quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sempre Gabriela

— [...] Está vendo como eu sou? (cara de insatisfação)
— Sim. E você queria ser como? (expressão de curiosidade)
— Assim mesmo.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

E eu já gostava dele

Essa xilogravura de J. Borges ilustrou o panfleto da campanha "A diversidade é legal", em favor da livre expressão da sexualidade.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Lição de omelete

Mais um diálogo daqueles que rendem aprendizado.

— Me conta uma coisa boa.
— Acho que abri um ovo podre, isso é uma coisa boa?
— Humm, acho que não, né?
— Eita, é não. Ele tá ok.

Captei a mensagem!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Inquietudes de hoje

Eu sei que o país está fervendo politicamente — vide Zelaya, Toffoli, TCU —, mas minhas crises existenciais merecem um espaço e a internet existe (também) para isso. Já dizia Pierre Lévy.

1) Não que eu seja a Metamorfose ambulante de Raul, mas tem dias em que a gente diz o oposto do que disse antes. Hoje, depois de ponderar muitas coisas que "aconteceram" nos últimos dias, cheguei à conclusão de que não penso como antes e de que não repetiria atitudes de outrora.

2) Nesta quarta-feira que está quase chegando ao fim, assisti a uma aula em que o professor mostrou-se completamente favorável à política de FHC, sobretudo em relação às privatizações. Questionado — por mim, inclusive — sobre os argumentos consistentes que são contra à essa prática política, ele disse que não há. Ao perceber minha inquietação, ele aconselhou-me a ler. Então, farei isso.

3) Dia 23 de setembro, além de ser o primeiro dia da primavera, é o Dia Nacional do Sorvete. Viva o Marketing. A frase de uma amiga ilustra bem o que fiz em relação a isso: Ah, se hoje não fosse o dia do sorvete, não estaríamos nessa sorveteria.

4) Por que Zelaya, lá de Honduras, vira capa do Jornal do Commercio e a eleição do Senado e da Câmara brasileiros não merece esse destaque?

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Lucy in the sky with Sam

Fim de semana passado assisti a alguns filmes, todos bons, mas um realmente comoveu-me. I'm Sam (Uma Lição de Amor). Em cena, o mesmo Sean Penn digno do Oscar de melhor ator em 2008 pelo filme Milk - A voz da igualdade em parceria com uma garota adorável, Dakota Fanning, que recentemente esteve na telona com Crepúsculo. Ambos numa performace admirável, ele na pele de um pai com problemas mentais e ela no papel de uma filha suficientemente esperta para entender que nada é mais importante que o amor. De Kristine Johnson e Jessie Nelson, I'm Sam foi escrito e montado com muito bom gosto, do roteiro à trilha sonora — repleta de sucessos de The Beatles. O próprio nome da personagem interpretada por Dakota faz referência à banda, Lucy. O fime, lançado em 2001, se passa nos Estados Unidos e tem o clímax quando Lucy completa sete anos, superando a idade mental de Sam e passa a resistir ao aprendizado para não desapontar o pai. A partir de então, uma assistente social decide que a menina deve viver com uma família adotiva capaz de respaldá-la intelectualmente. A atriz Michelle Pfeiffer — interpretando a advogada Rita — entra em cena, neste momento, na defesa da dupla de pai e filha em grande sintonia, Sam e Lucy. O restante do filme mostra cenas emocionantes e provoca no expectador um grande debate em relação ao destino de Lucy. Vale muito a pena.

sábado, 19 de setembro de 2009

Lucros e dividendos

Arrumar o quarto tem sido uma atividade lucrativa. Hoje achei mais dinheiro enquanto dava aquela ajeitadinha na bagunça. No feriado do dia 7 de setembro, eu achei — entre Sobrados e Mucambos — seis reais; neste sábado descolei a mesma quantia. Bem, como, infelizmente, ainda não terminei a arrumação (sim, meu quarto está muito bagunçado), o consolo que fica é a esperança de desenrolar mais uma graninha.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Novas páginas

O PERIGO DA REVITIMIZAÇÃO NOS DEPOIMENTOS DE MENORES

Até o mês de junho, 377 casos de violência sexual contra menores foram registrados este ano pela Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA), que recebe todos os dias dezenas de menores — vítimas e acusados. Acompanhada pela mãe, Alice (nome fictício), adolescente de treze anos, foi uma das primeiras depoentes a chegar na GPCA na última quinta-feira. Vítima, ela foi à delegacia denunciar o namorado da avó, que, há quatro meses, a abusa sexualmente.
Alice não contou a ninguém sobre as agressões sofridas. Segundo a psicóloga da Unidade de Apoio Técnico (UNIAT) da GPCA, Carolina Costa, é uma atitude normal na idade dela, pois crianças e adolescentes costumam manter a violência em segredo por três motivos: não têm noção da gravidade do que estão sofrendo; sentem-se culpadas e não vítimas da violência; têm medo contar a agressão e serem consideradas mentirosas. “A opinião da criança, em geral, é desvalorizada na sociedade, principalmente nas camadas sociais mais pobres”, explicou Carolina.

A mãe de Alice não desconfiava de nada até o dia em que atendeu uma ligação do padrasto no celular da filha e ouviu algo que a deixou apreensiva. A garota teve medo de contar o que estava acontecendo, mas falou o suficiente para que a mãe decidisse levá-la à delegacia para denunciar o agressor. “Eu não quis deixar isso impune não. Convenci ela a vir para a delegacia, que é o certo, independente de ser meu padrasto”, afirmou a mãe de Alice. “Eu estou agindo com ele como agiria com qualquer pessoa, não é porque ele é um conhecido que eu vou acobertar”, completou.

A história de Alice não é um caso isolado. O chefe da UNIAT da GPCA, José Rinaldo Carvalho, mostra dados estatísticos que apontam familiares e conhecidos como principais agressores, correspondendo a 82,5% de todos os crimes sexuais praticados contra menores de janeiro a junho deste ano. Por se tratar de um caso delicado, em que os depoentes são crianças e adolescentes e devido à proximidade da vítima com o agressor, as denúncias nem sempre chegam à delegacia e muitas vezes os crimes seguem impunes.Para refletir acerca de possibilidades de depoimento de crianças e adolescentes que evitem o risco de um novo constrangimento por parte das vítimas, um debate foi realizado em Brasília, no último mês de agosto. Numa parceria com a organização Childhood Brasil, a Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) promoveu o 1º Simpósio Internacional Culturas e Práticas Não-Revitimizantes de Tomada de Depoimento Especial de Crianças e Adolescentes em Processos Judiciais. Especialistas do mundo todo participaram do evento.

O colóquio é recente e seu resultado ainda não pode ser percebido; é possível notar, contudo, a consciência social de que o momento da denúncia não pode ser um novo constrangimento na vida da vítima. Nesse sentido, o projeto Depoimento Sem Danos (DSD) — implantado no Estado, em junho desde ano, pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco a partir de convênio com a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República — é um avanço. Idealizado pelo juiz José Antonio Daltoé Cezar, da 2ª Vara de Infância e Juventude de Porto Alegre, o DSD tem como principal objetivo promover a proteção psicológica do menor que sofreu violência sexual, impedindo o seu contato com o acusado e a repetição de interrogatórios. Assim, a vítima é ouvida uma única vez em uma sala reservada, evitando o enfrentamento com o acusado e a presença de advogado de defesa ou do próprio juiz.

De acordo com o delegado da GPCA, Reginaldo Gregório, as iniciativas do DSD estão restritas à esfera judiciária. Carolina Costa, lamenta essa situação, “O primeiro lugar que [o Depoimento Sem Danos] deveria ser implantado era a delegacia, que é onde a vítima vai no dia da agressão. Quando o caso vai para a justiça, já faz um ano que ocorreu”. Assim — na tentativa de suprir a não-implementação do DSD —, a GPCA dispõe de seis profissionais capacitados da UNIAT responsáveis por ouvir os depoimentos das crianças e adolescentes e repassá-los, por meio de relatórios, para o delegado responsável, sem que as vítimas precisem repetir o relato e recordar da agressão. A defasagem nesse processo é o fato de que desses seis profissionais da GPCA, apenas a metade possui formação em Psicologia.

A FAMÍLIA COLCHETE
Outra medida do projeto Depoimento Sem Danos para evitar constrangimento das vítimas é a utilização, nas delegacias responsáveis, da Família Colchete, bonecos de pano que dispõe de região genital. Elaborada por agentes do Centro de Referência Interprofissional na Atenção às Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência (Criar), a utilização da Família Colchete é recomendada durante o atendimento às crianças e adolescentes que sofreram abuso sexual. De acordo com os psicólogos da Criar, esse procedimento concede à vítima a liberdade de explicar a agressão por meio de gestos realizados com os bonecos. Carolina Costa, psicóloga da Unidade de Apoio Técnico (UNIAT) da Gerência Policial da Criança e do Adolescente (GPCA) afirma que mesmo dispondo da Família Colchete, não costuma utilizá-la durante os depoimentos. Ela prefere o uso dos próprios bonecos de pelúcia que enfeitam as salas. “Não se sabe o nível de contato que a criança sofreu durante a agressão e de repente os bonecos da Família Colchete podem assustá-la”, afirmou.
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Gerência Policial da Criança e do Adolescente (GPCA)
Rua Benfica,1008 — Madalena — Recife, PE — CEP 50.720-001
Telefone: 3184.3582

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Lição de Hoje

É necessário ter o caos cá dentro para gerar uma estrela.
F. Nietzsche

Há quem sambe muito bem V

As festas no bairro Cacique de Ramos, realizadas durante a década de 1980, foram marcadas por samba de temática mais alegre e ritmo mais acelerado. Aos tradicionais instrumentos, adicionou-se repique, banjo e tantã. Esses encontros deram origem ao pagode, que, a princípio, designava as festas de samba. Beth Carvalho foi madrinha desse movimento que revelou o grupo Fundo de Quintal e o cantor Zeca Pagodinho. Aproveitando o sucesso desse movimento, a indústria fonográfica batizou de pagode todo som realizado por grupos pop que faziam uso de instrumentos de samba.

Na década seguinte, com a repercussão da música sertaneja e o surgimento do axé music, as músicas de bamba foram deixadas de lado, restringindo-se, praticamente, às canções de Zeca Pagodinho. A crítica à desvalorização do sambista pelas escolas de samba — mais interessadas na “espetacularização” do desfile — perdurou também durante esses anos e ainda reverbera nos dias de hoje.

O ressurgimento do samba na cena musical deu-se a partir de meados do ano 2000, com os shows de Teresa Cristina no bairro da Lapa. Inicialmente, possuía repertório composto por canções de músicos consagrados, como Candeia, hoje ela canta músicas próprias num estilo que não se restringiu ao que foi produzido na década de 1980, no Cacique de Ramos. Seguindo o caminho trilhado por Teresa Cristina, a potiguar Roberta Sá conquistou, em 2007, dois prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) — melhor álbum e melhor cantora — pelo seu segundo CD, Que Belo Estranho Dia Para Se Ter Alegria, que vendeu mais de cinqüenta mil cópias.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BARBOSA, Orestes. Samba: Sua história, seus poetas, seus músicos e seus cantores. 2. ed. Rio de Janeiro: FUNARTE, 1978.
HISTÓRIA DO SAMBA. Editora Globo. Rio de Janeiro, 1998. 40 fascículos.
LOPES, Nei. Sambeabá: O samba que não se aprende na escola. 1. ed. Rio de Janeiro: Casa da Palavra: Folha Seca, 2003.
TINHORÃO, José Ramos. Pequena historia da musica popular: da modinha a lambada. 6. ed. São Paulo: Art, 1991.
O vil metal: O dinheiro na música popular brasileira in ANPOCS. Disponível em: http://www.anpocs.org.br/portal/publicacoes/rbcs_00_33/rbcs33_09.htm
Acessado em: 20/08/2009
Pequena história do samba in Geocities. Disponível em: http://br.geocities.com/biografiaschiado/HistoriaCuriosidades/HistoriadoSamba/Historiadosamba.htm
Acessado em: 25/08/2009

sábado, 12 de setembro de 2009

Pão ou pães é questão de opiniães

Estávamos conversando no elevador quando um casal entrou e nos cumprimentou. Ficamos em silêncio por algum tempo, esperando as pessoas irem embora. Assim, o elevador parou no P2, eles se foram e nós continuamos a prosa. Aliás, puxei outro assunto antes de prosseguirmos com o anterior.

— Que fofo. Tu viu?
— Os convites, né?
— É, eles foram distribuir os convites de casamento deles.
— Rapaz, não sei se isso é fofo não.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Happy Birthday to you!

Em clima de festa, como sugere a foto acima, escrevo sobre este blog. Ainda me recordo o dia em que Gabriela disse toda empolgada que queria fazer um. Foi algum dia há dois anos atrás por msn. Ficamos trocando idéias e resolvemos dividir o mesmo. Hoje em dia, já não estou mais em atividade nele, resolvi fazer um para mim. Mas, em comemoração às 200 postagens dele, vou escrever sobre alguns dados inéditos.

Os acessos ao blog são contados desde 22 de julho desse ano, e desde lá, já são mais de 730, média de 16 acessos por dia, desde então. Gabriela não acredita nisso, mas é verdade! Abaixo, pode-se ver o número de visitas ao blog, por mês, e de qual país se está acessando.

Julho/2009

Agosto/2009

Setembro/2009

Como pode ser visto, quem mais visita o blog são os brasileiros. Mas, em todos os continentes, com exceção apenas da Oceania, todos marcam presença. Sendo depois dos brasileiros, os norte-americanos e os portugueses os mais assíduos. No mais, desejo que Gabi não pare de escrever sua histórias do dia-a-dia, e que o blog não pare de crescer. Que venham os próximos dois anos de existência e as próximas 200 publicações. Abraço!

Paintando

Se um pinguinho de tinta cair num pedacinho azul do papel...


*200ª postagem do blog.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Há quem sambe muito bem IV

Na década de 1950, houve o apogeu do samba-canção, sub-gênero do samba que surgiu ainda na década de 1920, com o sucesso de Linda flor (Ai, Ioiô), de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luís Peixoto. O samba-canção caracteriza-se pelo ritmo lento e cadenciado e pelas letras sentimentais e românticas. Cartola foi um dos compositores que se popularizou nessa época com composições como As rosas não falam e O mundo é um moinho. Conta-se que esta última foi composta na noite em que Cartola não dormiu após descobrir que sua filha, Creuza, prostituía-se.

Cartola foi um dos principais responsáveis pela fundação da Estação Primeira de Mangueira — uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro —, sendo o seu primeiro mestre de harmonia. A palavra definitiva na escolha do nome e das cores da escola foi de Cartola; Estação Primeira porque era a primeira estação de trem depois da Central do Brasil, onde havia samba; as cores verde e rosa teriam surgido de uma referência a um rancho em Laranjeiras.

Alguns compositores exacerbaram o sentimentalismo do samba-canção, como Maysa e Dolores Duran, que foram enquadradas, por muitos, no que se apelidou de “samba-fossa”. Com músicas caracterizadas pelo tom “dor de cotovelo”, elas fizeram sucesso durante a década de 1950.

Com da política internacional de Juscelino Kubitschek — que buscou o estreitamento das relações entre Brasil e Estados Unidos — o jazz passou a influenciar mais fortemente a música brasileira; dessa maior influência nasceu a Bossa Nova. Com a mistura de samba e jazz, criou-se um gênero novo que teve como berço o bairro carioca de Copacabana, mais particularmente o apartamento de Nara Leão. A proposta do que se chamava “Revolução João-gilbertiana” era tornar o samba mais adequado aos estúdios, substituindo todos os instrumentos de percussão pela bateria.

Durante a década de 1960, na tentativa de resgatar o samba do morro, houve um movimento de revalorização de compositores antigos e a volta do samba de partido alto. Antes caracterizados pelo improviso, os versos desse sub-gênero passaram a adquirir maior estabilidade — seguindo a tendência da indústria fonográfica — a partir das canções de Martinho da Vila. Nessa época, sucessos como Coração Leviano e Dança da Solidão foram compostos por Paulinho da Viola.

Considerada uma das maiores intérpretes do país, Clara Nunes surgiu na cena musical brasileira na década seguinte. Ela foi a primeira cantora do Brasil a vender mais de cem mil cópias de disco. Entre suas canções mais famosas, Canto das três raças. Nessa época, a indústria fonográfica comemorou também o lançamento do primeiro disco de Cartola, em 1974. Nessa época, um novo jeito de fazer samba surgiu a partir da combinação do samba tradicional com piano e arranjos românticos. A esse sub-gênero — produzido, principalmente, por Benito de Paula — deu-se o nome pejorativo de “samba-jóia”, já que os críticos musicais considerava-o cafona.

Os críticos passaram a questionar também o desempenho musical das escolas de samba no fim da década de 1970. A preocupação com a indumentária e com o espetáculo cresceu em detrimento do cuidado na elaboração do samba-enredo, que perdeu a importância de outrora e passou a ser parte integrante do desfile.