Poucas pessoas compreendem a genialidade de um homem tão ferozmente criticado por sua pornografia, sobretudo na época em que Nelson Rodrigues viveu. Eu, que ainda faço parte do grande grupo, deparei-me com esse "anjo pornográfico" em alguns momentos da minha vida. Entrei em suas peça entendendo pouco e sai do teatro entendendo menos ainda, mas sempre bastante pensativa. Foi assim com Toda nudez será castigada e Os sete gatinhos. Contudo, mais uma vez, a vida me pôs sob a leitura de Nelson. Agora em, talvez, sua peça mais famosa: Vestido de noiva.
Estrelada em 1943, Vestido de noiva foi originalmente dirigida pelo polonês Zbigniew Ziembiński. Carinhosamente chamado de Zimba, esse homem é considerado um dos fundadores do Teatro Moderno Brasileiro, título que se deve, sobretudo, à sua performance nessa peça. Em Vestido de noiva, ele abusou da iluminação e conseguiu desenvolver bem os três planos (realidade, alucinação e memória) propostos por Nelson, que pretendia retratar o universo da classe média carioca na década de 1940. Uma sociedade em que sobrava hipocrisia e preconceito.
Assim, mergulhei, dessa vez mais profundamente, na obra desse dramaturgo. Foi tudo meio sem querer, eu queria Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos, mas só tinha Vestido de noiva. Minha preferência partia do princípio de que já assisti a uma montagem da primeira peça, diferentemente da outra obra, que só conhecia de ouvir falar. Além de ser desconhecido para mim, o texto de Nelson me dava certo medo. Não, especificamente, Vestido de noiva, mas toda a obra dele parecia muito aquém das minhas possibilidades. Mesmo assim, aceitei o desafio. Eis que me aproximei de Alaíde. Se a parceria vai dar certo, não sei; descobriremos nos próximos atos.
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues
Estrelada em 1943, Vestido de noiva foi originalmente dirigida pelo polonês Zbigniew Ziembiński. Carinhosamente chamado de Zimba, esse homem é considerado um dos fundadores do Teatro Moderno Brasileiro, título que se deve, sobretudo, à sua performance nessa peça. Em Vestido de noiva, ele abusou da iluminação e conseguiu desenvolver bem os três planos (realidade, alucinação e memória) propostos por Nelson, que pretendia retratar o universo da classe média carioca na década de 1940. Uma sociedade em que sobrava hipocrisia e preconceito.
Assim, mergulhei, dessa vez mais profundamente, na obra desse dramaturgo. Foi tudo meio sem querer, eu queria Dois perdidos numa noite suja, de Plínio Marcos, mas só tinha Vestido de noiva. Minha preferência partia do princípio de que já assisti a uma montagem da primeira peça, diferentemente da outra obra, que só conhecia de ouvir falar. Além de ser desconhecido para mim, o texto de Nelson me dava certo medo. Não, especificamente, Vestido de noiva, mas toda a obra dele parecia muito aquém das minhas possibilidades. Mesmo assim, aceitei o desafio. Eis que me aproximei de Alaíde. Se a parceria vai dar certo, não sei; descobriremos nos próximos atos.
"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico."
Nelson Rodrigues
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