A cidade se enche de luz, os supermercados ficam repletos de árvores e os panetones brotam das prateleiras. É tempo dos Papais Noéis de plantão tirarem as barbas do baú e das pessoas ensaiarem bondade. Coisas do “espírito natalino” de que tanto se fala nesta época do ano. Os shoppings ficam ainda mais insuportáveis, as passagens aéreas passam a custar pequenas fortunas e os perus morrem de véspera. A incandescente quantidade de pisca-piscas aumenta o lucro da Celpe, enquanto a Perdigão aposta na “invenção” de uma nova ave – chester – para engordar o faturamento. Rolos e rolos de papéis de presente são fabricados para virar lixo segundos depois, sem falar nos descartáveis, frequentemente utilizados. Tudo pronto? Comprometeu o cheque-especial? Devorou o 13º? Então, Feliz Natal! Na sala, o papo é o mesmo do ano anterior. Nem os comentários mudam, algo entre “Nossa, como fulano cresceu!” e “Você está mais magra!”. (Falsos?) Elogios à comida e aos figurinos não faltam. Mais entediante somente os replays infindáveis de Jingle Bell e We Wish You a Merry Christmas. As crianças ainda se divertem, mesmo que ludibriadas sobre a existência do bom velhinho. Mas, como não vêem trenó, renas e neve, pensam que talvez no Polo Norte o Natal seja mais divertido. No fim da noite, já em casa com os presentes recebidos, muitos só pensam no melhor dia para enfrentar filas e trocá-los. Afinal, se encontrando apenas uma vez por ano, dificilmente dá para acertar o presente.
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Jornalismo baseado em fatos reais
Nada é mais brochante para jornalistas do que cobrir um fato que simplesmente não existe, a popular “pauta que não rende”. Para quem (tem sorte e) não é do mundo jornalístico, talvez, essa frase não esteja perfeitamente clara. Explicando, de uma forma bastante sintética, tais missões inglórias ocorrem em duas situações: (1) quando a matéria é “indicada” pelo dono do jornal ou (2) quando se trabalha numa assessoria de comunicação. No primeiro caso, a desventura é algo mais eventual; já no segundo, parece rotina. Na faculdade – ainda nas cadeiras introdutórias –, os professores ensinam os famosos “Critérios de Noticiabilidade”, que integram a parca bagagem adquirida nos quatro (e torturantes) anos do curso de Jornalismo. Com o tempo, se o foca for esperto, perceberá que teoria e prática são coisas distintas. Fora das CNTP, a questão ideológica e financeira costuma falar alto demais. Nas assessorias, por exemplo, só há um critério: o que é bom para o cliente (!). Na caça dessas pautas, os assessores assumem desafios dantescos. Cabe a eles transformar entrevistas sem conteúdo e coletivas infrutíferas em textos com apenas uma função: agradar e promover a clientela. Tudo baseado no real, mas com pouca verossimilhança. Sem contar as cenas incrivelmente bizarras que presenciam e os “detalhes” que lhes aconselham a omitir. Um dia se irritam e batem a porta.
sábado, 28 de agosto de 2010
Verborrologia
Pela sexta vez este ano, o presidente Luís Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou em Pernambuco nesta sexta-feira (27). Além das inaugurações de obras nas cidades de Caruaru e Ipojuca (Suape), a visita teve caráter político, com a realização de comício no Centro do Recife. No palanque, a candidata à presidência, Dilma Rousseff (PT), e demais políticos da Frente Popular - Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição como governador, Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB), postulantes ao Senado, além de deputados estaduais e federais. Alardeada pela constatação de que essa, provavelmente, é a última aparição de Lula no Estado como Presidente da República e instigada pelo entrave histórico entre Eduardo Campos e o candidato pela coligação Pernambuco Pode Mais, Jarbas Vasconcelos (PMDB), fui ao comício. Lá pude perceber a força política de Lula na emoção das pessoas, todas disputando espaço para ver, ao menos de relance, o presidente. Claro que também havia os militantes de última hora - contratados para balançar bandeiras e distribuir santinhos -, mas era possível distingui-los dos verdadeiros petistas, que pareciam maioria. Esses enlouqueciam a cada frase proferida em favor do líder do PT, que chegou ao Marco Zero com semblante bastante cansado. Em oposição à idéia de que os brasileiros são apáticos com a Política, vi eleitores - conscientes ou não - tão envolvidos com o comício que, num momento de distração, logo pensaria estar em mais um tradicional show no Centro do Recife. Lula, num tom característico, criticou a oposição ("picaretas"), pediu apoio para os candidatos da Frente Popular e disse que só com Dilma o Brasil continuará a crescer. A candidata, por sua vez, discursou em tom diverso, pareciam falar para públicos distintos, ainda que estivessem em sintonia. Apesar dos empurrões, a experiência de presenciar um comício foi importante, pude perceber a reação das pessoas aos discursos e o apelo dos políticos, que, do palanque, coordenavam o movimento das bandeirolas hasteadas no meio da multidão.
Nossa!
De um tempo para cá, tenho me dado conta do quanto eu ando refletindo acerca das minhas concepções. Digo, mais especificamente, em âmbito "sentimental", ainda que a angústia no plano profissional tenha sido cada vez mais latente. Acredito que em cerca de dois anos diversos pontos de vista que eu possuía a respeito das relações e dos sentimentos sofreram significativa mudança. O processo de reflexão foi desencadeado por uma sucessão de acontecimentos, em geral, negativos, caso se realize uma análise superficial deles. Em contrapartida, essa explosão de pensamentos também foi inspirada em momentos muito descontraídos, tipo conversas de mesa de bar. Papos que, talvez, nem tivessem relação direta com "relacionamentos", mas que me fizeram até conhecer mais sobre mim mesma. Uma discussão sobre Forró, por exemplo, gerou esse tipo de descoberta. Nesse fervilhão de questionamentos que ocupa minha cabeça, percebo que tenho assumido uma postura diferente em relação aos sentimentos. Desde algum tempo, carrego um ideal bastante fixo acerca de determinados assuntos nesse mote, sobre os quais eu não conseguia atinar para uma segunda via. Contudo, depois de experiências próprias e diálogos alheios, fui assimilando novos pensamentos e adquirindo um posicionamento distinto do de outrora. Ainda mantenho muitas das minhas convicções, mas hoje me vejo mais disposta à aceitação e até à assimilação de pensamentos que, anteriormente, eu não entendia nem aceitava. É certo que a mudança não é instatânea, trata-se, contudo, de um processo natural e que ocorre gradualmente e parece trazer o bem. Não sei se é a influência de Ingrid, se tem a ver com os filmes de Woody Allen (vide o clássico Annie Hall e o recente Tudo Pode Dar Certo) e ou sei lá, mas estou em vias de balancear razão e emoção de maneira mais eqüitativa.
domingo, 15 de agosto de 2010
Sábado à noite
Crianças são realmente hilárias, sempre surpreendem. Depois de me proporcionarem intensas gargalhadas com minhoca X minhoca X minhoca, hoje minhas primas me trouxeram graça outra vez. Ao voltar às 13h de uma noitada de sábado regada a muitos litros de cerveja e todo o resto que vem como conseqüência do álcool, desabei na cama - onde, por sinal, estou até agora. Eis que a campanhia toca, eram elas para visitar-me. Ao entrarem no quarto, perceberam meu estado de eliminação, e logo questionaram:
- Bibi, tás cansada, é?
- Muito.
- Ficasse até tarde assistindo Criança Esperança, né?
- Hã?
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Eu não aguento! Eu não aguento!
Bastaram dois chopps para tudo mudar de órbita. Sendo do tipo "Fulano bebeu, fudeu", dá para calcular o perigo da presença etílica nas minhas veias. Após uma longa celebração requintadíssima de conclusão de curso dos estudantes da FDR, cedi ao álcool em plena segunda-feira, usando como pretexto a realização de um brinde. Um motivo deveras nobre, oras. A conseqüência, contudo, não merece a mesma adjetivação. Sentada numa mesa entre familiares, agi como uma ébria, para utilizar um vocábulo mais pomposo. Todos ficaram surpresos, nunca me viram ingerindo mais do que o tradicional champanhe no reveillon. De fato, eu não bebia. Tudo começou há cerca de seis meses de forma eventual e se tornou recorrente a partir das semanais festas (muito ótimas) da Copa Paulo Francis 2010, regadas a muita cerveja para garantir a alopração com tanta música de qualidade duvidosa. Ou o contrário. Que seja, desde então não hesito em aceitar o primeiro copo, que nunca mais foi também o único. Assim ocorreu naquele dia na companhia dos meus estimados parentes que logo perceberam a minha incontida alegria ao celebrar a chegada de mais um bacharel na família. A recomendação foi sábia e, sobretudo, rápida: suspendam o álcool para a menina! Acredito que até o garçom entendeu tudo e, por isso, não me serviu mais nenhuma tulipa. Haja comida! Isso ofereceram-me bastante. Sai do bar como quem dá prejuízo no rodízio. Ao chegar em casa, olhei-me no espelho e pensei como Chico, "Amanhã há de ser outro dia". Ledo engano. Além de embriagar-me de forma veloz, o álcool parece gostar de mim. Tem efeito (incrivelmente) prolongado sobre o meu organismo. No dia seguinte ainda conservava a perturbação mental da noite anterior e os acontecimentos daquela terça-feira pareciam corroborar para que tudo parecesse mesmo uma grande confusão. Felizmente, não precisei prometer de novo não beber nunca mais.
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Rafael Bezerra
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Ao Max
A amizade entre Mary & Max fez-me recordar uma atitude que tomei há um tempo, com a ressalva de que utilizei meios mais tecnológicos. Em 2006, imbuída de curiosidade e de certa angústia, dei início a um diálogo que não se esgota. Como Mary, eu tinha necessidade de descobrir coisas para além do que estava ao meu redor e precisava conversar com alguém suficientemente capaz de entender-me. Claro que minha perturbação se distinguia dos dramas psíquicos (ao menos em tese) abordados por Adam Elliot neste e em outro filme, intitulado Harvie Krumpet, mas tinha um sentido semelhante. Buscava alguém capaz de responder-me questões tão complexas quanto explicar a uma criança de onde vêm os bebês. Acho, inclusive, que a solução encontrada por Max foi bem mais engraçada. A minha escolha por aquele amigo e não outro foi menos aleatória do que a estratégia utilizada por Mary, embora também desconhecesse sua cidade natal. Os diálogos, que no filme ocorrem por meio de cartas, aconteciam, entre mim e meu amigo distante, através do Orkut e, posteriormente por Messenger e Skype, e até por cartas mesmo. Horas de tec-tec no teclado, que hoje, tanto tempo depois, já nem é mais o mesmo. Como na ficção, a mocinha enchia o amigo, visto como mais experiente, de perguntas sobre as situações novas que enfrentava, buscando conselhos e até mesmo explicações sobre a vida e o funcionamento das coisas. Curiosamente, assim como na relação entre Mary e Max, ambos aprenderam bastante com essa amizade, sendo assim, ao mesmo tempo em que eu indagava, também respondia a muitas questões. Um crescimento simultâneo. Lembrei bastante de mim enquanto assistia ao filme. Foi engraçado identificar o meu amigo no sofrimento de Max, que queria ajudar a garota, mas não sabia as respostas. Inclusive, minhas questões não tinham como serem respondidas, menos ainda por alguém que não eu. Os anos passaram. O mote das conversas mudou. A conjuntura das nossas vidas também. Contudo, a relação perdura, sempre mais intensa. Mantemos contato que, graças à internet, ocorre de forma bem mais veloz do que em Mary & Max. Diálogos diários que não cansam de crescer. Experiências que são sempre compartilhadas. Quilômetros que estão cada vez mais comprimidos. Felizmente, agi como Mary.
domingo, 25 de julho de 2010
Má fase!
A sandália nova que não cabe no pé e sequer pode ser trocada, pois foi presente vindo de São Paulo. Após horas de download, perceber que o ovacionado filme tem um homônimo e que, claro, baixou o errado. Depois de tentar um outro título, percebe que o arquivo carece de áudio (e também de legenda). O pai se recusar a levá-la ao drive thru. Sair com os amigos e se irritar com todos eles. Encontrar o paquerinha novamente acompanhado dias depois de vê-lo aos beijos com outra garota. Decidir ir embora e, em seguida, começar a chover. Derrubar a bolsa na sarjeta inundada ao subir no ônibus. O cobrador não ter troco. Chegar em casa e, depois de tudo isso, ficar acordada até quatro da manhã com insônia. Talvez seja a hora de tomar um banho de sal grosso.
quarta-feira, 14 de julho de 2010
Oi?
É sabido o imenso clichê de diferenças entre os pensamentos masculinos e femininos. Sábado, anotei mais um. Numa situação bem descontraída, em que um garoto molhava latas de cervejas antes de colocá-los no congelador, rolou o seguinte diálogo:
Menina 1: Mas tu acha que só molhar adianta?
Menino: Claro, po. A água ajuda a congelar mais rápido.
Menina 1: Nossa!
Menina 2: HAHAHAHAHA
Menina 1: Tu entendeu, né?
Menina 2: Claro.
Menino: Hã?
Para quem não entendeu patavinas: as meninas acreditavam que, ao molhar as latas, o garoto estava preocupado com a higiene, não com a velocidade do congelamento das cervejas.
segunda-feira, 5 de julho de 2010
Trânsito
Sol a pino, Centro do Recife. Impaciente com um congestionamento quilométrico que enlouquecia a cidade, Teresa passou a fazer a única coisa que lhe restava, olhar pela janela do ônibus e tentar distrair-se com a beleza das pontes e a sujeira do Cão sem Plumas. Ela até carregava um livro dentro da bolsa vermelha, mas nem o melhor enredo de Kafka a faria ler no vuco-vuco daquele coletivo. A leitura de um bom livro no caminho para casa parecia algo bastante útil para passar o tempo, e ela admirava quem conseguia fazê-lo, mas ler qualquer coisa dentro de um veículo em movimento lhe causava náuseas. As buzinas serviam de trilha sonora para aquele momento flâneur e, não raro, algum passageiro lhe confidenciava irritação com aquela demora. Nesses momentos, ela estampava - com esforço - um sorriso de simpatia no rosto, coisas da cordialidade tão esmiuçada pelo, como é mais conhecido, "pai de Chico". As pessoas estavam impacientes dentro daquele ônibus, uns reclamavam do trânsito, enquanto outros culpavam o motorista pela demora. A velocidade era de um metro por minuto, mas não havia o que fazer, nenhum carro se movimentava. Indisposta a esperar, uma passageira levantou-se e pediu ao motorista que abrisse a porta ali mesmo para ela descer. Nisso, Teresa tirou os olhos da rua e fixou-os na mulher que, ao não ser ouvida ou ao ser ignorada, irritava-se a cada segundo. A princípio, a passageira usou da gentileza para ter seu pedido atendido, mas ao perceber o cinismo do cobrador e do motorista, que fingiam não ouvir, desesperou-se. Xingado, o motorista, finalmente, deu atenção à mulher; contudo, não a atendeu. Apenas retrucou. "Grossa", disse ele. Assim teve início um bate boca vertiginoso. Todos passageiros olhavam de um lado para o outro acompanhando a confusão. Eis que (amém) chegou a parada de ônibus e então a mulher desceu. Ainda xingando, mas desceu. Findada a confusão, Teresa, novamente, isolou-se em seus pensamentos e voltou a vaguear o olhar para fora daquele veículo. Ao cruzar uma das pontes do Recife Velho, ela fixou o olhar. O ônibus seguia, mas o olhar da garota continuava lá atrás. Uma criatura vestida de vermelho com uma câmera fotográfica chamava a sua atenção. Pela aparência e em função do seu comportamento, parecia um turista. Teresa pensou em descer do ônibus para conversar com o rapaz e se livrar do trânsito, mas, enquanto hesitava, a distância entre eles ficava maior. Certamente, o motorista não iria aceitar parar antes da parada, que distava bastante dali. Seria uma nova polêmica. Então, preferiu seguir viagem. Pensando no que podia ter sido e não foi.
domingo, 27 de junho de 2010
O sorriso dela, meu assunto
-Pra você.
Qual não foi a surpresa de Rita ao receber a carta ainda naquela noite? Acabara de chegar em casa acompanhada de alguns amigos e parecia sem esperanças. Tudo indicava que a bicicleta do carteiro estaria deveras longe de qualquer uma das ruas próximas dali. Entusiasmada com a surpresa, riu de si mesma e do envelope, recheado com plástico bolha para garantir que, além da carta, os DVDs repletos de música chegariam intactos. Eles continham a discografia completa de Chico e até mesmo dos estimados garotos de Liverpool. Seus amigos achavam graça do sorriso espontâneo e um tanto bobo que Rita expressava ao ler cada uma das frases escritas pelo amigo de longe. Rememorava momentos e sentia-se querida. Posteriormente, gargalhou ao identificar que tudo estava escrito em uma folha de caderno de Música. Apenas duas notas apareciam preenchidas. Aquelas mesmas que aprendera com o garoto em outra ocasião. Seus amigos incompreendiam tanto êxtase, inclusive por não estarem habituados com aquela forma de comunicação. Coisas do mundo (pós) moderno. Rita não prestava atenção nas expressões dos amigos naquele momento, permanecia relendo. Chegando em casa, guardou tudo com carinho na sua caixa colorida e pensou como foi bom receber algo tão esperado numa hora considerada improvável. Ao fim da noite - quase dia, na realidade - pôs um dos DVDs para tocar e foi dormir. Quanto à carta, leria novamente no dia seguinte.
quarta-feira, 23 de junho de 2010
Não leve o bolão tão a sério
Nem as discussões entre Dunga e a Globo, muito menos o som das vuvuzelas, o que está me irritando nesta Copa são os apostadores de bolão. Mesmo com algumas copas na "bagagem", ainda não consigo conceber as pessoas torcendo para o Brasil parar de marcar gols ou até mesmo para Júlio César não conseguir realizar alguma defesa. Tudo isso para não errar o placar apostado. Domingo foi exatamente assim. Enquanto assistia à segunda partida da seleção na África, observei muita gente mudar de torcida para garantir a pontuação no bolão; de brasileiros passaram a costa-marfinenses de última hora. Não apostaram que a defesa do Brasil sairia ilesa daquele certame. E não saiu, Drogba diminuiu o placar no segundo tempo (34') com um gol de cabeça. Os apostadores foram ao delírio, haviam acertado o placar final (3X1). Contudo, no dia seguinte, não faltaram lamúrias dos que não contavam com três gols do Brasil. "Luís Fabiano matou a bola com a mão, o segundo gol devia ser anulado!", comentavam nos corredores. Claro que a polêmica procede, mas esse comentário não soa natural aos meus ouvidos. Com que freqüência um torcedor, sobretudo, brasileiro xinga o juiz porque o gol do seu time foi validado? Logo desconfiei e, em seguida, confirmaram. Haviam apostado no dois a um para o Brasil. Os bolões estão invertendo a lógica do futebol, da torcida. O sucesso do time deixou de ser tão importante, vale mais subir posições no ranking do bolão. Uma lástima. Felizmente, ainda apostam no hexa.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Quem é que joga fumaça pro alto?
Desde criança, nutro certo fascínio pelo cigarro. Volta e meia saia procurando por bitucas nos cinzeiros de casa sempre que algum cidadão fumante fazia-nos uma visita. Meio psicótico, mas é verdade. De qualquer maneira, durante a adolescência, sempre agradeci e recusei as ofertas de cigarros que me fizeram; nem foram muitas, por sinal, visto que a maioria dos meus amigos é "geração saúde" (só) nesse sentido. O encantamento por aquela fumacinha persistiu e durante anos fui vidrada pelos carinhas que, como costumo dizer, "fumam bonito". Não sei bem explicar esse conceito, mas tem gente que fuma de forma atraente, certo? Depois dessa, eu só posso achar bom não ter vivido durante os anos 70. Certamente, seria uma vítima da feroz publicidade tabagista da época. Assim, segui somente admirando a fumaça, sem sequer pôr um cigarro na boca. Contudo, num período de constante assiduidade ao Recife Antigo e na companhia de um grande amigo sempre com cigarros bacaninhas no bolso, foi difícil resistir. Até resistiria, mas pra quê? Tava com vontade. Que mal há, não é mesmo? Há muitos, na verdade, mas um só não mata. Então, num climinha contagiante, há quase quatro anos, experimentei meu primeiro cigarro. Depois desse, só mais uns dez para (tentar) aprender a tragar. Poucos mesmo. Até porque percebi que é mais legal observar do que fumar. Cigarro, além de ser um gasto, é prejudicial à saúde. Sem contar a perseguição emplacada hoje em dia contra quem fuma, quase um "comando de caça aos fumantes". Por sinal, mesmo não curtindo - de jeito nenhum - levar a fumaça dos outros na cara, discordo dessa coisa segregadora de "é proibido fumar em todo e qualquer lugar do planeta", tal como acho o fim pessoas desagradáveis o suficiente para acenderem cigarros nos lugares e nas horas mais inconvenientes possíveis.
"Eu era discriminado poque não fumava numa época em que todos fumavam e isso era considerado charmoso e chique. Aí comecei a fumar e agora a discriminação é ao contrário: é porque eu fumo."
Marco Nanini, em entrevista à Playboy (maio/10)
sábado, 17 de abril de 2010
Primeiro ato
Poucas pessoas compreendem a genialidade de um homem tão ferozmente criticado por sua pornografia, sobretudo na época em que Nelson Rodrigues viveu. Eu, que ainda faço parte do grande grupo, deparei-me com esse "anjo pornográfico" em alguns momentos da minha vida. Entrei em suas peça entendendo pouco e sai do teatro entendendo menos ainda, mas sempre bastante pensativa. Foi assim com Toda nudez será castigada e Os sete gatinhos. Contudo, mais uma vez, a vida me pôs sob a leitura de Nelson. Agora em, talvez, sua peça mais famosa: Vestido de noiva.
Estrelada em 1943, Vestido de noiva foi originalmente dirigida pelo polonês Zbigniew Ziembiński. Carinhosamente chamado de Zimba, esse homem é considerado um dos fundadores do Teatro Moderno Brasileiro, título que se deve, sobretudo, à sua performance nessa peça. Em Vestido de noiva, ele abusou da iluminação e conseguiu desenvolver bem os três planos (realidade, alucinação e memória) propostos por Nelson, que pretendia retratar o universo da classe média carioca na década de 1940. Uma sociedade em que sobrava hipocrisia e preconceito.
Assim, mergulhei, dessa vez mais profundamente, na obra desse dramaturgo. Foi tudo meio sem querer, eu queria Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos, mas só tinha Vestido de noiva. Minha preferência partia do princípio de que já assisti a uma montagem da primeira peça, diferentemente da outra obra, que só conhecia de ouvir falar. Além de ser desconhecido para mim, o texto de Nelson me dava certo medo. Não, especificamente, Vestido de noiva, mas toda a obra dele parecia muito aquém das minhas possibilidades. Mesmo assim, aceitei o desafio. Eis que me aproximei de Alaíde. Se a parceria vai dar certo, não sei; descobriremos nos próximos atos.
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues
Estrelada em 1943, Vestido de noiva foi originalmente dirigida pelo polonês Zbigniew Ziembiński. Carinhosamente chamado de Zimba, esse homem é considerado um dos fundadores do Teatro Moderno Brasileiro, título que se deve, sobretudo, à sua performance nessa peça. Em Vestido de noiva, ele abusou da iluminação e conseguiu desenvolver bem os três planos (realidade, alucinação e memória) propostos por Nelson, que pretendia retratar o universo da classe média carioca na década de 1940. Uma sociedade em que sobrava hipocrisia e preconceito.
Assim, mergulhei, dessa vez mais profundamente, na obra desse dramaturgo. Foi tudo meio sem querer, eu queria Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos, mas só tinha Vestido de noiva. Minha preferência partia do princípio de que já assisti a uma montagem da primeira peça, diferentemente da outra obra, que só conhecia de ouvir falar. Além de ser desconhecido para mim, o texto de Nelson me dava certo medo. Não, especificamente, Vestido de noiva, mas toda a obra dele parecia muito aquém das minhas possibilidades. Mesmo assim, aceitei o desafio. Eis que me aproximei de Alaíde. Se a parceria vai dar certo, não sei; descobriremos nos próximos atos.
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues
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domingo, 28 de março de 2010
Agradecida e encantada
Pode parecer ignorância, mas, até um dia desses, eu só conhecia o Mário Lago ator. Lembrava dele apenas por meio de suas participações em algumas novelas. E mesmo cantarolando bastante Ai que saudade da Amélia, não imaginava que tal música consistia numa composição sua com o saudoso Ataulfo Alves. Contudo, não faz muito tempo, e eu fui apresentada à faceta poética desse homem. Alguns de seus textos, muitas vezes considerados pedantes, utilizam o requinte para falar sobre coisas simplórias, mas não se pode dizer com isso que ele não sabe traduzir bem os sentimentos. Constatei isso ao ler Devolve, poema pelo qual me apaixonei à primeira olhadela. Como não se encantar com versos que traduzem com exatidão e tom sublime sentimentos tão cáusticos e dores tão latejantes? Não poderia deixar de encantar-me com palavras tão passíveis de serem ditas, com composição tão verossímil. Assim, por ontem ter emocionado-me novamente ao ouvir a recitação de Devolve, resolvi compartilhar um pouco de Mário Lago. Eis o poeta que eu não conhecia e agora faço questão de ler e ouvir.
*Créditos ao romântico que me apresentou ao poeta Mário Lago.
*Créditos ao romântico que me apresentou ao poeta Mário Lago.
domingo, 21 de março de 2010
AuAU
Como alguns sabem, volta e meia eu gosto de brincar no Paint Brush; às vezes até crio personagens — vide Melancélia. Lino é mais um dos meus desenhos. Criado a partir de uma certa (e bem vaga) inspiração no famoso cãozinho Snoopy, pode-se dizer que Lino é um Beagle típico. Brincalhão, ágil e extremamente dócil, ele é um ótimo companheiro para as crianças e um fiel amigo. Diferentemente de Snoopy, Lino não anda apenas sobre duas patas e prefere dormir dentro da casinha, sendo um cão aparentemente mais "normal". Talvez, por isso mesmo, Charlie Brown preferisse ele ao seu cãozinho lunático. Será?
— Good grief!
sexta-feira, 19 de março de 2010
Viagem qualquer
Estava no ônibus, atravessando a cidade para mais uma correria diária, e avistei uma criatura aparentemente simpática. Ela entrou no ônibus quando este passava por perto do Poço da Panela, um bairro charmoso, onde, volta e meia, eu vou dar um passeio. Esse fato tornou aquela pessoa ainda mais cativante, afinal, qualquer dia podíamos dar uma volta pelas ruas de pedras ou sentar na beira do rio, quiçá as duas coisas. Passei o caminho inteiro em alerta, observando os seus movimentos, percebendo seus detalhes. Com isso, ao ler um papel que a criatura carregava nas mãos, descobri seu nome poético. Olhando um pouco mais para suas mãos, notei que estava diante de alguém que toca violão ou algum instrumento de corda. Posteriormente, pude observar alguns gestos de gentileza realizados por ela que me encantaram bastante. Dessa vez, a viagem foi curta, as ruas pareciam, incrivelmente, descongestionadas, só para me contrariar. Ainda pensei em falar algo, cheguei a ensaiar uma desculpa para puxar papo, mas hesitei e sequer balbuciei um "oi". Assim, o destino da pessoa chegou. Sim, a viagem havia chegado ao fim. Sem que tivêssemos trocado qualquer palavra, a criatura levantou-se e foi embora.
quarta-feira, 3 de março de 2010
O romântico em mim insiste em trabalhar*
Dia desses, lendo 1968 - O ano que não terminou, do jornalista e escritor Zuenir Ventura, deparei-me com uma curiosa constatação do autor acerca da sociedade daquela época. Logo no início do livro, ao descrever uma badalada festa realizada naquele ano, ele faz uma reflexão, que é, sem dúvida, atemporal, sobre os relacionamentos amorosos. Momento de experimentações, Zuenir acredita que a subversão daquele período foi levada às últimas conseqüências. Nas rodas de conversas, digamos, liberais, a construção da família e até mesmo o ideal de relação estável eram pensamentos bastante combatidos. "Se os exemplares mais estabelecidos da geração tentavam subverter o casamento pela sua destruição, outros, mais novos, começavam a experimentar formas alternativas de relacionamento que não reeditassem os compromissos matrimoniais impostos pela convenção", disse ele na página 30. A ideologia mudava o comportamento das pessoas e a tecnologia dava respaldo a tudo isso, através, por exempo, da popularização da pílula anticoncepcional. Tudo com o objetivo de quebrar tabus. E quebramos.
Imbuídas pelas obras de Simone de Beauvoir, as mulheres tentavam fugir da "servidão" ao marido e de tudo o que pudesse reduzi-las ao título de "segundo sexo", numa revolução sexual que, como se diz, teve início nas prateleiras. Tudo numa tentativa de combater o ideal feminino das décadas anteriores, que estava profundamente ligado ao desejo da maternidade e aos cuidados domésticos. Nessa época, teve-se a banalização do que hoje o Orkut chama de "relacionamento aberto", o estado civil mais coerente a ser seguido, mas que, com freqüência, esbarrava (e ainda esbarra) na questão sentimental. Vendia-se, conforme Zuenir, a teoria de que com a racionalidade se podia driblar a emoção, resumindo tudo ao prazer. E, assim, as pessoas entraram em conflito, com o outro e, principalmente, com elas mesmas. Como aceitar sentir ciúme se as pessoas são livres e os relacionamentos são abertos? Era mais um dos paradoxos tão comuns entre o racional e o emocional, a mente e o coração. Para isentar-se desse pensamento dito retrógrado, nada melhor do que a desculpa cantada por Roberto Carlos nos versos "Se você põe aquele seu vestido lindo e alguém olha pra você, eu digo que já não gosto dele, que você não vê que ele está ficando démodé. Mas é ciúme, ciúme de você."
Hoje, 32 anos depois, Arnaldo Jabor publicou no jornal um texto que me remeteu à leitura do clássico de Zuenir Ventura. Sob o título Acabou o tempo do "happy end", Arnaldo tece alguns comentários a respeito de relacionamentos e até mesmo do amor. Para ele o romantismo saiu de moda. É como se tivesse cedido lugar ao que o escritor polonês Zygmunt Bauman classificou como Amor líquido, Modernidade líquida e todos os outros líquidos que se possa imaginar. "Quando eu era jovens, nos anos 60/70, o amor era um desejo romântico. Depois, nos anos 80/90 foi virando um amor de mercado", escreveu Jabor. Ele acredita que as relações afetivas nem podem mais ser chamadas assim, pois não passam de um "ficar" descompromissado. Num dos parágrafos do seu texto, há uma frase que me chamou atenção e remeteu-me a outro escritor, Júlio Cortázar. Arnaldo comenta que hoje tudo acontece de forma celerada, "[...] sem o lento perder-se dentro de 'olhos de ressaca'." Ao ler isso foi impossível não lembrar do (emocionante e belo) sétimo capítulo — único que eu li — de Jogo da Amarelinha ou, no original, Rayuela.
Confesso que meu romantismo sentiria e sente dificuldade para adaptar-se a quaisquer desses momentos, o 1968 ou o agora. Talvez, para quem acredita em horóscopo, a natureza apaixonada de escorpião explique como seria difícil para mim viver numa sociedade tão liberal quanto a da década de 1960 queria ser. Basta um pouco de convivência para perceber o quanto eu mergulho numa relação, sem saber vivê-la de forma superficial. E, possivelmente pelo mesmo motivo, não sou afeita à rapidez com que as coisas acontecem agora, ainda que, eventualmente, eu caia "no suingue pra me consolar", como diriam Pedro Luís e A Parede. Sempre fica o sentimento de frustração e a pergunta de para onde foram os diálogos inteligentes que precedem e sucedem as brincadeiras de ciclope ("Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de ciclope"). Inclusive, o que foi feito dessas brincadeiras? Acho que sou de uma geração em que se queria viver os sentimentos e em que as relações não eram assim, fugazes. Será que devo gritar "Pare o mundo que eu quero descer"?
*Paródia de trecho da canção O romântico em mim, de A Caravana do Delírio.
Imbuídas pelas obras de Simone de Beauvoir, as mulheres tentavam fugir da "servidão" ao marido e de tudo o que pudesse reduzi-las ao título de "segundo sexo", numa revolução sexual que, como se diz, teve início nas prateleiras. Tudo numa tentativa de combater o ideal feminino das décadas anteriores, que estava profundamente ligado ao desejo da maternidade e aos cuidados domésticos. Nessa época, teve-se a banalização do que hoje o Orkut chama de "relacionamento aberto", o estado civil mais coerente a ser seguido, mas que, com freqüência, esbarrava (e ainda esbarra) na questão sentimental. Vendia-se, conforme Zuenir, a teoria de que com a racionalidade se podia driblar a emoção, resumindo tudo ao prazer. E, assim, as pessoas entraram em conflito, com o outro e, principalmente, com elas mesmas. Como aceitar sentir ciúme se as pessoas são livres e os relacionamentos são abertos? Era mais um dos paradoxos tão comuns entre o racional e o emocional, a mente e o coração. Para isentar-se desse pensamento dito retrógrado, nada melhor do que a desculpa cantada por Roberto Carlos nos versos "Se você põe aquele seu vestido lindo e alguém olha pra você, eu digo que já não gosto dele, que você não vê que ele está ficando démodé. Mas é ciúme, ciúme de você."
Hoje, 32 anos depois, Arnaldo Jabor publicou no jornal um texto que me remeteu à leitura do clássico de Zuenir Ventura. Sob o título Acabou o tempo do "happy end", Arnaldo tece alguns comentários a respeito de relacionamentos e até mesmo do amor. Para ele o romantismo saiu de moda. É como se tivesse cedido lugar ao que o escritor polonês Zygmunt Bauman classificou como Amor líquido, Modernidade líquida e todos os outros líquidos que se possa imaginar. "Quando eu era jovens, nos anos 60/70, o amor era um desejo romântico. Depois, nos anos 80/90 foi virando um amor de mercado", escreveu Jabor. Ele acredita que as relações afetivas nem podem mais ser chamadas assim, pois não passam de um "ficar" descompromissado. Num dos parágrafos do seu texto, há uma frase que me chamou atenção e remeteu-me a outro escritor, Júlio Cortázar. Arnaldo comenta que hoje tudo acontece de forma celerada, "[...] sem o lento perder-se dentro de 'olhos de ressaca'." Ao ler isso foi impossível não lembrar do (emocionante e belo) sétimo capítulo — único que eu li — de Jogo da Amarelinha ou, no original, Rayuela.
Confesso que meu romantismo sentiria e sente dificuldade para adaptar-se a quaisquer desses momentos, o 1968 ou o agora. Talvez, para quem acredita em horóscopo, a natureza apaixonada de escorpião explique como seria difícil para mim viver numa sociedade tão liberal quanto a da década de 1960 queria ser. Basta um pouco de convivência para perceber o quanto eu mergulho numa relação, sem saber vivê-la de forma superficial. E, possivelmente pelo mesmo motivo, não sou afeita à rapidez com que as coisas acontecem agora, ainda que, eventualmente, eu caia "no suingue pra me consolar", como diriam Pedro Luís e A Parede. Sempre fica o sentimento de frustração e a pergunta de para onde foram os diálogos inteligentes que precedem e sucedem as brincadeiras de ciclope ("Você me olha, de perto me olha, cada vez mais de perto, e então brincamos de ciclope"). Inclusive, o que foi feito dessas brincadeiras? Acho que sou de uma geração em que se queria viver os sentimentos e em que as relações não eram assim, fugazes. Será que devo gritar "Pare o mundo que eu quero descer"?
*Paródia de trecho da canção O romântico em mim, de A Caravana do Delírio.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Pra dizer adeus
Seguindo a máxima que diz "jornalista desinformado é o futuro", somente hoje eu soube de algo que vinha rolando desde o Carnaval: Titãs perdeu mais um integrante. Após a despedida de Arnaldo Antunes, a perda de Marcelo Frommer e o adeus de Nando Reis, respectivamente, foi a vez do baterista Charles Gavin anunciar a sua saída da banda. Agora restam apenas quatro dos oito integrantes do antigo Titãs do iê-iê. Sem contar os dois outros músicos que também fizeram parte da banda no comecinho dos anos 80, Ciro Pessoa e André Jung. Vale ressaltar que Charles não integrou a primeiríssima formação dos Titãs, ingressando na banda em 1984, após a retirada do pernambucano André Jung, também baterista. Antes de tornar-se titânico, Charles dividiu palco com a rapaziada do RPM e Ira!.
Quando descobri a existência da banda, ela já se encontrava desfalcada de Arnaldo. Meu primeiro contato com os Titãs deu-se em meados de 1999, por meio do vinil Cabeça de Dinossauro, do meu tio mais novo. Lembro-me bem de que eu, meu irmão e meus primos gritávamos e pulávamos ao som de Homem Primata, mesmo sem entender o que diabos era o tal "capitalismo selvagem". Anos mais tarde, quando os titânicos já não tinham mais a língua ferina de outrora e só compunham baladinhas, eu comecei a entender o sentido daquilo tudo. Pena que tão tarde. Ainda assim, curti bastante o som dos Titãs e ficava impressionada ao ver tanta gente no palco; uma formação de banda bem diferente da que eu estava acostumada a ver.
Hoje, mesmo sem acompanhar o trabalho dos Titãs há muito tempo, saber da saída de Charles Gavin mexeu comigo. Essa despedida significa mais um momento de desintegração de uma banda que eu admiro e que foi personagem importante da história do rock nacional da década de 1980. Os admiradores do grupo, sem dúvida, ficaram tristes e cobraram de Charles o cumprimento da sua repetida afirmação de que tocaria na banda até morrer. Nesse caso, como lembrou um dos fãs, parecem oportunos os versos "Não confio em ninguém com mais de 30. Não confio em ninguém com 32 dentes."
Hoje, mesmo sem acompanhar o trabalho dos Titãs há muito tempo, saber da saída de Charles Gavin mexeu comigo. Essa despedida significa mais um momento de desintegração de uma banda que eu admiro e que foi personagem importante da história do rock nacional da década de 1980. Os admiradores do grupo, sem dúvida, ficaram tristes e cobraram de Charles o cumprimento da sua repetida afirmação de que tocaria na banda até morrer. Nesse caso, como lembrou um dos fãs, parecem oportunos os versos "Não confio em ninguém com mais de 30. Não confio em ninguém com 32 dentes."
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Quanta leseira
Marcando o início do Carnaval, ainda na quinta-feira (11), a tão esperada prévia anárquica do Quanta Ladeira encheu os jornais do dia seguinte com uma pá de comentários negativos. Todos discorrendo sobre o (suposto) fracasso da festa. A maioria apontava a ausência de Lenine como causa para o fiasco, como se o cara por si só representasse o bloco. Sem contar que esse argumento é, no mínimo, incoerente. Como ignorar a criatividade de toda aquela galera que estava no palco divertindo a multidão? Também houve muitas críticas referentes à falta de estrutura do evento. De fato, teve-se que levar a sério a famosa sátira à canção de Alceu, "Morena, tome cana, cerveja acabou!", isso para não adentrar na questão logística da coisa. Problemas à parte, impossível não se contaminar com a criatividade e a língua ferina daquela turma ridicularizando geral. Só sendo o que se convencionou chamar de "galerinha Carvalheira", aqueles miguxos que foram para a prévia pela fuzarca e pela briga por ingressos, mas sequer entendiam as paródias e, não raro, se horrorizavam com o conteúdo "impróprio" das letras. Mas eles não foram os únicos a reclamar da festa, até os assíduos falaram mal. Criticavam a quantidade de gente e a popularização (natural) do bloco, num coro estranho de "Ai que saudade do Quanta Ladeira", como se a popularização fosse, em si, algo negativo. Um sentimento típico do mundinho alternativo que tem tesão por gostar do que pouca gente conhece e não suporta ver seu objeto de desejo ser admirado pelo povão. Contudo, contrariando as especulações infundadas e num clima meio "Queiram ou não queiram os juízes...", domingo (14), no bloco, Lula Queiroga adiantou: ano que vem tem mais.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
O Ready-made musical de Israel
O álbum mais revolucionário de 2009 é resultado de uma miscelânea de vídeos do YouTube criativamente sobrepostos em forma de música.
Conhecido profissionalmente como Kutiman, Ophir Kutiel — músico, compositor e produtor musical israelense de Jerusalém — é o responsável pelo primeiro álbum lançado no YouTube e produzido com mescla de diversos vídeos dessa rede social. A idéia era compor uma espécie de “som colaborativo”. Assim, inspirado, principalmente, pelas batidas do funk, esse músico dedicou-se a vasculhar uploads amadores armazenados na internet para compor o seu maior sucesso: ThruYOU. O resultado desse projeto ousado é um álbum virtual composto por sete faixas dignas de provocar inveja a “bandas tradicionais”; sem dúvida, um dos grandes lançamentos de 2009.
Kutiman teve seu primeiro contato com a música durante a infância, quando, aos seis anos de idade, aprendeu a tocar piano, e desde então se mostrou um grande apreciador dessa arte. Posteriormente, ele passou a estudar mais dois instrumentos — bateria e guitarra — e, aos 18 anos, não hesitou em mudar de cidade para freqüentar aulas de jazz no Rimon Music College, renomada escola israelense de música contemporânea. Ainda na adolescência, ele foi apresentado — pelo amigo e parceiro musical, Sabbo — ao ritmo do “pai do soul”, James Brown, e ao multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti, em quem se inspirou para compor o seu nome artístico.
O músico israelense já viajou bastante pelo mundo na busca por novos sons, como o reggae na Jamaica, e, atualmente, com 27 anos, ele tem cinco álbuns acumulados na carreira; todos lançados nos moldes tradicionais e a maioria pelo selo alemão Melting Pop Music (MPM). O penúltimo trabalho de Kutiman, um álbum homônimo, contou com a colaboração musical de muitos artistas israelenses, como Hadag Nahash, grupo de funk famoso por suas letras de cunho político. Tal álbum teve uma repercussão positiva em Israel, mas Kutiman tornou-se, de fato, reconhecido após a criação do seu projeto musical de vídeo online no YouTube.
Lançado em março do ano passado, ThruYOU é composto por sete faixas de puro mashup — produto novo formado a partir do conteúdo de outras aplicações da web —, quase um ready-made nos moldes de Marcel Duchamp. O próprio nome do álbum remonta a uma produção conjunta, já que, traduzido para a língua portuguesa, significa “através de vocês”. Visualmente, o trabalho deixa a desejar, afinal consiste em pedaços de vídeo-aulas de instrumentos musicais e clipes amadores de músicos. Kutiman não fez qualquer intervenção na aparência dos vídeos, apenas uma “colagem”, talvez porque propôs um álbum de música e não um áudio-visual. A beleza estética de ThruYOU está justamente na musicalidade, trabalhada de forma intensa durante dois meses de clausura em que Kutiman só via o próprio computador.
A idéia do álbum surgiu quando o produtor israelense assistiu, no YouTube, a vídeo-aulas do baterista estadunidense Bernard Purdie e passou a acompanhá-lo com a sua guitarra. A partir de então, Kutiman, ao buscar vídeos de outros instrumentos para fazer mais sobreposições, descobriu que podia misturar tudo e formar novos sons. Meses antes, ainda em 2008, no Brasil, o cantor Marcelo Camelo — da banda, em stand-by, Los Hermanos — produziu algo bem semelhante, a Orquestra YouTube, mas com qualidade bastante inferior, por ser praticamente inaudível. Assim, não se pode dizer que criação de Kutiman é, realmente, original; antes dele, outras pessoas já “tocaram internet”. A virtude de ThruYOU está no resultado, que fisgou mais de um milhão de internautas em menos de uma semana.
Os gêneros das canções são variados, remontando ora à levada dos clássicos jazz e blues, ora ao ritmo dos mais modernos hip hop e música eletrônica, resgatando também o funk e o soul. A primeira faixa do álbum — Mother of all funk chords — traz um pouco da cadência de tudo isso, sendo difícil não lembrar de James Brown. Na música seguinte — This is what it became — ficam notórias as influências do reggae e dos DJs e MCs, estes, inclusive, figuram em vários dos vídeos que compõem ThruYOU. Pode-se destacar também Babylon band, quarta faixa do álbum, que, certamente, agrada a legião de fãs da eletro music. No decorrer de ThruYOU, a melodia das músicas assume um caráter mais calmo e intimista, destoando um pouco da primeira metade das faixas do álbum. Enquanto as canções iniciais apresentam um tom mais estridente, inclusive com sons de sirene, a segunda parte do trabalho distancia-se da tendência funk, como Just a Lady, música que encerra o álbum.
Kutiman não se vê como pesquisador musical e admite conhecer pouco sobre mashup. Ele garante que o processo de criação de ThruYOU foi bastante ingênuo e concebido a partir de uma brincadeira. Assim, trata-se de um álbum não-comercial, sem qualquer intenção de repercutir — muito menos mundialmente —, tanto que foi divulgado somente para vinte amigos. Em entrevistas mundo afora, o israelense diz que produziu ThruYOU por amor e apoio aos músicos envolvidos nos vídeos utilizados, por ele, na mistureba áudio-visual e que não almeja ganhar nenhum dinheiro com o projeto. Há uma faixa extra no fim do álbum, intitulada About, em que o próprio Kutiman agradece a todos que colaboraram — ainda que sem saber — com a sua produção e explica um pouco em que ela consiste.
SÍNTESE DA CENA MUSICAL – Mesmo surgido a partir de uma brincadeira, é impossível não ver em ThruYOU uma oportunidade para discutir o momento atual da indústria fonográfica. Composto por cenas aleatórias, devidamente identificadas pelos perfis do YouTube, o álbum traz — sem pedir licença — cem vídeos sobrepostos. Kutiman, ainda que sem perceber, lançou um álbum capaz de suscitar extensos debates acerca de criação coletiva, compartilhamento de arquivos, propriedade intelectual e, até, conceito de arte. Uma vez que não pediu autorização a nenhum dos músicos que registraram os temas originais para criação do seu álbum, Kutiman — além de ter desapontado as pessoas que rejeitam o ideal mashup por considerarem-no pouco criativo — demonstrou seguir a bandeira Copyleft de livre reprodução para fins não-comerciais.
Mesmo com a revolução protagonizada pelo artista francês Marcel Duchamp, no pós-Primeira Guerra, com o conceito de Ready-made, a inserção de elementos cotidianos — a priori sem valor artístico — no campo da arte ainda tem sido bastante rejeitada. E talvez por isso, muitos internautas desprezem centenas de milhares de videoclipes do YouTube por acreditarem que só os pertencentes aos artistas das grandes gravadoras merecem ser vistos. Esse, sem dúvida, é o maior mérito de Kutiman: sua paciência para quebrar esse dogma contemporâneo — vasculhando um sem número de vídeos caseiros e plasticamente discutíveis — e comprovar que há som interessante para além daqueles consagrados.
Conhecido profissionalmente como Kutiman, Ophir Kutiel — músico, compositor e produtor musical israelense de Jerusalém — é o responsável pelo primeiro álbum lançado no YouTube e produzido com mescla de diversos vídeos dessa rede social. A idéia era compor uma espécie de “som colaborativo”. Assim, inspirado, principalmente, pelas batidas do funk, esse músico dedicou-se a vasculhar uploads amadores armazenados na internet para compor o seu maior sucesso: ThruYOU. O resultado desse projeto ousado é um álbum virtual composto por sete faixas dignas de provocar inveja a “bandas tradicionais”; sem dúvida, um dos grandes lançamentos de 2009.
Kutiman teve seu primeiro contato com a música durante a infância, quando, aos seis anos de idade, aprendeu a tocar piano, e desde então se mostrou um grande apreciador dessa arte. Posteriormente, ele passou a estudar mais dois instrumentos — bateria e guitarra — e, aos 18 anos, não hesitou em mudar de cidade para freqüentar aulas de jazz no Rimon Music College, renomada escola israelense de música contemporânea. Ainda na adolescência, ele foi apresentado — pelo amigo e parceiro musical, Sabbo — ao ritmo do “pai do soul”, James Brown, e ao multi-instrumentista nigeriano Fela Kuti, em quem se inspirou para compor o seu nome artístico.
O músico israelense já viajou bastante pelo mundo na busca por novos sons, como o reggae na Jamaica, e, atualmente, com 27 anos, ele tem cinco álbuns acumulados na carreira; todos lançados nos moldes tradicionais e a maioria pelo selo alemão Melting Pop Music (MPM). O penúltimo trabalho de Kutiman, um álbum homônimo, contou com a colaboração musical de muitos artistas israelenses, como Hadag Nahash, grupo de funk famoso por suas letras de cunho político. Tal álbum teve uma repercussão positiva em Israel, mas Kutiman tornou-se, de fato, reconhecido após a criação do seu projeto musical de vídeo online no YouTube.
Lançado em março do ano passado, ThruYOU é composto por sete faixas de puro mashup — produto novo formado a partir do conteúdo de outras aplicações da web —, quase um ready-made nos moldes de Marcel Duchamp. O próprio nome do álbum remonta a uma produção conjunta, já que, traduzido para a língua portuguesa, significa “através de vocês”. Visualmente, o trabalho deixa a desejar, afinal consiste em pedaços de vídeo-aulas de instrumentos musicais e clipes amadores de músicos. Kutiman não fez qualquer intervenção na aparência dos vídeos, apenas uma “colagem”, talvez porque propôs um álbum de música e não um áudio-visual. A beleza estética de ThruYOU está justamente na musicalidade, trabalhada de forma intensa durante dois meses de clausura em que Kutiman só via o próprio computador.
A idéia do álbum surgiu quando o produtor israelense assistiu, no YouTube, a vídeo-aulas do baterista estadunidense Bernard Purdie e passou a acompanhá-lo com a sua guitarra. A partir de então, Kutiman, ao buscar vídeos de outros instrumentos para fazer mais sobreposições, descobriu que podia misturar tudo e formar novos sons. Meses antes, ainda em 2008, no Brasil, o cantor Marcelo Camelo — da banda, em stand-by, Los Hermanos — produziu algo bem semelhante, a Orquestra YouTube, mas com qualidade bastante inferior, por ser praticamente inaudível. Assim, não se pode dizer que criação de Kutiman é, realmente, original; antes dele, outras pessoas já “tocaram internet”. A virtude de ThruYOU está no resultado, que fisgou mais de um milhão de internautas em menos de uma semana.
Os gêneros das canções são variados, remontando ora à levada dos clássicos jazz e blues, ora ao ritmo dos mais modernos hip hop e música eletrônica, resgatando também o funk e o soul. A primeira faixa do álbum — Mother of all funk chords — traz um pouco da cadência de tudo isso, sendo difícil não lembrar de James Brown. Na música seguinte — This is what it became — ficam notórias as influências do reggae e dos DJs e MCs, estes, inclusive, figuram em vários dos vídeos que compõem ThruYOU. Pode-se destacar também Babylon band, quarta faixa do álbum, que, certamente, agrada a legião de fãs da eletro music. No decorrer de ThruYOU, a melodia das músicas assume um caráter mais calmo e intimista, destoando um pouco da primeira metade das faixas do álbum. Enquanto as canções iniciais apresentam um tom mais estridente, inclusive com sons de sirene, a segunda parte do trabalho distancia-se da tendência funk, como Just a Lady, música que encerra o álbum.
Kutiman não se vê como pesquisador musical e admite conhecer pouco sobre mashup. Ele garante que o processo de criação de ThruYOU foi bastante ingênuo e concebido a partir de uma brincadeira. Assim, trata-se de um álbum não-comercial, sem qualquer intenção de repercutir — muito menos mundialmente —, tanto que foi divulgado somente para vinte amigos. Em entrevistas mundo afora, o israelense diz que produziu ThruYOU por amor e apoio aos músicos envolvidos nos vídeos utilizados, por ele, na mistureba áudio-visual e que não almeja ganhar nenhum dinheiro com o projeto. Há uma faixa extra no fim do álbum, intitulada About, em que o próprio Kutiman agradece a todos que colaboraram — ainda que sem saber — com a sua produção e explica um pouco em que ela consiste.
SÍNTESE DA CENA MUSICAL – Mesmo surgido a partir de uma brincadeira, é impossível não ver em ThruYOU uma oportunidade para discutir o momento atual da indústria fonográfica. Composto por cenas aleatórias, devidamente identificadas pelos perfis do YouTube, o álbum traz — sem pedir licença — cem vídeos sobrepostos. Kutiman, ainda que sem perceber, lançou um álbum capaz de suscitar extensos debates acerca de criação coletiva, compartilhamento de arquivos, propriedade intelectual e, até, conceito de arte. Uma vez que não pediu autorização a nenhum dos músicos que registraram os temas originais para criação do seu álbum, Kutiman — além de ter desapontado as pessoas que rejeitam o ideal mashup por considerarem-no pouco criativo — demonstrou seguir a bandeira Copyleft de livre reprodução para fins não-comerciais.
Mesmo com a revolução protagonizada pelo artista francês Marcel Duchamp, no pós-Primeira Guerra, com o conceito de Ready-made, a inserção de elementos cotidianos — a priori sem valor artístico — no campo da arte ainda tem sido bastante rejeitada. E talvez por isso, muitos internautas desprezem centenas de milhares de videoclipes do YouTube por acreditarem que só os pertencentes aos artistas das grandes gravadoras merecem ser vistos. Esse, sem dúvida, é o maior mérito de Kutiman: sua paciência para quebrar esse dogma contemporâneo — vasculhando um sem número de vídeos caseiros e plasticamente discutíveis — e comprovar que há som interessante para além daqueles consagrados.
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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Close your eyes...
Ontem, tudo parecia culminar em mais um domingo daqueles em que você fica em casa comendo pipoca e tentando manter-se quietinho a fim de não comprometer a semana de labuta que está quase começando. Certamente, eu teria mantido esse movimento inercial e me empanturrado de colesterol não fosse a insistência de uma grande amiga para assistir ao show de uma banda cover dos queridinhos de Liverpool. A apresentação representava uma homenagem tardia aos 40 anos de lançamento do álbum Abbey Road (26 de setembro de 1969) e seria realizada aqui bem pertinho de casa. As companhias eram agradáveis e não havia grandes motivos para me recusar a ir, exceto o fato de que ficaria entre dois casais enquanto a banda tocaria canções como Here comes the sun e tantas outras. Aceitei o convite porque seria uma oportunidade para escutar as tão queridas músicas que foram excluídas do meu computador na última formatação inesperada e qual não foi a minha gratidão aos meus amigos ao ouvir a primeira música do show?! De fato, o Abbey Road não é o meu álbum preferido dos (The) Beatles — talvez por influência de outro amigo, Rodrigo —, mas, ao tocar Come Together, a banda (super) me surpreendeu. O garoto (sim, um garoto com não mais de 21 anos) cantou essa música de uma forma apaixonante que, realmente, me transportou para a Inglaterra de 1969. Naquele momento, eu poderia ter ido embora e o show (além dos 20 reais gastos) teria valido a pena. Foi um domingo ótimo e o mais legal de tudo foi que após tocar todas as faixas do Abbey Road, uma por uma, na ordem do disco, rolou uma sessão de músicas aleatórias da banda, de Lucy in the Sky with Diamonds a All my Loving. Senti uma certa saudade de quem ficou pelo caminho, mas ao chegar em casa, só pude fechar os olhos para dormir, nada mais.
*Créditos a Suzy e Daniel, que me levaram para a Inglaterra de 1969.
*Créditos a Suzy e Daniel, que me levaram para a Inglaterra de 1969.
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