sábado, 8 de agosto de 2009

Não poderia ser outra coisa

Começo de período todo mundo fica assíduo na xerox do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e sai correndo no final da aula para garantir lugar na fila, que nesta época do ano é enorme. Pois bem, como toda boa aluna que promete, no fim do período anterior, ler todos os textos do período seguinte, gastei meus tostões no primeiro capítulo de Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda. Bem, o professor da cadeira intitulada Realidade Sócio-econômica-política-cultural Brasileira (quase perco o fôlego!), Dacier Barros, já garantiu que essas aulas tendem a ser bem mais instigantes que os silenciosos debates unilaterais da disciplina de Ciência Política, que mediou no semestre passado. Ao que tudo indica, será mesmo, afinal, como o próprio nome diz, trata-se da Realidade [...] Brasileira e se os (futuros) jornalistas não se interessarem por ela, Triste Fim de Policarpo Quaresma (!). Também como reza a cartilha dos primeiros dias de aula, li o texto antes do professor iniciar o assunto e, óbvio, pude compreendê-lo muito melhor. Hoje, contudo, extrapolei as promessas de começo de período e acordei cedo (fato relevante, afinal eu SEMPRE hiberno e, principalmente, porque hoje é sábado) para estudar. É verdade que não faço isso desde os tempos do vestibular e, assim, não é impossível a comparação do vestibulando com o "trabalhador aventureiro", realizada por Dacier. De qualquer forma, vim até aqui — aproveitando o intervalo entre um capítulo e outro — para escrever algumas linhas que li no prefácio do livro supracitado. As palavras são de Antonio Candido (sim, sem acentos) e remontaram-me às saudosas (por que não saudosíssimas?) aulas de História do Brasil ministradas professor José Carlos da Mata no colégio NAP. Incrível como, invariavelmente, lembro-me desse professor quando leio sobre o Brasil; seja em livro de Manuel Correia de Andrade, de Gilberto Freyre ou no prefácio de Raízes do Brasil, escrito por Antonio Candido (!). E tenho certeza de que a leitura desse clássico de Sérgio Buarque de Holanda trará, muitas vezes, a figura de Senhor Wilson (Da mata é muito igual ao velhinho do desenho Dennis, o pimentinha) à minha memória. Voltando ao que interessa (?), lá vai um pouco do significado de Raízes do Brasil, que remonta às aulas de História porque esta ciência, na MINHA opinião, tem muito do que Candido escreveu.
Uma das forças de Raízes do Brasil foi ter demonstrado como o estudo do passado, longe de ser operação saudosista, modo de legitimar as estruturas vigentes, ou simples verificação, pode ser uma arma para abrir caminho aos grandes movimentos democráticos integrais, isto é, os que contam com a iniciativa do povo trabalhador e não o confinam ao papel de massa de manobra, como é uso. [A. Candido, 1986]

2 comentários:

Nessa disse...

raízes é identidade nacional.
e quanto ao professor, acho que ele nos deu uma chance de sermos melhores. :)

Santiago. disse...

Os calouros são um saco, correm para a xerox com a falsa ilusão de que vão ler todos aqueles textos. Coitados, se iludem, e apenas gastam seus tostões, como disse Gabi.

Com relação aos nomes clássicos que você citou aqui, Freyre, Buarque de Holanda, Candido, espero que nas aulas você possa enxergar a diferença entre a História, a Política e a Sociologia presente nos escritos deles.

Abraço.