quarta-feira, 28 de julho de 2010

Ao Max

A amizade entre Mary & Max fez-me recordar uma atitude que tomei há um tempo, com a ressalva de que utilizei meios mais tecnológicos. Em 2006, imbuída de curiosidade e de certa angústia, dei início a um diálogo que não se esgota. Como Mary, eu tinha necessidade de descobrir coisas para além do que estava ao meu redor e precisava conversar com alguém suficientemente capaz de entender-me. Claro que minha perturbação se distinguia dos dramas psíquicos (ao menos em tese) abordados por Adam Elliot neste e em outro filme, intitulado Harvie Krumpet, mas tinha um sentido semelhante. Buscava alguém capaz de responder-me questões tão complexas quanto explicar a uma criança de onde vêm os bebês. Acho, inclusive, que a solução encontrada por Max foi bem mais engraçada. A minha escolha por aquele amigo e não outro foi menos aleatória do que a estratégia utilizada por Mary, embora também desconhecesse sua cidade natal. Os diálogos, que no filme ocorrem por meio de cartas, aconteciam, entre mim e meu amigo distante, através do Orkut e, posteriormente por Messenger e Skype, e até por cartas mesmo. Horas de tec-tec no teclado, que hoje, tanto tempo depois, já nem é mais o mesmo. Como na ficção, a mocinha enchia o amigo, visto como mais experiente, de perguntas sobre as situações novas que enfrentava, buscando conselhos e até mesmo explicações sobre a vida e o funcionamento das coisas. Curiosamente, assim como na relação entre Mary e Max, ambos aprenderam bastante com essa amizade, sendo assim, ao mesmo tempo em que eu indagava, também respondia a muitas questões. Um crescimento simultâneo. Lembrei bastante de mim enquanto assistia ao filme. Foi engraçado identificar o meu amigo no sofrimento de Max, que queria ajudar a garota, mas não sabia as respostas. Inclusive, minhas questões não tinham como serem respondidas, menos ainda por alguém que não eu. Os anos passaram. O mote das conversas mudou. A conjuntura das nossas vidas também. Contudo, a relação perdura, sempre mais intensa. Mantemos contato que, graças à internet, ocorre de forma bem mais veloz do que em Mary & Max. Diálogos diários que não cansam de crescer. Experiências que são sempre compartilhadas. Quilômetros que estão cada vez mais comprimidos. Felizmente, agi como Mary.

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