Hoje, ao ler o blog de um rapaz que estou conhecendo, lembrei-me de que não comentei nada sobre a escolha da sede das Olimpíadas de 2016. Então, resolvi pronunciar-me.
Na sexta pela manhã, eu estava em casa revisando um dos mil trabalhos que o mesmo professor faz questão de pedir toda semana. Do quarto do meu irmão (onde fica o computador), era impossível ignorar os gritos da televisão contando toda a expectativa para a vitória do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Algo realmente surreal, minutos e minutos dedicados exclusivamente àquela expectativa, que aquecia a cidade de Copenhague.
Foi esse clima olímpico que encontrei, horas depois, na faculdade, onde vários estudantes disputavam uma melhor posição no aglomerado de gente que se formou em torno de uma pequena televisão. Tanta gente, algo só comparado aos dias em que a seleção brasileira está em campo. Realmente incrível.
As chances do Brasil eram enormes, além de ter apresentado a campanha mais cara, o Rio de Janeiro disputava com cidades cujos países já foram sedes — Chicago (Estados Unidos - 1904, 1932, 1984 e 1996), Tóquio (Japão - 1964) e Madri (Espanha - 1992). O fato da América do Sul nunca ter sido contemplada com uma Olimpíada também era um ponto a favor da cidade brasileira, que fez questão de destacá-lo com um mapa em que a disparidade da distribuição olímpica ficava latente.
Contra a campanha verde e amarela só havia o fato de que, dois anos antes das Olimpíadas, seremos sede da Copa de 2014. Como essa dobradinha não é inédita — vide México (1968 e 1970), Alemanha (1972 e 1974) e Estados Unidos (1994 e 1996) —, a vitória brasileira foi confirmada.
Chicago perdeu na primeira rodada, com dezoito votos. A cidade mais votada foi Madri, com vinte e oito, seguida do Rio de Janeiro com vinte e seis. Na segunda rodada, a cidade carioca saiu na frente, com quarenta e seis votos, e foi a vez dos japoneses darem adeus ao sonho olímpico. A final foi vencida pelo Rio com expressiva margem de diferença, sessenta e seis votos contra trinta e dois para Madri.
A vitória brasileira foi marcada por grande festa na areia de Copacabana. Em Copenhague, a emoção com a escolha do Rio de Janeiro ficou latente nas lágrimas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rio 2016 entrou para o rol das conquistas do governo Lula, ou seja, mais uma para o discurso "Nunca na história desse país...".
Uma das preocupações com a escolha do Rio de Janeiro como cidade das Olimpíadas de 2016 — somada à escolha do Brasil como sede da Copa dois anos antes — é o alto investimento que país fará para custear todas as obras de instalações esportivas e de infra-estrutura que o Brasil não possui. Somente para a organização do evento olímpico estão previstos U$ 14,4 bilhões, o equivalente a R$ 25 bilhões. Por outro lado, Dilma Roussef — ministra-chefe da Casa Civil, — acalma (?) os brasileiros com "Vamos usar todos os recursos que o país tem. E temos muito, viu?".
Ainda que haja dinheiro, não podemos deixar de lado a preocupação com o orçamento, vide os Jogos Pan-Americanos de 2007. As irregularidades nas contas do Pan elevaram em 793% o orçamento previsto (R$ 409 milhões), em 2002, para o evento. Assim, a fiscalização dos investimentos para a Copa e as Olimpíadas deverá ser rígida para evitar o superfaturamento das obras.
Além da preocupação com os gastos que o Brasil fará nos próximos anos para custear esses eventos, resta uma inquietação com a realidade do país. Impossível não perceber a discrepância entre o comportamento dos brasileiros em relação a dois âmbitos: Esporte e Política.
Durante o período de eleição do Congresso e da Câmara Federais — cujo resultado prático seria notório no dia seguinte, não em seis anos — não houve coberturas extensas sobre a votação e o assunto não teve grandes repercussões nos jornais do dia seguinte, ao menos em Pernambuco. E, diferentemente do Rio 2016, não rendeu um caderno especial no Jornal do Commercio nem a capa da revista Veja, veículos que pude acompanhar na época.
Percebo, ao observar tudo isso, que não há nenhuma anomalia no pensamento do professor Dacier Barros quando afirma que a única instituição com a qual brasileiro identifica-se é o Esporte. Afinal, defende-se o time mesmo quando ele está na quarta divisão — vide Santa Cruz — ou na beira do rebaixamento, como Náutico e Sport.
Partidos e Política são assuntos menores, não merecem caderno específico nos jornais. Não dão audiência, nem vendem. É, talvez seja mais útil eu também deixar a Política de lado e dedicar-me ao Jornalismo Esportivo. Enfim, vou indo. Preciso aprender tudo sobre Badminton até 2016.
Na sexta pela manhã, eu estava em casa revisando um dos mil trabalhos que o mesmo professor faz questão de pedir toda semana. Do quarto do meu irmão (onde fica o computador), era impossível ignorar os gritos da televisão contando toda a expectativa para a vitória do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Algo realmente surreal, minutos e minutos dedicados exclusivamente àquela expectativa, que aquecia a cidade de Copenhague.
Foi esse clima olímpico que encontrei, horas depois, na faculdade, onde vários estudantes disputavam uma melhor posição no aglomerado de gente que se formou em torno de uma pequena televisão. Tanta gente, algo só comparado aos dias em que a seleção brasileira está em campo. Realmente incrível.
As chances do Brasil eram enormes, além de ter apresentado a campanha mais cara, o Rio de Janeiro disputava com cidades cujos países já foram sedes — Chicago (Estados Unidos - 1904, 1932, 1984 e 1996), Tóquio (Japão - 1964) e Madri (Espanha - 1992). O fato da América do Sul nunca ter sido contemplada com uma Olimpíada também era um ponto a favor da cidade brasileira, que fez questão de destacá-lo com um mapa em que a disparidade da distribuição olímpica ficava latente.
Contra a campanha verde e amarela só havia o fato de que, dois anos antes das Olimpíadas, seremos sede da Copa de 2014. Como essa dobradinha não é inédita — vide México (1968 e 1970), Alemanha (1972 e 1974) e Estados Unidos (1994 e 1996) —, a vitória brasileira foi confirmada.
Chicago perdeu na primeira rodada, com dezoito votos. A cidade mais votada foi Madri, com vinte e oito, seguida do Rio de Janeiro com vinte e seis. Na segunda rodada, a cidade carioca saiu na frente, com quarenta e seis votos, e foi a vez dos japoneses darem adeus ao sonho olímpico. A final foi vencida pelo Rio com expressiva margem de diferença, sessenta e seis votos contra trinta e dois para Madri.
A vitória brasileira foi marcada por grande festa na areia de Copacabana. Em Copenhague, a emoção com a escolha do Rio de Janeiro ficou latente nas lágrimas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rio 2016 entrou para o rol das conquistas do governo Lula, ou seja, mais uma para o discurso "Nunca na história desse país...".
Uma das preocupações com a escolha do Rio de Janeiro como cidade das Olimpíadas de 2016 — somada à escolha do Brasil como sede da Copa dois anos antes — é o alto investimento que país fará para custear todas as obras de instalações esportivas e de infra-estrutura que o Brasil não possui. Somente para a organização do evento olímpico estão previstos U$ 14,4 bilhões, o equivalente a R$ 25 bilhões. Por outro lado, Dilma Roussef — ministra-chefe da Casa Civil, — acalma (?) os brasileiros com "Vamos usar todos os recursos que o país tem. E temos muito, viu?".
Ainda que haja dinheiro, não podemos deixar de lado a preocupação com o orçamento, vide os Jogos Pan-Americanos de 2007. As irregularidades nas contas do Pan elevaram em 793% o orçamento previsto (R$ 409 milhões), em 2002, para o evento. Assim, a fiscalização dos investimentos para a Copa e as Olimpíadas deverá ser rígida para evitar o superfaturamento das obras.
Além da preocupação com os gastos que o Brasil fará nos próximos anos para custear esses eventos, resta uma inquietação com a realidade do país. Impossível não perceber a discrepância entre o comportamento dos brasileiros em relação a dois âmbitos: Esporte e Política.
Durante o período de eleição do Congresso e da Câmara Federais — cujo resultado prático seria notório no dia seguinte, não em seis anos — não houve coberturas extensas sobre a votação e o assunto não teve grandes repercussões nos jornais do dia seguinte, ao menos em Pernambuco. E, diferentemente do Rio 2016, não rendeu um caderno especial no Jornal do Commercio nem a capa da revista Veja, veículos que pude acompanhar na época.
Percebo, ao observar tudo isso, que não há nenhuma anomalia no pensamento do professor Dacier Barros quando afirma que a única instituição com a qual brasileiro identifica-se é o Esporte. Afinal, defende-se o time mesmo quando ele está na quarta divisão — vide Santa Cruz — ou na beira do rebaixamento, como Náutico e Sport.
Partidos e Política são assuntos menores, não merecem caderno específico nos jornais. Não dão audiência, nem vendem. É, talvez seja mais útil eu também deixar a Política de lado e dedicar-me ao Jornalismo Esportivo. Enfim, vou indo. Preciso aprender tudo sobre Badminton até 2016.
Um comentário:
Cada dia que passa eu fico mais assustado diante da arbitrariedade do estado.
O Brasil passando por graves crises no sistema público, enquanto a cidade maravilhosa recebe cerca de R$25 bilhões em investimentos para promover um falso potlach.
O estado, novamente, promovendo a desigualdade social.
Um ato inconstitucional sendo festejado, até mesmo, pelas vítimas do mesmo.
Como dizia Renato Russo, "Vamos celebrar!"
Parabéns à cidade maravilhosa...
Parabéns ao povo brasileiro!
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