sábado, 31 de outubro de 2009
Nenhum
Que mal há em admirar mais o coração do que o rosto das pessoas?
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
Há controvérsias!
A edição (de aniversário) da revista Rolling Stones deste mês traz uma lista com as cem melhores músicas brasileiras. Surpreendi-me um pouco com o primeiríssimo lugar — fisgado por Construção, de Chico Buarque — e confesso que não esperava Anna Júlia (centésima posição), dos barbudos do Los Hermanos, na lista. Ao contrário do que se pode pensar com a notícia da minha surpresa, eu gosto bastante de Chico e, durante muito tempo, fui considerada uma "hermaníaca". Impressionei-me, contudo, por dois motivos: (1) não considero Construção a melhor música de Chico Buarque, tampouco a melhor do Brasil, e (2) dificilmente eu imaginaria — em sã consciência — que a canção que virou um tormento para a banda Los Hermanos figuraria numa lista assim. Contudo, não fiquei insatisfeita com o resultado. Zeca Camargo (sim, aquele do Fantástico), por outro lado, mostrou-se, em seu blog, bastante descontente com a relação proposta pela Rolling Stones. Para ele, as canções enumeradas na lista entram em completa incoerência com a linha editorial da revista, que segue uma postura mais "rock'n roll". Entendo a argumentação de Zeca, mas concordar com a lista dele é demais. Entre as trinta canções selecionadas, uma música de Kelly Key (!) na vigésima terceira posição: A loirinha, o playboy e o negão. A lista dele contempla algumas músicas realmente memoráveis — Não quero dinheiro, Gita, Você não soube me amar, etc —, mas também traz incoerência ou, até mesmo, loucura; afinal deixar qualquer canção de Marisa Monte, Chico Science e Caetano — só para citar alguns — atrás de qualquer sucesso de Kelly Key soa como insanidade para mim. Julgamentos à parte, não tenho dúvidas de que qualquer lista — ainda que seja realizada com a melhor das intenções — comete injustiças e rende críticas. Talvez quem teve paciência de ler até aqui esteja esperando a MINHA lista; não a fiz, contudo, por um único motivo: preguiça de pensar nas centenas de milhares de músicas brasileiras boas para selecionar apenas algumas para um trabalhoso escalonamento. De qualquer forma, para não ficar a (falsa) impressão de que escrevi este post para falar mal de Zeca Camargo, devo encerrar dizendo que estou ouvindo, neste momento, uma canção que não deveria ficar de fora de nenhuma lista das melhores músicas brasileiras: Canto de Ossanha, de Baden Powell e Vinícius de Moraes.
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terça-feira, 27 de outubro de 2009
If I fell
Às vezes, este blog parece um confessionário, onde despejo meus sentimentos. Nessa tendência, devo confessar que, há algum tempo, tenho sentido certa preocupação com o que tenho carregado cá dentro. Volta e meia, tenho deparado-me comigo mesma rindo pelos cantos e sonhando acordada. E, não raro, tenho ouvido — repetidas vezes — algumas músicas de temática romântica e lembrado de alguém em todos os filmes aos quais assisti recentemente. Durante esses dias, andei relutando, sem querer acreditar no que pareço sentir. E ainda estou tentando me manter descrente acerca disso. Acho que esqueci como essas coisas desenvolvem-se e, de repente, parece que tudo está acontecendo pela primeira vez. É estranho, como se eu sentisse algo, mas não quisesse ou tivesse medo de sentir; por questões outras, do passado, ou por motivos do presente mesmo.
domingo, 25 de outubro de 2009
Caçulinha do papai
Levantei da mesa e chamei Bruno para passear comigo. Ele jogou-se nos meus braços, para que eu ajudasse-o a descer da cadeira. Assim, segurei firme a sua mão e disse "vamos?". Passo a passo percorremos todo o restaurante, observando cada detalhe do lugar e, volta e meia, rindo um para o outro. Pés gordinhos e dentes, que de tão pequenos, se escondem e só são perceptíveis nas grandes gargalhadas. Ele parecia meio bêbado, andava cambaleando, mas eu — com zelo — protegia-o do chão. Parávamos quando ele achava por bem paquerar um pouco as meninas do saguão, depois retomávamos a caminhada, atrapalhando os garçons e alegrando nosso pai pela nossa união. Já sabia que Bruno estava andando — começou há alguns dias —, mas ainda não tinha visto, nem tampouco passeado com ele, segurando a sua mãozinha. Tinha esquecido como tudo é especial e incrivelmente lindo quando se está ao lado de uma criança. No fim do dia, Bruno riu para mim o seu sorriso mais bonito, mostrando os seus dentinhos, que, de tão pequenos, são quase imperceptíveis.
sábado, 24 de outubro de 2009
O tom de Zé
Desconhecia a canção, mas certo dia — há uns dois anos — recebi um arquivo no MSN que continha um amigo cantarolando seus versos. Trata-se de Tô, de Tom Zé, uma das músicas mais intrigantes — na falta de um adjetivo melhor, vai esse mesmo — que conheço e que me anima de forma impressionante. Recordo-me do quanto fiquei feliz ao ouvi-la em Fabricando Tom Zé. Por muito pouco não levanto da cadeira para ensaiar alguns passos. Enfim, para não confundir demais, escrevo sobre Tô porque hoje cedinho me peguei balbuciando essa canção.
Um adendo: eu pego sotaque por osmose, por pouco não escrevo "DO Zé" e "DO Tom Zé".
Um adendo: eu pego sotaque por osmose, por pouco não escrevo "DO Zé" e "DO Tom Zé".
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
Cumpleaños feliz
Dei-me conta da proximidade do meu aniversário e fiquei um tanto ansiosa. Quem me conhece sabe que não gosto do dia em que fico mais velha; não pela idade, mas porque é uma data em que, de certa forma, exigem sua felicidade e bom-humor. Assim, sinto-me desconfortável com essa obrigatoriedade. No mais, que venha o "meu dia".
"And in the end, the love you take is equal to the love you make"
"And in the end, the love you take is equal to the love you make"
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Poker
Madalena levantou-se do sofá com a mente embaralhada, mas não relutou para fechar os olhos e cair de novo no leito. Perguntou-se bastante sobre coisas que não têm respostas e, quando o sono passou, sorriu fingindo entender tudo.
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
O que eu queria falar,
Nunca concordei com Caymmi quando ele dizia "Quem não gosta de samba, bom sujeito não é", até porque — ao contrário do que se pode pensar — só comecei a ouvir samba em meados deste ano. Então, esses dias, atrevi-me a conversar com um metaleiro e foi verdadeiramente interessante. Sem medir palavras e disposta a ouvir (ler) de tudo um pouco — de riff a power chord — desfrutei do que eu mais gosto de fazer, conversar. E, inesperadamente, o que menos se falou foi sobre heavy metal, até sobre Novos Baianos falou-se mais. Entre os assuntos mais discutidos, a sétima arte — incluindo o clássico O Poderoso Chefão e o novíssimo Bastardos Inglórios. É provável que isso seja inteligível para algumas pessoas, mas o clichê "inteligência é afrodisíaco" faz bastante sentido para mim; diálogo inteligente é algo que, de fato, desperta a minha atenção. Moral da história: diferentemente do cinema — na vida, trilha sonora não é assim tão fundamental, basta saber pronunciar Beauvoir.
domingo, 11 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Que tal um cineminha?
Mesmo com dezenas de páginas para ler, eu não tenho dispensado um cineminha à noite. Só esta semana — que ainda está na metade —, fui ao cinema duas vezes. Na última segunda-feira, assisti a A verdade nua e crua (The ugly truth) e ontem foi a vez do infantil Tá chovendo Hamburguer, (Cloudy with a Chance of Meatballs), ambos produções do cinema estadunidense. Além da coincidência no país de origem — algo não muito improvável, tendo em vista a grande produção cinematográfica dos Estados Unidos —, a temática dos filmes assemelha-se no tocante ao mote televisivo que ambos apresentam em seus roteiros.
Em A verdade nua e crua, a busca pela audiência leva a produtora Abby Richter (Katherine Heigl) a infringir seus princípios e aceitar as idéias malucas do apresentador Mike Alexander (Gerard Butler). Ele tem uma teoria bastante controversa acerca do mundo masculino, que, como sugere o poster do filme, está mais interessado em sexo e não liga para sentimentos. Mike é considerado, por Abby, um grande machista, mas com suas dicas "preciosas", ela conquista um verdadeiro gentleman e percebe que as teorias do apresentador fazem algum sentido.
O filme — não surpreendentemente — é repleto de clichês das "comédias românticas norte-americanas" e dos ensinamentos de livros de auto-ajuda, inclusive a impressão que se tem ao assisti-lo é de estar lendo algo como Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? E claro, o desfecho do longa-metragem não poderia ser mais óbvio. Com toda a carga de elementos negativos do filme, contudo, considero-o uma boa pedida para um fim de noite despretensioso, pois dispõe de certa graciosidade.
Acerca da proposta de Tá chovendo Hamburguer — adaptação de livro infantil escrito pelos próprios roteiristas do filme, Judi Barret e Ron Barrett — é possível tecer comentários mais positivos. Com produção da Sony Pictures, o filme estreou no último fim de semana e já lidera as bilheterias brasileiras, tendo, inclusive, superado o público de Up - altas aventuras, grande aposta dos estúdios Disney / Pixar para este ano.
Assinado por Phil Lord e Chris Miller, que também dirigiram Shrek Terceiro (Shrek the third), o longa conta a história do cientista bem intencionado Flint, capaz de fazer chover comida na sua cidade. Na tentativa de mudar a rotina dos moradores — que, há anos, alimentam-se exclusivamente de sardinha, — ele cria uma máquina para converter a água das nuvens em deliciosos lanches e guloseimas. A cidade inteira comemora a invenção de Flint, que passa a ser ícone do lugar e alvo dos interesses do ambicioso prefeito.
Com a mirabolante invenção, Flint fica a mercê dos desejos gastronômicos dos cidadãos, que exigem cada vez mais da máquina. A situação modifica o comportamento do clima e traz sérias conseqüências para a cidade. Tal fato atrai a cobertura da mídia, que no filme é representada pela (quase) jornalista Sam Sparks, estagiária de uma emissora de TV. Sam, à princípio vista como destrambelhada pelo âncora do telejornal, revela-se uma "nerd" que entende tudo sobre os fenômenos meteorológicos e a invenção de Flint; ou seja, alguém capaz de ajudá-lo na recuperação da normalidade do lugar. E, claro, ela é a mocinha da história por quem Flint vai nutrir certa paixão.
Mundo infantil à parte, uma visão atenta do filme revela um tom de crítica do roteiro à sociedade vigente — que tendendo ao consumo exagerado e à exploração do Meio Ambiente sofre, hoje, com o aquecimento global e as suas conseqüências. Uma inteligente e bem sucedida metáfora da situação do mundo atual que soa como Uma verdade inconveniente destinado ao público infantil. Uma boa sugestão para o Dia das Crianças que se aproxima.
Em A verdade nua e crua, a busca pela audiência leva a produtora Abby Richter (Katherine Heigl) a infringir seus princípios e aceitar as idéias malucas do apresentador Mike Alexander (Gerard Butler). Ele tem uma teoria bastante controversa acerca do mundo masculino, que, como sugere o poster do filme, está mais interessado em sexo e não liga para sentimentos. Mike é considerado, por Abby, um grande machista, mas com suas dicas "preciosas", ela conquista um verdadeiro gentleman e percebe que as teorias do apresentador fazem algum sentido.
O filme — não surpreendentemente — é repleto de clichês das "comédias românticas norte-americanas" e dos ensinamentos de livros de auto-ajuda, inclusive a impressão que se tem ao assisti-lo é de estar lendo algo como Por que os homens fazem sexo e as mulheres fazem amor? E claro, o desfecho do longa-metragem não poderia ser mais óbvio. Com toda a carga de elementos negativos do filme, contudo, considero-o uma boa pedida para um fim de noite despretensioso, pois dispõe de certa graciosidade.
Acerca da proposta de Tá chovendo Hamburguer — adaptação de livro infantil escrito pelos próprios roteiristas do filme, Judi Barret e Ron Barrett — é possível tecer comentários mais positivos. Com produção da Sony Pictures, o filme estreou no último fim de semana e já lidera as bilheterias brasileiras, tendo, inclusive, superado o público de Up - altas aventuras, grande aposta dos estúdios Disney / Pixar para este ano.
Assinado por Phil Lord e Chris Miller, que também dirigiram Shrek Terceiro (Shrek the third), o longa conta a história do cientista bem intencionado Flint, capaz de fazer chover comida na sua cidade. Na tentativa de mudar a rotina dos moradores — que, há anos, alimentam-se exclusivamente de sardinha, — ele cria uma máquina para converter a água das nuvens em deliciosos lanches e guloseimas. A cidade inteira comemora a invenção de Flint, que passa a ser ícone do lugar e alvo dos interesses do ambicioso prefeito.
Com a mirabolante invenção, Flint fica a mercê dos desejos gastronômicos dos cidadãos, que exigem cada vez mais da máquina. A situação modifica o comportamento do clima e traz sérias conseqüências para a cidade. Tal fato atrai a cobertura da mídia, que no filme é representada pela (quase) jornalista Sam Sparks, estagiária de uma emissora de TV. Sam, à princípio vista como destrambelhada pelo âncora do telejornal, revela-se uma "nerd" que entende tudo sobre os fenômenos meteorológicos e a invenção de Flint; ou seja, alguém capaz de ajudá-lo na recuperação da normalidade do lugar. E, claro, ela é a mocinha da história por quem Flint vai nutrir certa paixão.
Mundo infantil à parte, uma visão atenta do filme revela um tom de crítica do roteiro à sociedade vigente — que tendendo ao consumo exagerado e à exploração do Meio Ambiente sofre, hoje, com o aquecimento global e as suas conseqüências. Uma inteligente e bem sucedida metáfora da situação do mundo atual que soa como Uma verdade inconveniente destinado ao público infantil. Uma boa sugestão para o Dia das Crianças que se aproxima.
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segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Brasil, esquentai vossos pandeiros
Hoje, ao ler o blog de um rapaz que estou conhecendo, lembrei-me de que não comentei nada sobre a escolha da sede das Olimpíadas de 2016. Então, resolvi pronunciar-me.
Na sexta pela manhã, eu estava em casa revisando um dos mil trabalhos que o mesmo professor faz questão de pedir toda semana. Do quarto do meu irmão (onde fica o computador), era impossível ignorar os gritos da televisão contando toda a expectativa para a vitória do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Algo realmente surreal, minutos e minutos dedicados exclusivamente àquela expectativa, que aquecia a cidade de Copenhague.
Foi esse clima olímpico que encontrei, horas depois, na faculdade, onde vários estudantes disputavam uma melhor posição no aglomerado de gente que se formou em torno de uma pequena televisão. Tanta gente, algo só comparado aos dias em que a seleção brasileira está em campo. Realmente incrível.
As chances do Brasil eram enormes, além de ter apresentado a campanha mais cara, o Rio de Janeiro disputava com cidades cujos países já foram sedes — Chicago (Estados Unidos - 1904, 1932, 1984 e 1996), Tóquio (Japão - 1964) e Madri (Espanha - 1992). O fato da América do Sul nunca ter sido contemplada com uma Olimpíada também era um ponto a favor da cidade brasileira, que fez questão de destacá-lo com um mapa em que a disparidade da distribuição olímpica ficava latente.
Contra a campanha verde e amarela só havia o fato de que, dois anos antes das Olimpíadas, seremos sede da Copa de 2014. Como essa dobradinha não é inédita — vide México (1968 e 1970), Alemanha (1972 e 1974) e Estados Unidos (1994 e 1996) —, a vitória brasileira foi confirmada.
Chicago perdeu na primeira rodada, com dezoito votos. A cidade mais votada foi Madri, com vinte e oito, seguida do Rio de Janeiro com vinte e seis. Na segunda rodada, a cidade carioca saiu na frente, com quarenta e seis votos, e foi a vez dos japoneses darem adeus ao sonho olímpico. A final foi vencida pelo Rio com expressiva margem de diferença, sessenta e seis votos contra trinta e dois para Madri.
A vitória brasileira foi marcada por grande festa na areia de Copacabana. Em Copenhague, a emoção com a escolha do Rio de Janeiro ficou latente nas lágrimas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rio 2016 entrou para o rol das conquistas do governo Lula, ou seja, mais uma para o discurso "Nunca na história desse país...".
Uma das preocupações com a escolha do Rio de Janeiro como cidade das Olimpíadas de 2016 — somada à escolha do Brasil como sede da Copa dois anos antes — é o alto investimento que país fará para custear todas as obras de instalações esportivas e de infra-estrutura que o Brasil não possui. Somente para a organização do evento olímpico estão previstos U$ 14,4 bilhões, o equivalente a R$ 25 bilhões. Por outro lado, Dilma Roussef — ministra-chefe da Casa Civil, — acalma (?) os brasileiros com "Vamos usar todos os recursos que o país tem. E temos muito, viu?".
Ainda que haja dinheiro, não podemos deixar de lado a preocupação com o orçamento, vide os Jogos Pan-Americanos de 2007. As irregularidades nas contas do Pan elevaram em 793% o orçamento previsto (R$ 409 milhões), em 2002, para o evento. Assim, a fiscalização dos investimentos para a Copa e as Olimpíadas deverá ser rígida para evitar o superfaturamento das obras.
Além da preocupação com os gastos que o Brasil fará nos próximos anos para custear esses eventos, resta uma inquietação com a realidade do país. Impossível não perceber a discrepância entre o comportamento dos brasileiros em relação a dois âmbitos: Esporte e Política.
Durante o período de eleição do Congresso e da Câmara Federais — cujo resultado prático seria notório no dia seguinte, não em seis anos — não houve coberturas extensas sobre a votação e o assunto não teve grandes repercussões nos jornais do dia seguinte, ao menos em Pernambuco. E, diferentemente do Rio 2016, não rendeu um caderno especial no Jornal do Commercio nem a capa da revista Veja, veículos que pude acompanhar na época.
Percebo, ao observar tudo isso, que não há nenhuma anomalia no pensamento do professor Dacier Barros quando afirma que a única instituição com a qual brasileiro identifica-se é o Esporte. Afinal, defende-se o time mesmo quando ele está na quarta divisão — vide Santa Cruz — ou na beira do rebaixamento, como Náutico e Sport.
Partidos e Política são assuntos menores, não merecem caderno específico nos jornais. Não dão audiência, nem vendem. É, talvez seja mais útil eu também deixar a Política de lado e dedicar-me ao Jornalismo Esportivo. Enfim, vou indo. Preciso aprender tudo sobre Badminton até 2016.
Na sexta pela manhã, eu estava em casa revisando um dos mil trabalhos que o mesmo professor faz questão de pedir toda semana. Do quarto do meu irmão (onde fica o computador), era impossível ignorar os gritos da televisão contando toda a expectativa para a vitória do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Algo realmente surreal, minutos e minutos dedicados exclusivamente àquela expectativa, que aquecia a cidade de Copenhague.
Foi esse clima olímpico que encontrei, horas depois, na faculdade, onde vários estudantes disputavam uma melhor posição no aglomerado de gente que se formou em torno de uma pequena televisão. Tanta gente, algo só comparado aos dias em que a seleção brasileira está em campo. Realmente incrível.
As chances do Brasil eram enormes, além de ter apresentado a campanha mais cara, o Rio de Janeiro disputava com cidades cujos países já foram sedes — Chicago (Estados Unidos - 1904, 1932, 1984 e 1996), Tóquio (Japão - 1964) e Madri (Espanha - 1992). O fato da América do Sul nunca ter sido contemplada com uma Olimpíada também era um ponto a favor da cidade brasileira, que fez questão de destacá-lo com um mapa em que a disparidade da distribuição olímpica ficava latente.
Contra a campanha verde e amarela só havia o fato de que, dois anos antes das Olimpíadas, seremos sede da Copa de 2014. Como essa dobradinha não é inédita — vide México (1968 e 1970), Alemanha (1972 e 1974) e Estados Unidos (1994 e 1996) —, a vitória brasileira foi confirmada.
Chicago perdeu na primeira rodada, com dezoito votos. A cidade mais votada foi Madri, com vinte e oito, seguida do Rio de Janeiro com vinte e seis. Na segunda rodada, a cidade carioca saiu na frente, com quarenta e seis votos, e foi a vez dos japoneses darem adeus ao sonho olímpico. A final foi vencida pelo Rio com expressiva margem de diferença, sessenta e seis votos contra trinta e dois para Madri.
A vitória brasileira foi marcada por grande festa na areia de Copacabana. Em Copenhague, a emoção com a escolha do Rio de Janeiro ficou latente nas lágrimas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Rio 2016 entrou para o rol das conquistas do governo Lula, ou seja, mais uma para o discurso "Nunca na história desse país...".
Uma das preocupações com a escolha do Rio de Janeiro como cidade das Olimpíadas de 2016 — somada à escolha do Brasil como sede da Copa dois anos antes — é o alto investimento que país fará para custear todas as obras de instalações esportivas e de infra-estrutura que o Brasil não possui. Somente para a organização do evento olímpico estão previstos U$ 14,4 bilhões, o equivalente a R$ 25 bilhões. Por outro lado, Dilma Roussef — ministra-chefe da Casa Civil, — acalma (?) os brasileiros com "Vamos usar todos os recursos que o país tem. E temos muito, viu?".
Ainda que haja dinheiro, não podemos deixar de lado a preocupação com o orçamento, vide os Jogos Pan-Americanos de 2007. As irregularidades nas contas do Pan elevaram em 793% o orçamento previsto (R$ 409 milhões), em 2002, para o evento. Assim, a fiscalização dos investimentos para a Copa e as Olimpíadas deverá ser rígida para evitar o superfaturamento das obras.
Além da preocupação com os gastos que o Brasil fará nos próximos anos para custear esses eventos, resta uma inquietação com a realidade do país. Impossível não perceber a discrepância entre o comportamento dos brasileiros em relação a dois âmbitos: Esporte e Política.
Durante o período de eleição do Congresso e da Câmara Federais — cujo resultado prático seria notório no dia seguinte, não em seis anos — não houve coberturas extensas sobre a votação e o assunto não teve grandes repercussões nos jornais do dia seguinte, ao menos em Pernambuco. E, diferentemente do Rio 2016, não rendeu um caderno especial no Jornal do Commercio nem a capa da revista Veja, veículos que pude acompanhar na época.
Percebo, ao observar tudo isso, que não há nenhuma anomalia no pensamento do professor Dacier Barros quando afirma que a única instituição com a qual brasileiro identifica-se é o Esporte. Afinal, defende-se o time mesmo quando ele está na quarta divisão — vide Santa Cruz — ou na beira do rebaixamento, como Náutico e Sport.
Partidos e Política são assuntos menores, não merecem caderno específico nos jornais. Não dão audiência, nem vendem. É, talvez seja mais útil eu também deixar a Política de lado e dedicar-me ao Jornalismo Esportivo. Enfim, vou indo. Preciso aprender tudo sobre Badminton até 2016.
domingo, 4 de outubro de 2009
De coração
Desde cedo, discordo do verso "eu quero ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar". E por muitas vezes a vida provou-me que quantidade não significa muita coisa e que, às vezes, significa coisa alguma. Assim, cresci lendo as entrelinhas da vida. Nunca fui de contar namorados, mesmo porque não houve muitos, nem de achar que dinheiro é tudo. Lembro-me de que, quando eu era oitava série, um menino falou-me: não tenho melhor amigo, tenho amigos. Trouxe essa lembrança comigo e, desde então, não creditei esse título a nenhuma das minhas amizades para não ser injusta com nenhuma outra. Considero que existem pessoas com quem se divide certas afinidades e, provavelmente, em determinados momentos, elas estejam mais presentes; tal fato, contudo, não faz das outras menores. Podemos estar há quilômetros de distância ou sem contato há meses, mas sabemos nos reconhecer e carregamos a certeza de que temos pessoas em quem confiar. Ainda que poucas, sinceras.
Para Mayra Luna.
Para Mayra Luna.
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Vamos roubar a prova?
A notícia do adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) fez-me recordar de um episódio semelhante, com suas devidas proporções, que vivi na época do colégio.
Durante os anos em que cursei o ensino médio, não eram raros os comentários como "vamos roubar a prova?". A idéia, invariavelmente, era de autoria dos alunos que achavam impossível aprender as lições de exatas em tão pouco tempo, visto que só se dedicavam aos estudos dessas disciplinas no fim do ano letivo, quando a "prova final" era a última chance para não ser reprovado. Em suma, desperdiçava-se horas de estudo para arquitetar planos infalíveis de como roubar a prova sem ser descoberto.
No segundo ano do ensino médio, o plano saiu do papel e foi executado por alguns alunos. Assim como o indivíduo do ENEM, os estudantes também não obtiveram êxito. Na tentativa de conseguir a prova, eles deixaram a coordenação (onde as provas eram guardadas) bastante bagunçada, com papéis por todo o lado. Provavelmente, ao perceber a aproximação de alguém, jogaram tudo no chão e fugiram. Então, a prova foi anulada.
Ao chegar no colégio, percebi uma movimentação diferente e ouvi um burburinho a respeito do roubo. Passos adiante, recebi a notícia oficial: não haveria prova de Física naquele dia. Eu fiquei contente pelo fato de que teria outros dias para estudar e triste porque sonharia com a prova de Física por mais algumas noites. É que — de tão ansiosa — eu sonhava, religiosamente, com uma provável questão. Inclusive, o sonho recorrente concretizou-se na prova.
Bem, foi apenas uma recordação do tempo em que eu achava que sabia o que era estudar. No mais, desejo boa sorte aos vestibulandos e gostaria de tranqüilizar cada um com o famoso ditado: o que é seu está guardado.
No segundo ano do ensino médio, o plano saiu do papel e foi executado por alguns alunos. Assim como o indivíduo do ENEM, os estudantes também não obtiveram êxito. Na tentativa de conseguir a prova, eles deixaram a coordenação (onde as provas eram guardadas) bastante bagunçada, com papéis por todo o lado. Provavelmente, ao perceber a aproximação de alguém, jogaram tudo no chão e fugiram. Então, a prova foi anulada.
Ao chegar no colégio, percebi uma movimentação diferente e ouvi um burburinho a respeito do roubo. Passos adiante, recebi a notícia oficial: não haveria prova de Física naquele dia. Eu fiquei contente pelo fato de que teria outros dias para estudar e triste porque sonharia com a prova de Física por mais algumas noites. É que —
Bem, foi apenas uma recordação do tempo em que eu achava que sabia o que era estudar. No mais, desejo boa sorte aos vestibulandos e gostaria de tranqüilizar cada um com o famoso ditado: o que é seu está guardado.
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