Nada é mais brochante para jornalistas do que cobrir um fato que simplesmente não existe, a popular “pauta que não rende”. Para quem (tem sorte e) não é do mundo jornalístico, talvez, essa frase não esteja perfeitamente clara. Explicando, de uma forma bastante sintética, tais missões inglórias ocorrem em duas situações: (1) quando a matéria é “indicada” pelo dono do jornal ou (2) quando se trabalha numa assessoria de comunicação. No primeiro caso, a desventura é algo mais eventual; já no segundo, parece rotina. Na faculdade – ainda nas cadeiras introdutórias –, os professores ensinam os famosos “Critérios de Noticiabilidade”, que integram a parca bagagem adquirida nos quatro (e torturantes) anos do curso de Jornalismo. Com o tempo, se o foca for esperto, perceberá que teoria e prática são coisas distintas. Fora das CNTP, a questão ideológica e financeira costuma falar alto demais. Nas assessorias, por exemplo, só há um critério: o que é bom para o cliente (!). Na caça dessas pautas, os assessores assumem desafios dantescos. Cabe a eles transformar entrevistas sem conteúdo e coletivas infrutíferas em textos com apenas uma função: agradar e promover a clientela. Tudo baseado no real, mas com pouca verossimilhança. Sem contar as cenas incrivelmente bizarras que presenciam e os “detalhes” que lhes aconselham a omitir. Um dia se irritam e batem a porta.
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