sexta-feira, 16 de março de 2012

Jantar português

Portugueses são maníacos por jantar. Tudo é motivo para cozinhar para os amigos e beber com eles, principalmente. Ontem, fui iniciada nessa tradição! Única brasileira num grupo de 17 jovens portugas, aprendi algumas coisas não tão nobres sobre a cultura lusitana. Por exemplo, quem disse que somente no Brasil se inspira, respira e expira sexo?! O brinde das meninas de cá é o mesmo que, volta e meia, se ouve abaixo da linha do Equador:

"A nós, a eles e a nós em cima deles!"

Tudo sem nenhum constrangimento. Afinal, por baixo daquela capa de Harry Potter, existem garotas (ou devo dizer 'raparigas'?) tão divertidas quanto no Brasil. E, levemente ébrias, elas se soltam mesmo e bebem com muita animação. Inclusive, mais do que costumo observar do lado de lá do Atlântico, aqui são elas que propõem o pênalti (Hã?). É que, antes de tentar esvaziar o copo de uma só vez, os português não gritam "Vira, vira, vira" ou, como dizem alguns amigos, "al-ça-pão!". Em Portugal, beber até o fim é isso, "fazer um pênalti". E o ritual é iniciado com uma musiquinha engraçada:

"Se (fulano) quer ser cá da Malta, tem que beber esse copo até o fim, até o fim. E vai acima e vai abaixo e vai ao centro. E vai a dentro e vai a dentro e vai a dentro."

Achei um vídeo que mostra mais ou menos como é:


O "cá da Malta" é equivalente ao nosso "ser da galera". E as meninas ainda costumam gritar "Sexo!" em seguida do "vai ao centro". Eles se divertem bastante cantarolando e vendo cada um dos amigos da mesa fazer o pênalti (Não fiz desfeita). O curioso é que eles fazem isso bebendo algo semelhante ao "suco gummy", mas usam vinho branco em vez de vodca.

Depois do jantar, que termina por volta de meia-noite, é hora de sair para dançar. Todos vão em busca da melhor discoteca - e não 'boate', palavra que eles costumam associar a bordel. E o resto da noite fica por conta das sangrias ou dos finos (chopes), ao custo de, no máximo, 1 .

quinta-feira, 8 de março de 2012

Um mês de saudade

Parece que foi ontem Gabriela chorando tanto com medo do desconhecido que encontraria cá em Portugal. Agora já começa a ficar com medo das lágrimas na despedida desta terra. Cada dia mais é um a menos, afinal. Num instante, ela se apegou ao que descobriu do outro lado do Atlântico. Quem diria?! E confessa que tudo começou a ficar bom mesmo depois do batismo de absinto com licor pêssego.



segunda-feira, 5 de março de 2012

Dentes fortes e sem cárie

Para além da fama de não serem muito afeitos a banhos, o que se pode justificar com o frio (sobretudo no inverno), os europeus parecem se destacar por outra característica no hall da higiene: economizar a escova de dentes. Ao menos foi o que destacou uma mineira residente em Portugal há pouco mais de sete anos. Ela entrou em um dos banheiro da Universidade de Coimbra assim que comecei a escovar os dentes e, de pronto, perguntou: "Você é brasileira, né?" Confesso que a descoberta dela não é exatamente incrível, mas fiquei curiosa para saber quais os indícios para esta conclusão, até porque eu ainda não estava certa da sua brasilidade. Ela disse que o fato de escovar os dentes me denunciou. É bem verdade que, ao longo desse primeiro mês em terras portuguesas, não vi ninguém (!) fazendo o mesmo, mas podia ser apenas coincidência. Em seguida, ela também começou a escovar os dentes. Não sei se é cultural, se eles têm vergonha de escovar os dentes em público nem se eles acham esquisito quem o faz. Mas tenho que admitir que, ainda assim, o sorriso deles é Colgate.