domingo, 27 de junho de 2010

O sorriso dela, meu assunto

-Pra você.
Qual não foi a surpresa de Rita ao receber a carta ainda naquela noite? Acabara de chegar em casa acompanhada de alguns amigos e parecia sem esperanças. Tudo indicava que a bicicleta do carteiro estaria deveras longe de qualquer uma das ruas próximas dali. Entusiasmada com a surpresa, riu de si mesma e do envelope, recheado com plástico bolha para garantir que, além da carta, os DVDs repletos de música chegariam intactos. Eles continham a discografia completa de Chico e até mesmo dos estimados garotos de Liverpool. Seus amigos achavam graça do sorriso espontâneo e um tanto bobo que Rita expressava ao ler cada uma das frases escritas pelo amigo de longe. Rememorava momentos e sentia-se querida. Posteriormente, gargalhou ao identificar que tudo estava escrito em uma folha de caderno de Música. Apenas duas notas apareciam preenchidas. Aquelas mesmas que aprendera com o garoto em outra ocasião. Seus amigos incompreendiam tanto êxtase, inclusive por não estarem habituados com aquela forma de comunicação. Coisas do mundo (pós) moderno. Rita não prestava atenção nas expressões dos amigos naquele momento, permanecia relendo. Chegando em casa, guardou tudo com carinho na sua caixa colorida e pensou como foi bom receber algo tão esperado numa hora considerada improvável. Ao fim da noite - quase dia, na realidade - pôs um dos DVDs para tocar e foi dormir. Quanto à carta, leria novamente no dia seguinte.

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