segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Há quem sambe muito bem III

Depois de 1917, com a gravação radiofônica e a posterior abertura do mercado para a música, compositores e interpretes passaram a ser consagrados. Entre eles, Pixinguinha, que desde os doze anos era considerado o maior flautista da cidade do Rio de Janeiro. Ele, que mais tarde liderou o grupo Oito Batutas, estudou teoria musical no Instituto Nacional de Música e, por isso, compunha de forma extremamente elaborada e bem construída, contrariando os que desprezam a música popular por considerá-la pobre. Além de flautista, Pixinguinha foi arranjador e saxofonista, entre suas composições mais famosas figuram Carinhoso — que não é samba, mas polca (estilo que teve origem na região da Boêmia) — e Lamentos.

Ao lado de Pixinguinha, ainda na década de 1920, não há como omitir a importância de Ismael Silva, responsável pela aceitação dos sambistas no ambiente fonográfico e um dos pais da já citada Deixa Falar. A escola, que surgiu no berço do samba carioca — o bairro do Estácio de Sá — durou pouco tempo e nem chegou a participar do primeiro desfile oficial das escolas de samba do Rio de Janeiro, organizado em 1932, mas, como Ismael, foi fundamental para a consolidação do samba.

A partir da década de 1930, o perseguido e discriminado samba passa a despertar o interesse da elite intelectual e passa a ser composto por jovens brancos e universitários, como Noel Rosa. Estudante de Medicina e morador da Vila Isabel, bairro carioca de classe média, Noel Rosa não demorou a interessar-se pelo samba. Durante a infância, aprendeu bandolim com a mãe e violão com o pai e poucos anos depois figurou entre os grandes sambistas do país. A tuberculose levou-o à morte ainda aos vinte e seis anos, mas não antes de compor canções antológicas, como Com Que Roupa. Atribui-se a composição dessa música ao fato de que a mãe de Noel escondia todas as roupas do filho para evitar que o ele fosse para a boêmia, já que estava doente.

Como Noel, Ary Barroso foi outro sambista que não teve origem nos morros e que freqüentou a universidade. Estudante de Direito e amante da boemia, logo foi reprovado e abandonou os estudos para dedicar-se ao samba. Em 1939, como muitos, compôs samba-exaltação para agradar à política do Estado Novo. A letra de Aquarela do Brasil tornou-se conhecida em todo o país e é cantada ainda hoje como hino nacional. É de Ary Barroso também a canção No Rancho Fundo que ficou, equivocadamente, estigmatizada como sertaneja após gravação da dupla Chitãozinho e Xororó.

sábado, 29 de agosto de 2009

Há quem sambe muito bem II

Nessa comunidade, os moradores costumavam transformar os quintais de suas casas em pontos de encontro para muita gente que, no intervalo do trabalho ou em período de desemprego, queria esquecer da saudade e lembrar das tradições musicais. Uma dessas casas pertencia à Hilária Batista de Almeida, Tia Ciata. Ela e muitas baianas fizeram da Praça Onze um reduto de sambistas e até hoje são lembradas nos desfiles das escolas de samba com a clássica ala das baianas.

Como disse Pixinguinha, no casarão de Tia Ciata “tocava-se choro na sala e samba no quintal”, isso porque, enquanto o primeiro era tolerado pela polícia, o segundo era tido como coisa de vagabundo. Muitos compositores deram o ar da graça na Rua Visconde de Itaúna e, não à toa, a música Pelo Telefone — considerada a primeira gravação de samba da História — teria sido composta no quintal de Tia Ciata, em 1917, pela dupla Donga e Mauro de Almeida. Atribui-se também a Sinhô — que compôs a canção Jura — a autoria dessa música, mas, apesar de mencionado na letra, ele não consta entre os compositores.

Fala-se que a exclusão de Sinhô da autoria de Pelo Telefone teria motivado seu afastamento do grupo que se reunia na casa de Tia Ciata e que a música Quem São Eles (“Não precisa pedir / Que eu vou dar / Dinheiro não tenho / Mas vou roubar”), composta em 1918, seria uma resposta a Donga.

Na primeira versão, proibida e não gravada, Pelo telefone mencionava a ordem, via telefone, de Aurelino Leal, chefe da polícia do Rio de Janeiro, para que os delegados acabassem com a jogatina nos clubes da cidade. A versão que se popularizou e foi registrada em 1917, contudo, é diferente. Nos primeiros versos ela satirizava o fato de que a polícia não fazia nada para dar fim à roleta.

Ainda hoje há não só polêmicas quanto ao fato de ser ou não Pelo Telefone o primeiro samba composto, mas também relativas à autoria da música. Naquela época, não havia preocupação autoral e, muitas vezes, a criação era coletiva e ficava anônima. O registro de Donga foi, por isso, contestado pelo grupo de sambistas que freqüentavam a casa de Tia Ciata, pois consideravam a criação de caráter coletivo, já que se tratava de um partido-alto, sub-gênero do samba em que todos improvisam os versos. Com o registro da canção na Biblioteca Nacional, Donga figurou-se como autor da primeira gravação radiofônica realizada no Brasil. Desse modo, como disse o antropólogo Ruben George Oliven, o samba surge sob o signo do dinheiro (o jogo da roleta), da tecnologia (o rádio) e do mercado (a questão da autoria).

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Há quem sambe muito bem I

O samba nasceu da influência de ritmos africanos transplantados, sincretizados e adaptados para o Brasil, na época colonial com a chegada da mão-de-obra negra em nosso país.

A origem do termo “samba” não é um consenso. Muitos atribuem à junção das palavras de origem nagô San (pagar) e Gbá (receber); outros, como Mário de Andrade, apontam para a derivação do vocábulo zamba, tipo de dança encontrada na Espanha do século XVI; e também há quem diga que deriva de muçumba, uma espécie de chocalho.

É possível que essa discussão quanto à procedência do termo “samba” não esclareça muita coisa, então, vamos deixá-la a cabo dos etnomusicólogos. Considero relevante, de qualquer forma, salientar o que diz o escritor e sambista Nei Lopes sobre uso do vocábulo no país. De acordo com ele, no livro Sambeabá: O samba que não se aprende na escola, todas as danças e folguedos populares derivados do batuque africano eram, na época da colonização brasileira, designados como samba. Com o passar dos anos, no entanto, o termo passou a caracterizar o gênero musical que se tornou o símbolo da cultura do Brasil.

Definido pelo ritmo que apresenta, o samba possui compasso binário, com acompanhamento sincopado, e andamento que varia de moderado a rápido, sendo e executado, basicamente, por cinco instrumentos. O violão e o cavaquinho concedem harmonia e melodia ao som, e o ritmo fica por conta da percussão do pandeiro, do surdo e do tamborim. Esses dois últimos criados pelos sambistas da Deixa Falar, primeira escola de samba.

Com a ascensão da cultura cafeeira no Vale do Paraíba, a mão-de-obra escrava da Bahia foi transferida para a região sudeste, sobretudo para o Rio de Janeiro, então capital federal. Posteriormente, com a abolição da escravatura e a volta dos soldados em campanha na Guerra de Canudos, outras pessoas dirigiram-se à corte em busca de emprego. Essa população concentrou-se na zona portuária do Rio de Janeiro, onde havia demanda de trabalho braçal, e formou o que o músico Heitor dos Prazeres, mais tarde, chamou de Pequena África.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

RefletiNDO

Recebi muitas informações hoje. Umas burocráticas e outras sentimentais. Falarei primeiro das burocráticas porque vieram primeiro, porque escrevi muito sobre sentimentos esses últimos dias e porque não quero fazer deste post que está surgindo enquanto digito essa e essa outra e mais essa palavra um diário sentimental. Não que isso seja, necessariamente, ruim, mas não criei este blog (só) para isso. Enfim, à burocracia. Na tarde de hoje, aprendi um pouco mais sobre o mundo burocrático do lead. Nossa, nada mais burocrático (!). E repito "burocrático" de novo porque, também hoje, ouvi dizer que, para Marcuschi, não existem sinônimos. Então, se você pensa em uma palavra, use-a, pois é ela que você quer dizer e, assim, não poderá substituí-la. Espero que eu tenha compreendido bem o que escutei sobre Marcuschi Continuando. Como um sujeito pôde inventar algo tão... tão... tão burocrático?! Não sei. De qualquer forma, volta e meia pergunto-me se a inserção do lead nas redações não desgraçou o Jornalismo. Não tem tempo para ler o bê-a-bá? Então se contente com os vinte minutinhos do telejornal (!). Afinal, não facilitam a vida do jornalista, então por que cargas d'água ele vai facilitar a vida do leitor com pistas do que está por vir? Nossa! Hoje acordei meio radical. Existe essa no Orkut? Voltando (com gerúndio mesmo porque isso não é jornal) à burocracia... Aprendi, na aula, que começar um texto com "Na manhã de ontem" envelhece a notícia. Mermão, mas ela não já é velha mesmo? Que conversa de gente maluca (!). Preocupar-se com o "teria matado" ninguém se preocupa. É nessa horas que reflito se não deveria ser médica, como sugeriu Geraldo Freire. De qualquer forma, achei fantástico discutir, na mesma aula, como o uso de pequenas palavras num texto dizem muito. Dizer que a ex-secretaria da Receita Federal passou o dia no hotel é diferente de dizer que ela ficou confinada no mesmo hotel. Assim como dizer que o presidente não respondeu é diferente de dizer que ele desconversou. Claro como dois mais dois são quatro (matemática para os leigos, eu curto). Mais "fantástico" ainda foi ouvir gente falando "se ele desconversou, ele desconversou e ponto", como se essa palavra não tivesse uma conotação diferenciada e ardil. Assim caminha a humanidade, já dizia o "ilustre" Lulu Santos. Findada a burocracia. Que venha os sentimentos que afloram no coração dos apaixonados! (Haha) Num papo cabeça sobre o que eu era há quatro ou cinco anos e o que sou hoje, percebi que, como Lina, eu passei dias confinada. Quiçá (que palavra cult!) anos. Bem, nessa conversa reflexiva — que deveria ultrapassar quinze minutos, mas se estendeu por noventa e quatro — via msn, cheguei ao auge da minha criatividade: amar, desamar, desarmar e amar de novo. Profundo não? Talvez. De qualquer forma, minutos depois, refletindo sobre a minha "obra", pensei: Porra, por que diabos desamar? Ou seja, já não concordo com a minha criação. Que bom! Afinal, pra quê desamar? Ninguém pediu isso. Pediu? Então que o amor continue (!). Até porque... Quem disse que é possível desamar? E... quem disse que amor existe? Há quem duvide. Que papo de bêbado! Voltando ao raciocínio... Pode-se amar, ninguém proibiu isso. O que talvez não se possa é "efetivar" esse sentimento. Amar todo mundo pode. Decretei! E, como disse, certa vez, uma amiga, um amor não anula o outro e blá-blá-blá, mas isso já é assunto para outro post.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Otorrinolaringologistaeoutrahistória

Por falta de horário, programei-me, desde a semana passada, para faltar a aula de Método de Pesquisa em Comunicação 2 de hoje e ir ao Otorrinolaringologista. Bem, tudo começou há alguns dias com um inchaço inexplicável na garganta. Digo "inexplicável" porque não dói nem incomoda. Na clínica, esperei mais de três horas para ser atendida. Entre um acesso de tédio e outro, vi a entrada triunfal de renomado radialista pernambucano no recinto. Reconheci a figura logo de primeira, apesar de seu semblante não ter a fama que tem a sua voz, mas esperei ele dizer o nome à recepcionista para confirmar minha suposição. Eis que ele disse "Geraldo Freire", então tive certeza. Confesso que fiquei irrequieta com a presença dele tão perto de mim, não por tietagem — de jeito nenhum —, mas porque eu queria ir lá “trocar uma idéia” com ele. E fui. Conversamos alguns minutos, ele foi super simpático e respondeu com atenção às minhas perguntas. Quando disse que sou estudante de Jornalismo, ele, abismado, falou “Como você estuda isso?!” e sugeriu que eu fizesse medicina ou qualquer outro curso que possibilitasse a minha presença naquela clínica, não como paciente, mas como doutora. Entre as coisas ditas por ele, algumas chamaram a minha atenção, como o fato dele usar o termo “formadores de opinião”. Assim, eu discordo do uso desse título e considero presunçoso e prejudicial demais, sobretudo para a sociedade, achar que o jornalista tem essa função e tamanho poder. Posteriormente, ele foi chamado pelo próprio médico para consultar-se; enquanto isso, eu fiquei mais um tempo “mofando” entre uma Caras e outra. Muitos minutos depois, o médico atendeu-me. Após examinar-me, ele — famoso otorrinolaringologista — pareceu não entender muito bem o que se passa comigo e, por isso, não fez um diagnóstico preciso. Receitou dois remédios — um antibiótico e um anti-inflamatório — e disse que eu deveria voltar lá na próxima semana para ser examinada novamente. Ele alertou, contudo, que se a medicação não fizer efeito, é provável que eu precise fazer uma amigdalectomia, ou seja, uma cirurgia para retirada das amígdalas. Na hora, com a minha ignorância, pensei: nossa, minha voz vai mudar, nunca vou poder ser como Geraldo Freire! Posteriormente, o médico explicou-me que não tem nada a ver e que é uma cirurgia comum, sem grandes problemas. Na dúvida, estou torcendo para que os remédios resolvam. Torçam por mim.

Dor latejada

Não quero cultivar, mas pontuar o que estou sentindo neste momento. É uma dor que, infelizmente, não cessa com morfina e dói demais. Talvez uma canção de Chico Buarque explique melhor o sentimento.

E os olhos marejados já molham o rosto.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Refletindo

Contaram-me uma história mais ou menos assim:

Pessoa A — Ei, boy, me dá esse cachorro-quente. Tô com fome.
Pessoa B — Hum. Tá bem, toma.
Pessoa A — Eita, deixa, quero não. Tem catchup e maionese e eu não gosto não.

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Personagens:
Pessoa A - Menino de rua
Pessoa B - Estudante de escola particular

domingo, 9 de agosto de 2009

Me ensina a fazer canção com você

Fim de semana passado, tive uma experiência incrível (!). Quem me conhece há mais tempo sabe do meu interesse por instrumentos de corda e, certamente, já deve ter ouvido algo sobre a minha vontade de aprender a tocar violão, violino, cavaquinho ou bandolim. Tudo começou com o desejo de ser uma violonista, mas como me sentia desconfortável com o tamanho do instrumento, bem além dos meus abraços, hesitei aprender a tocá-lo. Eis que desviei meus olhares para o violino, vendo nele uma solução para os meus braços curtos, ao mesmo tempo em que me encantava a sua aparência doce. Toda a história clássica deste instrumento, contudo, não me deixava muito à vontade ao imaginar os sons que gostaria de compartilhar com ele. Sentia-me como se quisesse dançar valsa em ritmo de forró. Assim, pensei em enveredar-me pelas raízes do samba e achei por bem tocar cavaquinho. E já me imaginava na mesma pose de Marisa Monte em uma foto com o instrumento (Haha). Bem, acabei na dúvida entre este e o bandolim, cujo som do choro encantava-me. Durante certo tempo, o segundo dominou a minha preferência e estava certa de que ele seria, finalmente, o meu melhor amigo. Ledo engano. No fim de semana passado, tive algumas "aulas" de violão e tudo o que eu pensei durante anos caiu por terra: o violão não é tão grande assim. Apaixonei-me. Bem, não sei se foi o momento, o “método” do professor ou ambos, mas, pela primeira vez, consegui segurar direito o violão e até extrair alguns acordes. Sim, fiz, a princípio, com que as cordas vibrassem um lindo LÁ (A), um esquisito RÉ (D), um simpático MI (E). Posteriormente, num lapso entre um RÉ e outro, descobri o SI BEMOL DIMINUTA COM GRAVE EM LÁ (Bbº/A). É provável que um outro professor simplesmente apontasse o erro e não me felicitasse com a descoberta. Isso, talvez, contribuísse para a realização efetiva do RÉ, mas, certamente, suprimiria o estímulo à criação e não teria tornado possível todo o ensinamento sobre os meio-tons — bemol e sustenido. Descobri, ainda, que "traste" não é dos piores xingamentos e que os dedos nem doem tanto quanto eu pensava e quanto doíam anteriormente. Conforme o meu desempenho com as cordas evoluía, novos acordes eram ensinados. Assim, com mais um ou dois dias de “aulas”, eu estava compondo uma canção (com letra!) formada por MI (E) e MI MENOR (Em). E tive a oportunidade de conhecer o RÉ COM SÉTIMA AUMENTADA (D7M), bem mais divertido do que o RÉ MAIOR. O violão possibilitou um passeio, realmente, rico pelos ensinamentos da Teoria Musical, rendendo grandes lições. Agora, quando eu ouvir falar sobre tempo de uma música, não vou mais pensar somente nos minutos e segundos de sua duração, mas também na lógica da batida que ela possui — se é binária, terciária ou quaternária. Foram dias de grande aprendizado e eu, realmente, não imaginava que fosse possível uma evolução tão rápida. Bem, de tudo o que aprendi, solfejar ainda me parece uma missão complicada e até engraçada, mas prometo que vou treinar. Que venha o violão.


Um grande beijo para o professor.

sábado, 8 de agosto de 2009

Não poderia ser outra coisa

Começo de período todo mundo fica assíduo na xerox do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e sai correndo no final da aula para garantir lugar na fila, que nesta época do ano é enorme. Pois bem, como toda boa aluna que promete, no fim do período anterior, ler todos os textos do período seguinte, gastei meus tostões no primeiro capítulo de Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda. Bem, o professor da cadeira intitulada Realidade Sócio-econômica-política-cultural Brasileira (quase perco o fôlego!), Dacier Barros, já garantiu que essas aulas tendem a ser bem mais instigantes que os silenciosos debates unilaterais da disciplina de Ciência Política, que mediou no semestre passado. Ao que tudo indica, será mesmo, afinal, como o próprio nome diz, trata-se da Realidade [...] Brasileira e se os (futuros) jornalistas não se interessarem por ela, Triste Fim de Policarpo Quaresma (!). Também como reza a cartilha dos primeiros dias de aula, li o texto antes do professor iniciar o assunto e, óbvio, pude compreendê-lo muito melhor. Hoje, contudo, extrapolei as promessas de começo de período e acordei cedo (fato relevante, afinal eu SEMPRE hiberno e, principalmente, porque hoje é sábado) para estudar. É verdade que não faço isso desde os tempos do vestibular e, assim, não é impossível a comparação do vestibulando com o "trabalhador aventureiro", realizada por Dacier. De qualquer forma, vim até aqui — aproveitando o intervalo entre um capítulo e outro — para escrever algumas linhas que li no prefácio do livro supracitado. As palavras são de Antonio Candido (sim, sem acentos) e remontaram-me às saudosas (por que não saudosíssimas?) aulas de História do Brasil ministradas professor José Carlos da Mata no colégio NAP. Incrível como, invariavelmente, lembro-me desse professor quando leio sobre o Brasil; seja em livro de Manuel Correia de Andrade, de Gilberto Freyre ou no prefácio de Raízes do Brasil, escrito por Antonio Candido (!). E tenho certeza de que a leitura desse clássico de Sérgio Buarque de Holanda trará, muitas vezes, a figura de Senhor Wilson (Da mata é muito igual ao velhinho do desenho Dennis, o pimentinha) à minha memória. Voltando ao que interessa (?), lá vai um pouco do significado de Raízes do Brasil, que remonta às aulas de História porque esta ciência, na MINHA opinião, tem muito do que Candido escreveu.
Uma das forças de Raízes do Brasil foi ter demonstrado como o estudo do passado, longe de ser operação saudosista, modo de legitimar as estruturas vigentes, ou simples verificação, pode ser uma arma para abrir caminho aos grandes movimentos democráticos integrais, isto é, os que contam com a iniciativa do povo trabalhador e não o confinam ao papel de massa de manobra, como é uso. [A. Candido, 1986]

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nota sobre John Hughes

Muitos devem estar se perguntando: Quem é esse? Pois é, suas obras são mais famosas do que seu próprio nome. Ele foi o diretor dos filmes, “Clube dos Cinco”, “Curtindo a Vida Adoidado” – que foi alvo de postagem neste blog – e, como produtor e roteirista, do longa “Esqueceram de Mim I e II”. Quem não se lembra desses filmes, principalmente, os três últimos? Enfim, a nota é para dizer que hoje, 06 de agosto, ele faleceu, vítima de um infarto em Nova Iorque aos 59 anos. O idealizador de filmes que estão em nossas memórias de infância se foi, entretanto, suas obras serão eternas.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Boas cenas, belas músicas

Hoje, como é terça-feira, é dia de mais um: “Boas cenas, belas músicas”. Dessa vez, o filme escolhido é “Volver (2006)”, do cineasta espanhol, Pedro Almodóvar. Em minha opinião, esta película está longe de ser uma das suas melhores. Bem antes do fim da história, qualquer pessoa, que ficou minimamente atenta à narração, percebe qual é o mistério e qual será o desfecho do longa. Mas mesmo assim, é sempre interessante observar o emaranhado de relações pessoais, e como as histórias de vida, inicialmente, distantes, tornam-se tão próximas aos espectadores, fazendo sentido na trama. E isso, ele faz como ninguém, além de abusar de cores sempre fortes em seus cenários, exaltando o calor latino, do qual nos identificamos logo de cara, mas tudo isso, ele faz sem cansar, nem deixar pesado o entendimento do seu argumento.

Outros temas referentes ao filme poderiam ser levados à tona aqui, mas esse não é o nosso objetivo. Nossa meta é mostrar uma cena que achei bem legal, e que vocês podem ver a seguir. Nela, minha bela Penelópe Cruz interpreta a música de nome que batiza o filme, “Volver”. Falando na canção que por sinal já é belíssima, torna-se mais admirável com a desenvoltura dela que teve seu nome indicado ao Oscar de melhor atriz por essa película. Enfim, pela beleza da música, a leveza de sempre que caracteriza os filmes almodovarianos e a interpretação da Penelópe, essa é a nossa segunda “Boa cena, bela música”.

domingo, 2 de agosto de 2009

Filmes que quero assistir

Na verdade trata-se de três filmes e um documentário. Dos filmes, um já foi lançado, e os outros dois, só no segundo semestre, enquanto que o documentário já não é mais novidade. Falo um pouco sobre eles a seguir.

Documentário:

1. Kurt Cobain - Retrato de uma Ausência. Esse é um documentário elaborado a partir de uma montagem de uma série de entrevistas concedidas pelo músico ao Michael Azerrad.
Informações: Dizem que vendo esse filme muitas coisas sobre a vida do cara começam a fazer sentido. Até porque, é ele, falando dele mesmo! Para os modistas, nem se empolguem, o filme não traz imagens ou shows do Kurt Cobain. Como disse, o filme é uma coletânea de entrevistas, e as imagens são dos lugares citados pelo cantor, ou de paisagens aleatórias.
Direção: AJ Schnack
Nacionalidade: Estados Unidos (2006)

Filmes:

2. Control. Esse mostra a vida do cantor da extinta banda Joy Division, Ian Curtis.
Informações: O filme é em preto e branco e não tem nada a ver com essa história clichê de “sexo, drogas e rock’n’roll”. Quero só ver isso! No mais, tenta conectar a antiga banda “Joy Division” com a criação da banda “New Order”, formada após o término dessa primeira.
Direção: Anton Corbijn
Nacionalidade: Estados Unidos/Inglaterra (2007)
Prêmios: Em Cannes, entre outros prêmios, levou o de melhor filme europeu.

3. Los Abrazos Rotos. Esse não importa nem o enredo, basta saber que é um filme com a marca Almodóvar. Além disso, ainda tem no elenco minha sétima colocada, Penelópe Cruz. Isso basta! O filme estréia por aqui em 20/11/2009.
Informações: Já recebeu boas críticas dos especialistas. Mesmo que não tivesse sido recomendado, que se danem os especialistas!
Nacionalidade: Espanha

4. Paciente 67. Esse é o novo filme do Martin Scorsese. Espero que não seja algo estilo, “A Rocha”. Além disso, o filme é com o pupilo do diretor, Leonardo diCaprio. Mas vamos esperar para conferir. Pelo que li sobre o argumento do filme, ele envolve investigação e uma foragida de um hospital psiquiátrico, e sobre isso, Scorsese entende bem.
Informações: É esperar para ver. Está pelas telas brasileiras em 09/10/2009.
Nacionalidade: Estados Unidos

Se alguém que ler os post tiver alguma sugestão de filmes, documentários ou afins, pode ficar à vontade para indicá-los.