Bastaram dois chopps para tudo mudar de órbita. Sendo do tipo "Fulano bebeu, fudeu", dá para calcular o perigo da presença etílica nas minhas veias. Após uma longa celebração requintadíssima de conclusão de curso dos estudantes da FDR, cedi ao álcool em plena segunda-feira, usando como pretexto a realização de um brinde. Um motivo deveras nobre, oras. A conseqüência, contudo, não merece a mesma adjetivação. Sentada numa mesa entre familiares, agi como uma ébria, para utilizar um vocábulo mais pomposo. Todos ficaram surpresos, nunca me viram ingerindo mais do que o tradicional champanhe no reveillon. De fato, eu não bebia. Tudo começou há cerca de seis meses de forma eventual e se tornou recorrente a partir das semanais festas (muito ótimas) da Copa Paulo Francis 2010, regadas a muita cerveja para garantir a alopração com tanta música de qualidade duvidosa. Ou o contrário. Que seja, desde então não hesito em aceitar o primeiro copo, que nunca mais foi também o único. Assim ocorreu naquele dia na companhia dos meus estimados parentes que logo perceberam a minha incontida alegria ao celebrar a chegada de mais um bacharel na família. A recomendação foi sábia e, sobretudo, rápida: suspendam o álcool para a menina! Acredito que até o garçom entendeu tudo e, por isso, não me serviu mais nenhuma tulipa. Haja comida! Isso ofereceram-me bastante. Sai do bar como quem dá prejuízo no rodízio. Ao chegar em casa, olhei-me no espelho e pensei como Chico, "Amanhã há de ser outro dia". Ledo engano. Além de embriagar-me de forma veloz, o álcool parece gostar de mim. Tem efeito (incrivelmente) prolongado sobre o meu organismo. No dia seguinte ainda conservava a perturbação mental da noite anterior e os acontecimentos daquela terça-feira pareciam corroborar para que tudo parecesse mesmo uma grande confusão. Felizmente, não precisei prometer de novo não beber nunca mais.
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