentar o sol do meio-dia na Avenida Conde da Boa Vista de novo.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Numa relax, numa tranqüila, numa boa*

A barriga da minha mãe estava apertada demais para mim, então resolvi sair do seu útero para espreguiçar-me num ambiente maior. Assim, há exatos vinte e um anos, minha mãe ingressava no hospital para me pôr no mundo.

*Trecho da música Guiné Bissau, Moçambique e Angola, de Tim Maia.

sábado, 31 de outubro de 2009

Nenhum

Que mal há em admirar mais o coração do que o rosto das pessoas?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Há controvérsias!

A edição (de aniversário) da revista Rolling Stones deste mês traz uma lista com as cem melhores músicas brasileiras. Surpreendi-me um pouco com o primeiríssimo lugar fisgado por Construção, de Chico Buarque e confesso que não esperava Anna Júlia (centésima posição), dos barbudos do Los Hermanos, na lista. Ao contrário do que se pode pensar com a notícia da minha surpresa, eu gosto bastante de Chico e, durante muito tempo, fui considerada uma "hermaníaca". Impressionei-me, contudo, por dois motivos: (1) não considero Construção a melhor música de Chico Buarque, tampouco a melhor do Brasil, e (2) dificilmente eu imaginaria em sã consciência que a canção que virou um tormento para a banda Los Hermanos figuraria numa lista assim. Contudo, não fiquei insatisfeita com o resultado. Zeca Camargo (sim, aquele do Fantástico), por outro lado, mostrou-se, em seu blog, bastante descontente com a relação proposta pela Rolling Stones. Para ele, as canções enumeradas na lista entram em completa incoerência com a linha editorial da revista, que segue uma postura mais "rock'n roll". Entendo a argumentação de Zeca, mas concordar com a lista dele é demais. Entre as trinta canções selecionadas, uma música de Kelly Key (!) na vigésima terceira posição: A loirinha, o playboy e o negão. A lista dele contempla algumas músicas realmente memoráveis Não quero dinheiro, Gita, Você não soube me amar, etc , mas também traz incoerência ou, até mesmo, loucura; afinal deixar qualquer canção de Marisa Monte, Chico Science e Caetanosó para citar alguns atrás de qualquer sucesso de Kelly Key soa como insanidade para mim. Julgamentos à parte, não tenho dúvidas de que qualquer lista ainda que seja realizada com a melhor das intenções comete injustiças e rende críticas. Talvez quem teve paciência de ler até aqui esteja esperando a MINHA lista; não a fiz, contudo, por um único motivo: preguiça de pensar nas centenas de milhares de músicas brasileiras boas para selecionar apenas algumas para um trabalhoso escalonamento. De qualquer forma, para não ficar a (falsa) impressão de que escrevi este post para falar mal de Zeca Camargo, devo encerrar dizendo que estou ouvindo, neste momento, uma canção que não deveria ficar de fora de nenhuma lista das melhores músicas brasileiras: Canto de Ossanha, de Baden Powell e Vinícius de Moraes.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

If I fell

Às vezes, este blog parece um confessionário, onde despejo meus sentimentos. Nessa tendência, devo confessar que, há algum tempo, tenho sentido certa preocupação com o que tenho carregado cá dentro. Volta e meia, tenho deparado-me comigo mesma rindo pelos cantos e sonhando acordada. E, não raro, tenho ouvido repetidas vezes algumas músicas de temática romântica e lembrado de alguém em todos os filmes aos quais assisti recentemente. Durante esses dias, andei relutando, sem querer acreditar no que pareço sentir. E ainda estou tentando me manter descrente acerca disso. Acho que esqueci como essas coisas desenvolvem-se e, de repente, parece que tudo está acontecendo pela primeira vez. É estranho, como se eu sentisse algo, mas não quisesse ou tivesse medo de sentir; por questões outras, do passado, ou por motivos do presente mesmo.

domingo, 25 de outubro de 2009

Caçulinha do papai

Levantei da mesa e chamei Bruno para passear comigo. Ele jogou-se nos meus braços, para que eu ajudasse-o a descer da cadeira. Assim, segurei firme a sua mão e disse "vamos?". Passo a passo percorremos todo o restaurante, observando cada detalhe do lugar e, volta e meia, rindo um para o outro. Pés gordinhos e dentes, que de tão pequenos, se escondem e só são perceptíveis nas grandes gargalhadas. Ele parecia meio bêbado, andava cambaleando, mas eu com zelo protegia-o do chão. Parávamos quando ele achava por bem paquerar um pouco as meninas do saguão, depois retomávamos a caminhada, atrapalhando os garçons e alegrando nosso pai pela nossa união. Já sabia que Bruno estava andando começou há alguns dias , mas ainda não tinha visto, nem tampouco passeado com ele, segurando a sua mãozinha. Tinha esquecido como tudo é especial e incrivelmente lindo quando se está ao lado de uma criança. No fim do dia, Bruno riu para mim o seu sorriso mais bonito, mostrando os seus dentinhos, que, de tão pequenos, são quase imperceptíveis.

sábado, 24 de outubro de 2009

O tom de Zé

Desconhecia a canção, mas certo dia há uns dois anos recebi um arquivo no MSN que continha um amigo cantarolando seus versos. Trata-se de , de Tom Zé, uma das músicas mais intrigantes na falta de um adjetivo melhor, vai esse mesmo que conheço e que me anima de forma impressionante. Recordo-me do quanto fiquei feliz ao ouvi-la em Fabricando Tom Zé. Por muito pouco não levanto da cadeira para ensaiar alguns passos. Enfim, para não confundir demais, escrevo sobre porque hoje cedinho me peguei balbuciando essa canção.

Um adendo: eu pego sotaque por osmose, por pouco não escrevo "DO Zé" e "DO Tom Zé".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Cumpleaños feliz

Dei-me conta da proximidade do meu aniversário e fiquei um tanto ansiosa. Quem me conhece sabe que não gosto do dia em que fico mais velha; não pela idade, mas porque é uma data em que, de certa forma, exigem sua felicidade e bom-humor. Assim, sinto-me desconfortável com essa obrigatoriedade. No mais, que venha o "meu dia".


"And in the end, the love you take is equal to the love you make"

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Poker

Madalena levantou-se do sofá com a mente embaralhada, mas não relutou para fechar os olhos e cair de novo no leito. Perguntou-se bastante sobre coisas que não têm respostas e, quando o sono passou, sorriu fingindo entender tudo.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

O que eu queria falar,

Nunca concordei com Caymmi quando ele dizia "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é", até porque ao contrário do que se pode pensar só comecei a ouvir samba em meados deste ano. Então, esses dias, atrevi-me a conversar com um metaleiro e foi verdadeiramente interessante. Sem medir palavras e disposta a ouvir (ler) de tudo um pouco de riff a power chord desfrutei do que eu mais gosto de fazer, conversar. E, inesperadamente, o que menos se falou foi sobre heavy metal, até sobre Novos Baianos falou-se mais. Entre os assuntos mais discutidos, a sétima arte incluindo o clássico O Poderoso Chefão e o novíssimo Bastardos Inglórios. É provável que isso seja inteligível para algumas pessoas, mas o clichê "inteligência é afrodisíaco" faz bastante sentido para mim; diálogo inteligente é algo que, de fato, desperta a minha atenção. Moral da história: diferentemente do cinema na vida, trilha sonora não é assim tão fundamental, basta saber pronunciar Beauvoir.

Mata ciliar

Brincando no Paint, pra variar.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Que tal um cineminha?

Mesmo com dezenas de páginas para ler, eu não tenho dispensado um cineminha à noite. Só esta semana que ainda está na metade , fui ao cinema duas vezes. Na última segunda-feira, assisti a A verdade nua e crua (The ugly truth) e ontem foi a vez do infantil Tá chovendo Hamburguer, (Cloudy with a Chance of Meatballs), ambos produções do cinema estadunidense. Além da coincidência no país de origem algo não muito improvável, tendo em vista a grande produção cinematográfica dos Estados Unidos , a temática dos filmes assemelha-se no tocante ao mote televisivo que ambos apresentam em seus roteiros.

Em A verdade nua e crua, a busca pela audiência leva a produtora Abby Richter (Katherine Heigl) a infringir seus princípios e aceitar as idéias malucas do apresentador Mike Alexander (Gerard Butler). Ele tem uma teoria bastante controversa acerca do mundo masculino, que, como sugere o poster do filme, está mais interessado em sexo e não liga para sentimentos. Mike é considerado, por Abby, um grande machista, mas com suas dicas "preciosas", ela conquista um verdadeiro gentleman e percebe que as teorias do apresentador fazem algum sentido.

O filme não surpreendentemente é repleto de clichês das "comédias românticas norte-americanas" e dos ensinamentos de livros de auto-ajuda, inclusive a impressão que se tem ao assisti-lo é de estar lendo algo como Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? E claro, o desfecho do longa-metragem não poderia ser mais óbvio. Com toda a carga de elementos negativos do filme, contudo, considero-o uma boa pedida para um fim de noite despretensioso, pois dispõe de certa graciosidade.

Acerca da proposta de Tá chovendo Hamburguer adaptação de livro infantil escrito pelos próprios roteiristas do filme, Judi Barret e Ron Barrett é possível tecer comentários mais positivos. Com produção da Sony Pictures, o filme estreou no último fim de semana e já lidera as bilheterias brasileiras, tendo, inclusive, superado o público de Up - altas aventuras, grande aposta dos estúdios Disney / Pixar para este ano.

Assinado por Phil Lord e Chris Miller, que também dirigiram Shrek Terceiro (Shrek the third), o longa conta a história do cientista bem intencionado Flint, capaz de fazer chover comida na sua cidade. Na tentativa de mudar a rotina dos moradores que, há anos, alimentam-se exclusivamente de sardinha, ele cria uma máquina para converter a água das nuvens em deliciosos lanches e guloseimas. A cidade inteira comemora a invenção de Flint, que passa a ser ícone do lugar e alvo dos interesses do ambicioso prefeito.

Com a mirabolante invenção, Flint fica a mercê dos desejos gastronômicos dos cidadãos, que exigem cada vez mais da máquina. A situação modifica o comportamento do clima e traz sérias conseqüências para a cidade. Tal fato atrai a cobertura da mídia, que no filme é representada pela (quase) jornalista Sam Sparks, estagiária de uma emissora de TV. Sam, à princípio vista como destrambelhada pelo âncora do telejornal, revela-se uma "nerd" que entende tudo sobre os fenômenos meteorológicos e a invenção de Flint; ou seja, alguém capaz de ajudá-lo na recuperação da normalidade do lugar. E, claro, ela é a mocinha da história por quem Flint vai nutrir certa paixão.

Mundo infantil à parte, uma visão atenta do filme revela um tom de crítica do roteiro à sociedade vigente que tendendo ao consumo exagerado e à exploração do Meio Ambiente sofre, hoje, com o aquecimento global e as suas conseqüências. Uma inteligente e bem sucedida metáfora da situação do mundo atual que soa como Uma verdade inconveniente destinado ao público infantil. Uma boa sugestão para o Dia das Crianças que se aproxima.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Brasil, esquentai vossos pandeiros

Hoje, ao ler o blog de um rapaz que estou conhecendo, lembrei-me de que não comentei nada sobre a escolha da sede das Olimpíadas de 2016. Então, resolvi pronunciar-me.

Na sexta pela manhã, eu estava em casa revisando um dos mil trabalhos que o mesmo professor faz questão de pedir toda semana. Do quarto do meu irmão (onde fica o computador), era impossível ignorar os gritos da televisão contando toda a expectativa para a vitória do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Algo realmente surreal, minutos e minutos dedicados exclusivamente àquela expectativa, que aquecia a cidade de Copenhague.

Foi esse clima olímpico que encontrei, horas depois, na faculdade, onde vários estudantes disputavam uma melhor posição no aglomerado de gente que se formou em torno de uma pequena televisão. Tanta gente, algo só comparado aos dias em que a seleção brasileira está em campo. Realmente incrível.

As chances do Brasil eram enormes, além de ter apresentado a campanha mais cara, o Rio de Janeiro disputava com cidades cujos países já foram sedes Chicago (Estados Unidos - 1904, 1932, 1984 e 1996), Tóquio (Japão - 1964) e Madri (Espanha - 1992). O fato da América do Sul nunca ter sido contemplada com uma Olimpíada também era um ponto a favor da cidade brasileira, que fez questão de destacá-lo com um mapa em que a disparidade da distribuição olímpica ficava latente.

Contra a campanha verde e amarela só havia o fato de que, dois anos antes das Olimpíadas, seremos sede da Copa de 2014. Como essa dobradinha não é inédita vide México (1968 e 1970), Alemanha (1972 e 1974) e Estados Unidos (1994 e 1996) —, a vitória brasileira foi confirmada.

Chicago perdeu na primeira rodada, com dezoito votos. A cidade mais votada foi Madri, com vinte e oito, seguida do Rio de Janeiro com vinte e seis. Na segunda rodada, a cidade carioca saiu na frente, com quarenta e seis votos, e foi a vez dos japoneses darem adeus ao sonho olímpico. A final foi vencida pelo Rio com expressiva margem de diferença, sessenta e seis votos contra trinta e dois para Madri.

A vitória brasileira foi marcada por grande festa na areia de Copacabana. Em Copenhague, a emoção com a escolha do Rio de Janeiro ficou latente nas lágrimas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rio 2016 entrou para o rol das conquistas do governo Lula, ou seja, mais uma para o discurso "Nunca na história desse país...".

Uma das preocupações com a escolha do Rio de Janeiro como cidade das Olimpíadas de 2016 somada à escolha do Brasil como sede da Copa dois anos antes é o alto investimento que país fará para custear todas as obras de instalações esportivas e de infra-estrutura que o Brasil não possui. Somente para a organização do evento olímpico estão previstos U$ 14,4 bilhões, o equivalente a R$ 25 bilhões. Por outro lado, Dilma Roussef ministra-chefe da Casa Civil, acalma (?) os brasileiros com "Vamos usar todos os recursos que o país tem. E temos muito, viu?".

Ainda que haja dinheiro, não podemos deixar de lado a preocupação com o orçamento, vide os Jogos Pan-Americanos de 2007. As irregularidades nas contas do Pan elevaram em 793% o orçamento previsto (R$ 409 milhões), em 2002, para o evento. Assim, a fiscalização dos investimentos para a Copa e as Olimpíadas deverá ser rígida para evitar o superfaturamento das obras.

Além da preocupação com os gastos que o Brasil fará nos próximos anos para custear esses eventos, resta uma inquietação com a realidade do país. Impossível não perceber a discrepância entre o comportamento dos brasileiros em relação a dois âmbitos: Esporte e Política.

Durante o período de eleição do Congresso e da Câmara Federais cujo resultado prático seria notório no dia seguinte, não em seis anos não houve coberturas extensas sobre a votação e o assunto não teve grandes repercussões nos jornais do dia seguinte, ao menos em Pernambuco. E, diferentemente do Rio 2016, não rendeu um caderno especial no Jornal do Commercio nem a capa da revista Veja, veículos que pude acompanhar na época.

Percebo, ao observar tudo isso, que não há nenhuma anomalia no pensamento do professor Dacier Barros quando afirma que a única instituição com a qual brasileiro identifica-se é o Esporte. Afinal, defende-se o time mesmo quando ele está na quarta divisão vide Santa Cruz ou na beira do rebaixamento, como Náutico e Sport.

Partidos e Política são assuntos menores, não merecem caderno específico nos jornais. Não dão audiência, nem vendem. É, talvez seja mais útil eu também deixar a Política de lado e dedicar-me ao Jornalismo Esportivo. Enfim, vou indo. Preciso aprender tudo sobre Badminton até 2016.

domingo, 4 de outubro de 2009

De coração

Desde cedo, discordo do verso "eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar". E por muitas vezes a vida provou-me que quantidade não significa muita coisa e que, às vezes, significa coisa alguma. Assim, cresci lendo as entrelinhas da vida. Nunca fui de contar namorados, mesmo porque não houve muitos, nem de achar que dinheiro é tudo. Lembro-me de que, quando eu era oitava série, um menino falou-me: não tenho melhor amigo, tenho amigos. Trouxe essa lembrança comigo e, desde então, não creditei esse título a nenhuma das minhas amizades para não ser injusta com nenhuma outra. Considero que existem pessoas com quem se divide certas afinidades e, provavelmente, em determinados momentos, elas estejam mais presentes; tal fato, contudo, não faz das outras menores. Podemos estar há quilômetros de distância ou sem contato há meses, mas sabemos nos reconhecer e carregamos a certeza de que temos pessoas em quem confiar. Ainda que poucas, sinceras.


Para Mayra Luna.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Vamos roubar a prova?

A notícia do adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) fez-me recordar de um episódio semelhante, com suas devidas proporções, que vivi na época do colégio.

Durante os anos em que cursei o ensino médio, não eram raros os comentários como "vamos roubar a prova?". A idéia, invariavelmente, era de autoria dos alunos que achavam impossível aprender as lições de exatas em tão pouco tempo, visto que só se dedicavam aos estudos dessas disciplinas no fim do ano letivo, quando a "prova final" era a última chance para não ser reprovado. Em suma, desperdiçava-se horas de estudo para arquitetar planos infalíveis de como roubar a prova sem ser descoberto.

No segundo ano do ensino médio, o plano saiu do papel e foi executado por alguns alunos. Assim como o indivíduo do ENEM, os estudantes também não obtiveram êxito. Na tentativa de conseguir a prova, eles deixaram a coordenação (onde as provas eram guardadas) bastante bagunçada, com papéis por todo o lado. Provavelmente, ao perceber a aproximação de alguém, jogaram tudo no chão e fugiram. Então, a prova foi anulada.

Ao chegar no colégio, percebi uma movimentação diferente e ouvi um burburinho a respeito do roubo. Passos adiante, recebi a notícia oficial: não haveria prova de Física naquele dia. Eu fiquei contente pelo fato de que teria outros dias para estudar e triste porque sonharia com a prova de Física por mais algumas noites. É que de tão ansiosa eu sonhava, religiosamente, com uma provável questão. Inclusive, o sonho recorrente concretizou-se na prova.

Bem, foi apenas uma recordação do tempo em que eu achava que sabia o que era estudar. No mais, desejo boa sorte aos vestibulandos e gostaria de tranqüilizar cada um com o famoso ditado: o que é seu está guardado.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sempre Gabriela

— [...] Está vendo como eu sou? (cara de insatisfação)
— Sim. E você queria ser como? (expressão de curiosidade)
— Assim mesmo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E eu já gostava dele

Essa xilogravura de J. Borges ilustrou o panfleto da campanha "A diversidade é legal", em favor da livre expressão da sexualidade.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Lição de omelete

Mais um diálogo daqueles que rendem aprendizado.

— Me conta uma coisa boa.
— Acho que abri um ovo podre, isso é uma coisa boa?
— Humm, acho que não, né?
— Eita, é não. Ele tá ok.

Captei a mensagem!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Inquietudes de hoje

Eu sei que o país está fervendo politicamente — vide Zelaya, Toffoli, TCU —, mas minhas crises existenciais merecem um espaço e a internet existe (também) para isso. Já dizia Pierre Lévy.

1) Não que eu seja a Metamorfose ambulante de Raul, mas tem dias em que a gente diz o oposto do que disse antes. Hoje, depois de ponderar muitas coisas que "aconteceram" nos últimos dias, cheguei à conclusão de que não penso como antes e de que não repetiria atitudes de outrora.

2) Nesta quarta-feira que está quase chegando ao fim, assisti a uma aula em que o professor mostrou-se completamente favorável à política de FHC, sobretudo em relação às privatizações. Questionado — por mim, inclusive — sobre os argumentos consistentes que são contra à essa prática política, ele disse que não há. Ao perceber minha inquietação, ele aconselhou-me a ler. Então, farei isso.

3) Dia 23 de setembro, além de ser o primeiro dia da primavera, é o Dia Nacional do Sorvete. Viva o Marketing. A frase de uma amiga ilustra bem o que fiz em relação a isso: Ah, se hoje não fosse o dia do sorvete, não estaríamos nessa sorveteria.

4) Por que Zelaya, lá de Honduras, vira capa do Jornal do Commercio e a eleição do Senado e da Câmara brasileiros não merece esse destaque?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Lucy in the sky with Sam

Fim de semana passado assisti a alguns filmes, todos bons, mas um realmente comoveu-me. I'm Sam (Uma Lição de Amor). Em cena, o mesmo Sean Penn digno do Oscar de melhor ator em 2008 pelo filme Milk - A voz da igualdade em parceria com uma garota adorável, Dakota Fanning, que recentemente esteve na telona com Crepúsculo. Ambos numa performace admirável, ele na pele de um pai com problemas mentais e ela no papel de uma filha suficientemente esperta para entender que nada é mais importante que o amor. De Kristine Johnson e Jessie Nelson, I'm Sam foi escrito e montado com muito bom gosto, do roteiro à trilha sonora — repleta de sucessos de The Beatles. O próprio nome da personagem interpretada por Dakota faz referência à banda, Lucy. O fime, lançado em 2001, se passa nos Estados Unidos e tem o clímax quando Lucy completa sete anos, superando a idade mental de Sam e passa a resistir ao aprendizado para não desapontar o pai. A partir de então, uma assistente social decide que a menina deve viver com uma família adotiva capaz de respaldá-la intelectualmente. A atriz Michelle Pfeiffer — interpretando a advogada Rita — entra em cena, neste momento, na defesa da dupla de pai e filha em grande sintonia, Sam e Lucy. O restante do filme mostra cenas emocionantes e provoca no expectador um grande debate em relação ao destino de Lucy. Vale muito a pena.

sábado, 19 de setembro de 2009

Lucros e dividendos

Arrumar o quarto tem sido uma atividade lucrativa. Hoje achei mais dinheiro enquanto dava aquela ajeitadinha na bagunça. No feriado do dia 7 de setembro, eu achei — entre Sobrados e Mucambos — seis reais; neste sábado descolei a mesma quantia. Bem, como, infelizmente, ainda não terminei a arrumação (sim, meu quarto está muito bagunçado), o consolo que fica é a esperança de desenrolar mais uma graninha.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Novas páginas

O PERIGO DA REVITIMIZAÇÃO NOS DEPOIMENTOS DE MENORES

Até o mês de junho, 377 casos de violência sexual contra menores foram registrados este ano pela Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), que recebe todos os dias dezenas de menores — vítimas e acusados. Acompanhada pela mãe, Alice (nome fictício), adolescente de treze anos, foi uma das primeiras depoentes a chegar na GPCA na última quinta-feira. Vítima, ela foi à delegacia denunciar o namorado da avó, que, há quatro meses, a abusa sexualmente.
Alice não contou a ninguém sobre as agressões sofridas. Segundo a psicóloga da Unidade de Apoio Técnico (UNIAT) da GPCA, Carolina Costa, é uma atitude normal na idade dela, pois crianças e adolescentes costumam manter a violência em segredo por três motivos: não têm noção da gravidade do que estão sofrendo; sentem-se culpadas e não vítimas da violência; têm medo contar a agressão e serem consideradas mentirosas. “A opinião da criança, em geral, é desvalorizada na sociedade, principalmente nas camadas sociais mais pobres”, explicou Carolina.

A mãe de Alice não desconfiava de nada até o dia em que atendeu uma ligação do padrasto no celular da filha e ouviu algo que a deixou apreensiva. A garota teve medo de contar o que estava acontecendo, mas falou o suficiente para que a mãe decidisse levá-la à delegacia para denunciar o agressor. “Eu não quis deixar isso impune não. Convenci ela a vir para a delegacia, que é o certo, independente de ser meu padrasto”, afirmou a mãe de Alice. “Eu estou agindo com ele como agiria com qualquer pessoa, não é porque ele é um conhecido que eu vou acobertar”, completou.

A história de Alice não é um caso isolado. O chefe da UNIAT da GPCA, José Rinaldo Carvalho, mostra dados estatísticos que apontam familiares e conhecidos como principais agressores, correspondendo a 82,5% de todos os crimes sexuais praticados contra menores de janeiro a junho deste ano. Por se tratar de um caso delicado, em que os depoentes são crianças e adolescentes e devido à proximidade da vítima com o agressor, as denúncias nem sempre chegam à delegacia e muitas vezes os crimes seguem impunes.Para refletir acerca de possibilidades de depoimento de crianças e adolescentes que evitem o risco de um novo constrangimento por parte das vítimas, um debate foi realizado em Brasília, no último mês de agosto. Numa parceria com a organização Childhood Brasil, a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) promoveu o 1º Simpósio Internacional Culturas e Práticas Não-Revitimizantes de Tomada de Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes em Processos Judiciais. Especialistas do mundo todo participaram do evento.

O colóquio é recente e seu resultado ainda não pode ser percebido; é possível notar, contudo, a consciência social de que o momento da denúncia não pode ser um novo constrangimento na vida da vítima. Nesse sentido, o projeto Depoimento Sem Danos (DSD) — implantado no Estado, em junho desde ano, pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco a partir de convênio com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República — é um avanço. Idealizado pelo juiz José Antonio Daltoé Cezar, da 2ª Vara de Infância e Juventude de Porto Alegre, o DSD tem como principal objetivo promover a proteção psicológica do menor que sofreu violência sexual, impedindo o seu contato com o acusado e a repetição de interrogatórios. Assim, a vítima é ouvida uma única vez em uma sala reservada, evitando o enfrentamento com o acusado e a presença de advogado de defesa ou do próprio juiz.

De acordo com o delegado da GPCA, Reginaldo Gregório, as iniciativas do DSD estão restritas à esfera judiciária. Carolina Costa, lamenta essa situação, “O primeiro lugar que [o Depoimento Sem Danos] deveria ser implantado era a delegacia, que é onde a vítima vai no dia da agressão. Quando o caso vai para a justiça, já faz um ano que ocorreu”. Assim — na tentativa de suprir a não-implementação do DSD —, a GPCA dispõe de seis profissionais capacitados da UNIAT responsáveis por ouvir os depoimentos das crianças e adolescentes e repassá-los, por meio de relatórios, para o delegado responsável, sem que as vítimas precisem repetir o relato e recordar da agressão. A defasagem nesse processo é o fato de que desses seis profissionais da GPCA, apenas a metade possui formação em Psicologia.

A FAMÍLIA COLCHETE
Outra medida do projeto Depoimento Sem Danos para evitar constrangimento das vítimas é a utilização, nas delegacias responsáveis, da Família Colchete, bonecos de pano que dispõe de região genital. Elaborada por agentes do Centro de Referência Interprofissional na Atenção às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência (Criar), a utilização da Família Colchete é recomendada durante o atendimento às crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual. De acordo com os psicólogos da Criar, esse procedimento concede à vítima a liberdade de explicar a agressão por meio de gestos realizados com os bonecos. Carolina Costa, psicóloga da Unidade de Apoio Técnico (UNIAT) da Gerência Policial da Criança e do Adolescente (GPCA) afirma que mesmo dispondo da Família Colchete, não costuma utilizá-la durante os depoimentos. Ela prefere o uso dos próprios bonecos de pelúcia que enfeitam as salas. “Não se sabe o nível de contato que a criança sofreu durante a agressão e de repente os bonecos da Família Colchete podem assustá-la”, afirmou.
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Gerência Policial da Criança e do Adolescente (GPCA)
Rua Benfica,1008 — Madalena — Recife, PE — CEP 50.720-001
Telefone: 3184.3582

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Lição de Hoje

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.
F. Nietzsche

Há quem sambe muito bem V

As festas no bairro Cacique de Ramos, realizadas durante a década de 1980, foram marcadas por samba de temática mais alegre e ritmo mais acelerado. Aos tradicionais instrumentos, adicionou-se repique, banjo e tantã. Esses encontros deram origem ao pagode, que, a princípio, designava as festas de samba. Beth Carvalho foi madrinha desse movimento que revelou o grupo Fundo de Quintal e o cantor Zeca Pagodinho. Aproveitando o sucesso desse movimento, a indústria fonográfica batizou de pagode todo som realizado por grupos pop que faziam uso de instrumentos de samba.

Na década seguinte, com a repercussão da música sertaneja e o surgimento do axé music, as músicas de bamba foram deixadas de lado, restringindo-se, praticamente, às canções de Zeca Pagodinho. A crítica à desvalorização do sambista pelas escolas de samba — mais interessadas na “espetacularização” do desfile — perdurou também durante esses anos e ainda reverbera nos dias de hoje.

O ressurgimento do samba na cena musical deu-se a partir de meados do ano 2000, com os shows de Teresa Cristina no bairro da Lapa. Inicialmente, possuía repertório composto por canções de músicos consagrados, como Candeia, hoje ela canta músicas próprias num estilo que não se restringiu ao que foi produzido na década de 1980, no Cacique de Ramos. Seguindo o caminho trilhado por Teresa Cristina, a potiguar Roberta Sá conquistou, em 2007, dois prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) — melhor álbum e melhor cantora — pelo seu segundo CD, Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria, que vendeu mais de cinqüenta mil cópias.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BARBOSA, Orestes. Samba: Sua história, seus poetas, seus músicos e seus cantores. 2. ed. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1978.
HISTÓRIA DO SAMBA. Editora Globo. Rio de Janeiro, 1998. 40 fascículos.
LOPES, Nei. Sambeabá: O samba que não se aprende na escola. 1. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra: Folha Seca, 2003.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena historia da musica popular: da modinha a lambada. 6. ed. São Paulo: Art, 1991.
O vil metal: O dinheiro na música popular brasileira in ANPOCS. Disponível em: http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_33/rbcs33_09.htm
Acessado em: 20/08/2009
Pequena história do samba in Geocities. Disponível em: http://br.geocities.com/biografiaschiado/HistoriaCuriosidades/HistoriadoSamba/Historiadosamba.htm
Acessado em: 25/08/2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Pão ou pães é questão de opiniães

Estávamos conversando no elevador quando um casal entrou e nos cumprimentou. Ficamos em silêncio por algum tempo, esperando as pessoas irem embora. Assim, o elevador parou no P2, eles se foram e nós continuamos a prosa. Aliás, puxei outro assunto antes de prosseguirmos com o anterior.

— Que fofo. Tu viu?
— Os convites, né?
— É, eles foram distribuir os convites de casamento deles.
— Rapaz, não sei se isso é fofo não.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Happy Birthday to you!

Em clima de festa, como sugere a foto acima, escrevo sobre este blog. Ainda me recordo o dia em que Gabriela disse toda empolgada que queria fazer um. Foi algum dia há dois anos atrás por msn. Ficamos trocando idéias e resolvemos dividir o mesmo. Hoje em dia, já não estou mais em atividade nele, resolvi fazer um para mim. Mas, em comemoração às 200 postagens dele, vou escrever sobre alguns dados inéditos.

Os acessos ao blog são contados desde 22 de julho desse ano, e desde lá, já são mais de 730, média de 16 acessos por dia, desde então. Gabriela não acredita nisso, mas é verdade! Abaixo, pode-se ver o número de visitas ao blog, por mês, e de qual país se está acessando.

Julho/2009

Agosto/2009

Setembro/2009

Como pode ser visto, quem mais visita o blog são os brasileiros. Mas, em todos os continentes, com exceção apenas da Oceania, todos marcam presença. Sendo depois dos brasileiros, os norte-americanos e os portugueses os mais assíduos. No mais, desejo que Gabi não pare de escrever sua histórias do dia-a-dia, e que o blog não pare de crescer. Que venham os próximos dois anos de existência e as próximas 200 publicações. Abraço!

Paintando

Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel...


*200ª postagem do blog.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Há quem sambe muito bem IV

Na década de 1950, houve o apogeu do samba-canção, sub-gênero do samba que surgiu ainda na década de 1920, com o sucesso de Linda flor (Ai, Ioiô), de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto. O samba-canção caracteriza-se pelo ritmo lento e cadenciado e pelas letras sentimentais e românticas. Cartola foi um dos compositores que se popularizou nessa época com composições como As rosas não falam e O mundo é um moinho. Conta-se que esta última foi composta na noite em que Cartola não dormiu após descobrir que sua filha, Creuza, prostituía-se.

Cartola foi um dos principais responsáveis pela fundação da Estação Primeira de Mangueira — uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro —, sendo o seu primeiro mestre de harmonia. A palavra definitiva na escolha do nome e das cores da escola foi de Cartola; Estação Primeira porque era a primeira estação de trem depois da Central do Brasil, onde havia samba; as cores verde e rosa teriam surgido de uma referência a um rancho em Laranjeiras.

Alguns compositores exacerbaram o sentimentalismo do samba-canção, como Maysa e Dolores Duran, que foram enquadradas, por muitos, no que se apelidou de “samba-fossa”. Com músicas caracterizadas pelo tom “dor de cotovelo”, elas fizeram sucesso durante a década de 1950.

Com da política internacional de Juscelino Kubitschek — que buscou o estreitamento das relações entre Brasil e Estados Unidos — o jazz passou a influenciar mais fortemente a música brasileira; dessa maior influência nasceu a Bossa Nova. Com a mistura de samba e jazz, criou-se um gênero novo que teve como berço o bairro carioca de Copacabana, mais particularmente o apartamento de Nara Leão. A proposta do que se chamava “Revolução João-gilbertiana” era tornar o samba mais adequado aos estúdios, substituindo todos os instrumentos de percussão pela bateria.

Durante a década de 1960, na tentativa de resgatar o samba do morro, houve um movimento de revalorização de compositores antigos e a volta do samba de partido alto. Antes caracterizados pelo improviso, os versos desse sub-gênero passaram a adquirir maior estabilidade — seguindo a tendência da indústria fonográfica — a partir das canções de Martinho da Vila. Nessa época, sucessos como Coração Leviano e Dança da Solidão foram compostos por Paulinho da Viola.

Considerada uma das maiores intérpretes do país, Clara Nunes surgiu na cena musical brasileira na década seguinte. Ela foi a primeira cantora do Brasil a vender mais de cem mil cópias de disco. Entre suas canções mais famosas, Canto das três raças. Nessa época, a indústria fonográfica comemorou também o lançamento do primeiro disco de Cartola, em 1974. Nessa época, um novo jeito de fazer samba surgiu a partir da combinação do samba tradicional com piano e arranjos românticos. A esse sub-gênero — produzido, principalmente, por Benito de Paula — deu-se o nome pejorativo de “samba-jóia”, já que os críticos musicais considerava-o cafona.

Os críticos passaram a questionar também o desempenho musical das escolas de samba no fim da década de 1970. A preocupação com a indumentária e com o espetáculo cresceu em detrimento do cuidado na elaboração do samba-enredo, que perdeu a importância de outrora e passou a ser parte integrante do desfile.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Há quem sambe muito bem III

Depois de 1917, com a gravação radiofônica e a posterior abertura do mercado para a música, compositores e interpretes passaram a ser consagrados. Entre eles, Pixinguinha, que desde os doze anos era considerado o maior flautista da cidade do Rio de Janeiro. Ele, que mais tarde liderou o grupo Oito Batutas, estudou teoria musical no Instituto Nacional de Música e, por isso, compunha de forma extremamente elaborada e bem construída, contrariando os que desprezam a música popular por considerá-la pobre. Além de flautista, Pixinguinha foi arranjador e saxofonista, entre suas composições mais famosas figuram Carinhoso — que não é samba, mas polca (estilo que teve origem na região da Boêmia) — e Lamentos.

Ao lado de Pixinguinha, ainda na década de 1920, não há como omitir a importância de Ismael Silva, responsável pela aceitação dos sambistas no ambiente fonográfico e um dos pais da já citada Deixa Falar. A escola, que surgiu no berço do samba carioca — o bairro do Estácio de Sá — durou pouco tempo e nem chegou a participar do primeiro desfile oficial das escolas de samba do Rio de Janeiro, organizado em 1932, mas, como Ismael, foi fundamental para a consolidação do samba.

A partir da década de 1930, o perseguido e discriminado samba passa a despertar o interesse da elite intelectual e passa a ser composto por jovens brancos e universitários, como Noel Rosa. Estudante de Medicina e morador da Vila Isabel, bairro carioca de classe média, Noel Rosa não demorou a interessar-se pelo samba. Durante a infância, aprendeu bandolim com a mãe e violão com o pai e poucos anos depois figurou entre os grandes sambistas do país. A tuberculose levou-o à morte ainda aos vinte e seis anos, mas não antes de compor canções antológicas, como Com Que Roupa. Atribui-se a composição dessa música ao fato de que a mãe de Noel escondia todas as roupas do filho para evitar que o ele fosse para a boêmia, já que estava doente.

Como Noel, Ary Barroso foi outro sambista que não teve origem nos morros e que freqüentou a universidade. Estudante de Direito e amante da boemia, logo foi reprovado e abandonou os estudos para dedicar-se ao samba. Em 1939, como muitos, compôs samba-exaltação para agradar à política do Estado Novo. A letra de Aquarela do Brasil tornou-se conhecida em todo o país e é cantada ainda hoje como hino nacional. É de Ary Barroso também a canção No Rancho Fundo que ficou, equivocadamente, estigmatizada como sertaneja após gravação da dupla Chitãozinho e Xororó.

sábado, 29 de agosto de 2009

Há quem sambe muito bem II

Nessa comunidade, os moradores costumavam transformar os quintais de suas casas em pontos de encontro para muita gente que, no intervalo do trabalho ou em período de desemprego, queria esquecer da saudade e lembrar das tradições musicais. Uma dessas casas pertencia à Hilária Batista de Almeida, Tia Ciata. Ela e muitas baianas fizeram da Praça Onze um reduto de sambistas e até hoje são lembradas nos desfiles das escolas de samba com a clássica ala das baianas.

Como disse Pixinguinha, no casarão de Tia Ciata “tocava-se choro na sala e samba no quintal”, isso porque, enquanto o primeiro era tolerado pela polícia, o segundo era tido como coisa de vagabundo. Muitos compositores deram o ar da graça na Rua Visconde de Itaúna e, não à toa, a música Pelo Telefone — considerada a primeira gravação de samba da História — teria sido composta no quintal de Tia Ciata, em 1917, pela dupla Donga e Mauro de Almeida. Atribui-se também a Sinhô — que compôs a canção Jura — a autoria dessa música, mas, apesar de mencionado na letra, ele não consta entre os compositores.

Fala-se que a exclusão de Sinhô da autoria de Pelo Telefone teria motivado seu afastamento do grupo que se reunia na casa de Tia Ciata e que a música Quem São Eles (“Não precisa pedir / Que eu vou dar / Dinheiro não tenho / Mas vou roubar”), composta em 1918, seria uma resposta a Donga.

Na primeira versão, proibida e não gravada, Pelo telefone mencionava a ordem, via telefone, de Aurelino Leal, chefe da polícia do Rio de Janeiro, para que os delegados acabassem com a jogatina nos clubes da cidade. A versão que se popularizou e foi registrada em 1917, contudo, é diferente. Nos primeiros versos ela satirizava o fato de que a polícia não fazia nada para dar fim à roleta.

Ainda hoje há não só polêmicas quanto ao fato de ser ou não Pelo Telefone o primeiro samba composto, mas também relativas à autoria da música. Naquela época, não havia preocupação autoral e, muitas vezes, a criação era coletiva e ficava anônima. O registro de Donga foi, por isso, contestado pelo grupo de sambistas que freqüentavam a casa de Tia Ciata, pois consideravam a criação de caráter coletivo, já que se tratava de um partido-alto, sub-gênero do samba em que todos improvisam os versos. Com o registro da canção na Biblioteca Nacional, Donga figurou-se como autor da primeira gravação radiofônica realizada no Brasil. Desse modo, como disse o antropólogo Ruben George Oliven, o samba surge sob o signo do dinheiro (o jogo da roleta), da tecnologia (o rádio) e do mercado (a questão da autoria).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Há quem sambe muito bem I

O samba nasceu da influência de ritmos africanos transplantados, sincretizados e adaptados para o Brasil, na época colonial com a chegada da mão-de-obra negra em nosso país.

A origem do termo “samba” não é um consenso. Muitos atribuem à junção das palavras de origem nagô San (pagar) e Gbá (receber); outros, como Mário de Andrade, apontam para a derivação do vocábulo zamba, tipo de dança encontrada na Espanha do século XVI; e também há quem diga que deriva de muçumba, uma espécie de chocalho.

É possível que essa discussão quanto à procedência do termo “samba” não esclareça muita coisa, então, vamos deixá-la a cabo dos etnomusicólogos. Considero relevante, de qualquer forma, salientar o que diz o escritor e sambista Nei Lopes sobre uso do vocábulo no país. De acordo com ele, no livro Sambeabá: O samba que não se aprende na escola, todas as danças e folguedos populares derivados do batuque africano eram, na época da colonização brasileira, designados como samba. Com o passar dos anos, no entanto, o termo passou a caracterizar o gênero musical que se tornou o símbolo da cultura do Brasil.

Definido pelo ritmo que apresenta, o samba possui compasso binário, com acompanhamento sincopado, e andamento que varia de moderado a rápido, sendo e executado, basicamente, por cinco instrumentos. O violão e o cavaquinho concedem harmonia e melodia ao som, e o ritmo fica por conta da percussão do pandeiro, do surdo e do tamborim. Esses dois últimos criados pelos sambistas da Deixa Falar, primeira escola de samba.

Com a ascensão da cultura cafeeira no Vale do Paraíba, a mão-de-obra escrava da Bahia foi transferida para a região sudeste, sobretudo para o Rio de Janeiro, então capital federal. Posteriormente, com a abolição da escravatura e a volta dos soldados em campanha na Guerra de Canudos, outras pessoas dirigiram-se à corte em busca de emprego. Essa população concentrou-se na zona portuária do Rio de Janeiro, onde havia demanda de trabalho braçal, e formou o que o músico Heitor dos Prazeres, mais tarde, chamou de Pequena África.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

RefletiNDO

Recebi muitas informações hoje. Umas burocráticas e outras sentimentais. Falarei primeiro das burocráticas porque vieram primeiro, porque escrevi muito sobre sentimentos esses últimos dias e porque não quero fazer deste post que está surgindo enquanto digito essa e essa outra e mais essa palavra um diário sentimental. Não que isso seja, necessariamente, ruim, mas não criei este blog (só) para isso. Enfim, à burocracia. Na tarde de hoje, aprendi um pouco mais sobre o mundo burocrático do lead. Nossa, nada mais burocrático (!). E repito "burocrático" de novo porque, também hoje, ouvi dizer que, para Marcuschi, não existem sinônimos. Então, se você pensa em uma palavra, use-a, pois é ela que você quer dizer e, assim, não poderá substituí-la. Espero que eu tenha compreendido bem o que escutei sobre Marcuschi Continuando. Como um sujeito pôde inventar algo tão... tão... tão burocrático?! Não sei. De qualquer forma, volta e meia pergunto-me se a inserção do lead nas redações não desgraçou o Jornalismo. Não tem tempo para ler o bê-a-bá? Então se contente com os vinte minutinhos do telejornal (!). Afinal, não facilitam a vida do jornalista, então por que cargas d'água ele vai facilitar a vida do leitor com pistas do que está por vir? Nossa! Hoje acordei meio radical. Existe essa no Orkut? Voltando (com gerúndio mesmo porque isso não é jornal) à burocracia... Aprendi, na aula, que começar um texto com "Na manhã de ontem" envelhece a notícia. Mermão, mas ela não já é velha mesmo? Que conversa de gente maluca (!). Preocupar-se com o "teria matado" ninguém se preocupa. É nessa horas que reflito se não deveria ser médica, como sugeriu Geraldo Freire. De qualquer forma, achei fantástico discutir, na mesma aula, como o uso de pequenas palavras num texto dizem muito. Dizer que a ex-secretaria da Receita Federal passou o dia no hotel é diferente de dizer que ela ficou confinada no mesmo hotel. Assim como dizer que o presidente não respondeu é diferente de dizer que ele desconversou. Claro como dois mais dois são quatro (matemática para os leigos, eu curto). Mais "fantástico" ainda foi ouvir gente falando "se ele desconversou, ele desconversou e ponto", como se essa palavra não tivesse uma conotação diferenciada e ardil. Assim caminha a humanidade, já dizia o "ilustre" Lulu Santos. Findada a burocracia. Que venha os sentimentos que afloram no coração dos apaixonados! (Haha) Num papo cabeça sobre o que eu era há quatro ou cinco anos e o que sou hoje, percebi que, como Lina, eu passei dias confinada. Quiçá (que palavra cult!) anos. Bem, nessa conversa reflexiva — que deveria ultrapassar quinze minutos, mas se estendeu por noventa e quatro — via msn, cheguei ao auge da minha criatividade: amar, desamar, desarmar e amar de novo. Profundo não? Talvez. De qualquer forma, minutos depois, refletindo sobre a minha "obra", pensei: Porra, por que diabos desamar? Ou seja, já não concordo com a minha criação. Que bom! Afinal, pra quê desamar? Ninguém pediu isso. Pediu? Então que o amor continue (!). Até porque... Quem disse que é possível desamar? E... quem disse que amor existe? Há quem duvide. Que papo de bêbado! Voltando ao raciocínio... Pode-se amar, ninguém proibiu isso. O que talvez não se possa é "efetivar" esse sentimento. Amar todo mundo pode. Decretei! E, como disse, certa vez, uma amiga, um amor não anula o outro e blá-blá-blá, mas isso já é assunto para outro post.