domingo, 27 de julho de 2008

Eleitor do século XXI! (?)

(Reportagem do JC - 26/07/2008)
“Ele arrasa corações aqui. Merece ganhar pela beleza e pelo resto todo”, disse, animada, a estudante Jacilene Araújo, 21 anos, que caprichou no batom para receber o candidato. Mesmo mãe de quatro filhos, a dona de casa Valéria Cavalcanti, 27 anos, também aproveitou a caminhada para garantir a pose ao lado de Raul. “Um homem lindo desse como prefeito vai deixar a cidade bonita como ele. Largava até meu marido”, assegurou, despreocupada com a volta para casa.
FONTE: JC ON LINE
Pasmei ao ler, pensei até em discorrer algumas linhas a respeito, mas uma reuniãozinha com os velhos amigos interrompeu, merecidamente, esse plano. O avançar da hora ("avançar" porque ainda não dormi) também impossibilitam esse intento e, por trata-se de uma notícia de jornal, não é recomendável esperar para depois. Então, sugiro que o excerto da reportagem seja analisado através de uma visão latu sensu, sem ater-se ao candidato, pois minha intenção foi tão-somente incitar um debate sobre a realidade do atual eleitorado brasileiro, não tão diferente de outrora. NÉ?

sexta-feira, 25 de julho de 2008

bezerra diz:

Creio que a indicação de Emily Watson (Bess) ao Oscar de melhor atriz foi bastante merecida, sua atuação pareceu-me belíssima, com as cenas são incríveis. Minhas impressões sobre o filme foram ótimas, mas infelizmente, não consegui dissociá-las das de Dogville, a maior bilheteria do Cinema da Fundação, e é sobre ele que quero escrever.

Dio. diz:

Foi o primeiro filme dela.

Dio. diz:

Diga aí.

bezerra diz:

Não sabiaaa

bezerra diz:

Infelizmente assisti a Dogville (2004) antes de Ondas do Destino (1996), quebrando a cronologia da produção de Lars Von Trier, fato, talvez, decisivo na minha predileção pelo trabalho mais recente. Creio que o diretor ficaria satisfeito em ouvir tal comentário, por sugerir a deixa de que seu trabalho vem aperfeiçoando-se.

bezerra diz:

Acho que se eu tivesse assistido Ondas primeiro teria gostado mais.

Dio. diz:

Tás falando igual falasse com Scoop.

Dio. diz:

Como se Scoop continuasse Match Point, e Ondas do Destino continuasse Dogville

bezerra diz:

não, não falei isso não.

bezerra diz:

não foi assim não

bezerra diz:

não foi

bezerra diz:

asjkdhsajkdhaksjkjsads

bezerra diz:

achei Scoop fraquinho

Dio. diz:

Mas foi praticamente única justificativa que desse pra Scoop.

bezerra diz:

comparado com outros de Allen

bezerra diz:

é o mesmo diretor e tal

Dio. diz:

hhehehe

Dio. diz:

Eu analiso o filme. Odeio comparar.

bezerra diz:

de qualquer forma, não desgostei deles, só acho que Match e Dogville são melhores

bezerra diz:

também odeio, mas não consigo.

Dio. diz:

Tipo, penso assim: O diretor não faz um filme para ser melhor que outro, ele faz dois filmes, sem associá-los. Porém, obviamente, suas marcas sempre acabam aparecendo, pois são vícios que nem mesmo ele percebe, ou que ele gosta de usar mesmo, pra dar a marca dele.

Dio. diz:

Entende?

bezerra diz:

eu sei disso

Dio. diz:

hihihi

Dio. diz:

Mas sério, essa é uma dica: Quando tu for falar de um filme, não fala "po, não gostei, 'tal filme' é bem melhor". Porque se não o povo vai achar que tu não tá

bezerra diz:

só penso que com o passar dos "filmes" eles fiquem melhores e tal.

bezerra diz:

e é isso que eu espero quando vejo um filme do mesmo diretor e tal

bezerra diz:

tal qual se faz com livros...

bezerra diz:

não espero a continuação da história, mas uma sacada mais interessante, uma elaboração mais bem feita... um aperfeiçoamento...etc...

Dio. diz:

Hmm... mas é que assim fica parecendo que todos os filmes do diretor têm uma mesma base. Assim, como se a pessoa fosse ver dois filmes com a mesma cabeça, só por serem do mesmo diretor.

bezerra diz:

não comparando um filme com o outro, de fato, até porque são 2 filmes diferentes, com conteúdos diferentes, elenco diferente... bláblá

Dio. diz:

Tipo, veja Kubrick. Barry Lyndon foi depois de Laranja Mecânica e é muuuuuito bom. Mas Laranja é muuuuito bom também, melhor, na minha opinião, mas é impossível compará-los meeesmo.

Dio. diz:

Eu te entendo. Só falei aquela dica porque fiquei preocupado por que da outra vez tu falou que não tinha gostado de Scoop por que "Match Point é bem melhor", e tinha medo que tu falasse isso de Ondas do Destino, e ficasse algo superficial, sabe?

bezerra diz:

mas não foi isso, é que achei a abordagem de Scoop forçadinha

Dio. diz:

Hmm... olha aí.

bezerra diz:

coisa com o espírito do cara, bláblá... ficou diferente de Melinda and Melinda e Match por não tá tão real, tão parecido com o cotidiano como geralmente são os filmes de Allen. não viajei por causa disso, achei forçada as sacadas e tal..

Dio. diz:

É, ficou meio bizarrinho isso.

bezerra diz:

mas perceba que nem comparei Match com Melinda...

Dio. diz:

Pronto, é disso que to falando.

bezerra diz:

foi só um comentário e tal..

Dio. diz:

É porque no dia tu não falou nada disso, aí fiquei meio preocupado...

bezerra diz:

claro que dá pra rir em Scoop, dá pra se divertir e tal, mas não tem o caráter de "cotidiano" que os demais filmes de Allen (os que eu assistir) tem.

Dio. diz:

Também não achei isso muito bom não. Mas gostei, no geral.

bezerra diz:

eu ri e sofri com Bess e tal.

bezerra diz:

gostei do filme

bezerra diz:

o que eu tava querendo dizer quando inclui Dogville no comentário foi que ele me emocionou mais... e que eu gostei mais..

bezerra diz:

afinal foi um dos filmes que mais me emocionou.

Dio. diz:

E, no caso, os filmes de Lars são até bem comparáveis, afinal o tema central é "o ser humano em seu estado mais sofrível".

Dio. diz:

Basicamente.

bezerra diz:

claro que o tema é outro, os personagens são outros... mas Dogville me tocou muito mais. era disso que eu queria falar

Dio. diz:

Acho digno.

bezerra diz:

assim como o assunto central de Allen é o cotidiano

bezerra diz:

os de Kubrick que estávamos falando são completamente incomparáveis, até porque tive a sensação de está com outro diretor que não o loucão de Laranjas e de Olhos..

Dio. diz:

É verdade.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O caráter cênico VI.

SOBRE AUGUSTO BOAL

Carioca do bairro da Penha, Augusto Pinto Boal nasceu em 1931, filho da dona de casa Albertina Pinto e de José Augusto Boal, padeiro português.

Desde cedo mostrou aptidão para as artes, tendo por costume brincar de teatro quando criança, escrevendo e montando peças durante os encontros familiares. Na juventude, entretanto, apaixonou-se pelos cálculos, formando-se engenheiro químico pela atual Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na década de 1950, por ocasião de um Ph.D na Universidade de Columbia, Boal reencontra a arte e torna-se aluno de John Gassner na School of Dramatics Arts (Universidade de Columbia).

Ao retornar ao Brasil, em 1956, é convidado por Sábato Magaldi e José Renato para dirigir o Teatro Arena, fundado em 1953, na cidade de São Paulo. Sob o mote de nacionalizar o teatro brasileiro, realizando espetáculos de baixos custos e incentivando os artistas nacionais, o Teatro Arena surgia como alternativa às práticas do Teatro Brasileiro de Comédia, renomado por possuir produções sofisticadas e repertórios internacionais.

Sua primeira direção rendeu-lhe o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) como diretor-revelação, em 1956, com a peça de John Steinbeck, Ratos e Homens. O primeiro texto não tardou, afinal, a crise do Teatro Arena agravava-se e obriga a companhia a investir em textos nacionais. No ano seguinte, então, Boal encenou a peça Marido Magro, Mulher Chata, uma comédia de costumes, cujo cenário era Copacabana, marcando sua estréia como autor.

A companhia reergue-se com o sucesso da renomada peça de Gianfrancesco de Guarniere, Eles Não Usam Black Tie, e durante as décadas de 1950 e 1960, através do Seminário de Dramaturgia, proposto por Augusto Boal, o Teatro Arena consegue firmar-se como dramaturgia genuinamente brasileira, sendo de essencial conhecimento para os apreciadores da arte cênica. O embrião do grande trabalho de Boal, o Teatro do Oprimido, começa a surgir na década seguinte, através do Teatro-Jornal, iniciado a partir de experimentos do Núcleo Dois do Arena.

O Brasil já amargurava a ditadura militar quando Boal, junto a Oduvaldo Vianna Filho, o Vianinha, Paulo Pontes e Armando Costa, dirigiu o show Opinião, que daria início ao Grupo Opinião, numa proposta de resistência através da arte. Com o AI-5, promulgado nos idos de 1968, no entanto, os artistas passaram a ser perseguidos, tendo o Teatro Arena, inclusive, excursionado durante um ano por alguns países da América, na tentativa de dar continuidade aos seus ideais.

Em fevereiro de 1971, Augusto Boal teve a liberdade tolhida, sendo seguidamente preso, torturado e exilado. Durante o exílio, morou em vários países, permanecendo por dois anos em Portugal, onde recebeu a famosa carta, posteriormente musicada (Meu Caro Amigo), de Chico Buarque. Lá também escreveu e montou, sob o título de Mulheres de Atenas e com músicas de Chico Buarque, uma adaptação da peça grega Lisístrata, uma comédia anti-guerra, de Aristófanes. Posteriormente, estabeleceu-se na França, a partir de 1978, onde desenvolveu, com ajuda de sua esposa, as técnicas introspectivas da arte cênica publicadas no livro Teatro do Oprimido: o Arco-Íris do Desejo, tendo na capital francesa, inclusive, criado o Centre du Théatre de l´Opprimé-Augusto Boal, em 1979.

O objetivo do Teatro do Oprimido, inspirado na proposta de Paulo Freire para a educação, era democratizar o acesso de todas as camadas sociais às produções teatrais, através de novas técnicas e novos exercícios, formulados por Augusto Boal, para a preparação dos atores. A metodologia proposta pelo dramaturgo brasileiro é, hoje, uma realidade, tendo seus conceitos praticados em todos os continentes.

"O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos "espect-atores" . [BOAL, Augusto]

A convite de Darcy Ribeiro, então Secretário de Educação do Rio de Janeiro, Boal volta ao Brasil, em 1986, com a missão de dirigir o projeto Fábrica de Teatro Popular, que tem por objetivo tornar a linguagem teatral mais acessível ao público. Posteriormente, ele tenta difundir o Teatro do Oprimido no Brasil através da criação de um centro homônimo na capital carioca, o CTO-Rio.

Provavelmente, na intenção de difundir o projeto de forma mais acelerada, Augusto Boal entra na política e consegue eleger-se vereador da cidade natal em 1992, pelo Partido dos Trabalhadores. E como conseguiu, através do Teatro dos Oprimidos, tornar o espectador um ator, ousou tentando transformar o eleitor em legislador, praticando o Teatro como Política.

Dando continuidade ao seu trabalho de tendência nacionalista, transformou, em 1999, a ópera Carmem, de Bizet, em SAMBÓPERA, traduzindo as músicas originais para ritmos brasileiros.

Hoje, em virtude do Teatro do Oprimido, com obras traduzidas em mais de vinte idiomas, Augusto Boal é um dos indicados ao Prêmio Nobel da Paz de 2008 e, ainda assim, infelizmente, poucos brasileiros conhecem sua obra.


REFERÊNCIAS:

Augusto Boal in CURRICULO BOAL. Disponível em:
http://www.ctorio.org.br/CURRICULO%20BOAL.htm
Acessado em 21/07/08

Boal, Augusto (1931) in Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=personalidades_biografia&cd_verbete=703
Acessado em 21/07/08

Augusto Boal in Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Augusto_Boal
Acessado em 21/07/08

segunda-feira, 21 de julho de 2008

1976 -- Chico Buarque e Augusto Boal


Chico Buarque compôs MULHERES DE ATENAS para peça homônima de Augusto Boal, sugerindo a metáfora da submissão feminina, não só no mundo grego, mas no próprio Ocidente.
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Guardam-se pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não têm sonhos, só têm presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas


Chico Buarque musicou, com
Francis Hime, a carta destinada ao dramaturgo Augusto Boal, exilado em Lisboa, sob o título de MEU CARO AMIGO.
Meu caro amigo me perdoe, por favor
Se eu não lhe faço uma visita
Mas como agora apareceu um portador
Mando notícias nessa fita

Aqui na terra tão jogando futebol

Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita mutreta pra levar a situação
Que a gente vai levando de teimoso e de pirraça
E a gente vai tomando e também sem a cachaça

Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu não pretendo provocar
Nem atiçar suas saudades
Mas acontece que não posso me furtar
A lhe contar as novidades

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol


Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

É pirueta pra cavar o ganha-pão
Que a gente vai cavando só de birra, só de sarro
E a gente vai fumando que, também, sem um cigarro
Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu quis até telefonar
Mas a tarifa não tem graça
Eu ando aflito pra fazer você ficar
A par de tudo que se passa

Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol


Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Muita careta pra engolir a transação
E a gente tá engolindo cada sapo no caminho
E a gente vai se amando que, também, sem um carinho

Ninguém segura esse rojão

Meu caro amigo eu bem queria lhe escrever
Mas o correio andou arisco
Se me permitem, vou tentar lhe remeter
Notícias frescas nesse disco


Aqui na terra tão jogando futebol
Tem muito samba, muito choro e rock'n'roll
Uns dias chove, noutros dias bate sol

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

A Marieta manda um beijo para os seus
Um beijo na família, na Cecília e nas crianças

O Francis aproveita pra também mandar lembranças
A todo o pessoal
Adeus

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Cadê a apuração?

No mesmo dia em que o Jornal do Commércio (JC) publica, através da Agência O Globo, o texto de Ancelmo Gois comentando, em “xará inocente”, a gafe do jornal italiano La Stampa, comete a grosseria de confundir a nova Miss Universo.

O caso Daniel Dantas (banqueiro) tem gerado polêmica para além do âmbito político, fãs desavisados do ator homônimo têm desesperado-se com as denúncias nos noticiários, gerando equívocos quanto à identidade do verdadeiro acusado.

La Stampa publicou a notícia da prisão do banqueiro, capa, inclusive, dos semanários brasileiros mais lidos do país, mas errou na foto, exibindo, erroneamente, a foto do ator Daniel Dantas, que atualmente atua na novela global Ciranda de Pedra. A confusão foi comentada pelo colunista Ancelmo Gois, em coluna no jornal O Globo, também publicada no JC de hoje.

Quem ler o mesmo jornal, perceberá gafe semelhante no caderno cultural do JC, quando se refere à Miss Universo eleita no último domingo, a venezuelana Dayana Mendoza, e publica foto da vice, a colombiana Taliana Vargas.

Claro que a proporção do equívoco é bem menor que a cometida pelo jornal italiano, mas fica a crítica e o clamor por maior apuração.


*Mudando de assunto, recomendo o vídeo, cujo tema foi reportagem do NE TV, Jornal Hoje e Jornal Nacional de ontem (15) e chamou-me bastante atenção pela grande força de vontade de um ex-morador de rua recifense.
*Novamente, créditos a Ana Gabriela López, pela disposição em ajudar.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Política(gem)

A proximidade eleitoral já é notória nas ruas, cobertas por bandeirolas e fotos dos candidatos. Na programação da TV e do rádio, algumas conversas com prefeituráveis acontecem em clima de camaradagem, debates e diálogos mais eleitoreiros só surgirão a partir do Horário Eleitoral, com início em agosto.

Conforme sugere a reportagem do JC de hoje, as animosidades começam a ficar latentes. Na última sexta-feira (11), o polêmico Newton Carneiro (PRB), prefeito-candidato à prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, já gerou balbúrdia ao, abertamente, pedir votos aos delegados do Orçamento Participativo em reunião. Paulo Rubem (PDT), deputado federal e candidato, pede investigação do caso à Polícia Federal, o também prefeiturável André Campos (PT) ainda não definiu ação.

(REPORTAGEM NA ÍNTEGRA)
Newton enfrenta ações do PT e PDT
Publicado em 15.07.2008

O pedetista Paulo Rubem pede à Justiça Eleitoral investigação sobre a reunião do prefeito-candidato com delegados do OP, quando Newton pediu votos. Já o petista André Campos está definindo a ação

O prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Newton Carneiro (PRB), virou alvo na Justiça ap
ós pedir votos para a reeleição em um evento realizado pela prefeitura. O deputado federal e prefeiturável, Paulo Rubem (PDT), entrou ontem com um pedido de investigação eleitoral para verificar se houve ou não uso da máquina na reunião com delegados do Orçamento Participativo (OP), na última sexta-feira. Na ação, o parlamentar pede a impugnação da candidatura do prefeito, caso a infração seja comprovada. O deputado estadual e também prefeiturável André Campos (PT) anunciou que também vai acionar Newton, mas ainda não definiu o tipo da ação.

Além de querer a impugnação do prefeito-candidato, Paulo Rubem pede ainda a inegibilidade do secretário municipal de Cultura, Amaury Cândido. Na reunião do OP, ele pediu votos aos delegados. A ação foi protocolada na 147ª zona eleitoral. Newton e Amaury ainda não foram notificados.

A assessoria jurídica de André Campos informou que vai entrar na Justiça até amanhã, mas não quis dar mais detalhes. O petista adiantou que vai questionar o possível uso da máquina, mas não vai se ater aos ataques pessoais proferidos por Newton. “Só lamento que ele tenha se referido a uma pessoa que não pode mais responder, que é meu pai (Wilson Campos, já falecido)”, disse.

Na reunião com delegados do OP, num hotel, Newton pediu votos abertamente. “Vim aqui pedir votos e apoio de vocês nessa campanha”, disse. O prefeito também acusou André de “participar de uma quadrilha” e disse que a gestão de Carlos Wilson, irmão de André, na Infraero foi “corrupta” e que o pai deles deu início à “quadrilha” na década de 1970, quando presidiu o Bandepe.

FONTE: JC ONLINE

Newon Carneiro é famoso por medidas de caráter esdrúxulo (cemitério para bandido como proposta para o fim da violência - leia aqui) e acusações de improbidade administrativa, mantendo o eleitorado através de melhorias sociais que promoveu, em mandatos anteriores, na cidade, como construção de casas para população carente. O canditado declarou, há alguns dias, que não fará campanha, provavelmente apostando nos fiéis eleitores; a disputa, nesta eleição, com renomados candidatos (André Campos e Paulo Rubem), porém, parece ameaçar a continuidade de Newton na prefeitura.


*Créditos a Ana Gabriela López pelo fornecimento da reportagem em formato digital.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

O caráter cênico V.

"TEATRO É AO VIVO, VÁ VER"

A programação teatral da cidade parece esconder-se do público. Com várias peças acontecendo na cidade, sites como o "pe360graus" só divulgam o Balé de São Petersburgo, custando nada mais nada menos que cinqüenta reais (R$50) para estudantes. A crítica, proferida aqui, não se destina ao Balé, que, com composição de Tchaikovsky, certamente é belíssimo, mas à má divulgação dos programas culturais. Combatendo-a, há a
Agenda Cultural, divulgada pela Prefeitura da Cidade do Recife, que teve a sua primeira publicação no ano de 1995, com distribuição gratuita em locais de acesso público, além de possuir uma versão online.

Medéaaponto, peça conhecida por mim através de tal agenda, chamou a minha atenção por tratar-se de uma personagem curiosa e complexa da mitologia grega. Medéia exala um quê de feminismo e leva ao extremo o ciúme, com requintes de crueldade. Além de ser uma adaptação da obra de Eurípides, um dos grandes
tragediógrafos da Grécia Antiga, sendo Medéia uma de suas grandes peças.

Sábado (12/julho), portanto, fui ao Teatro
Alfredo de Oliveira, anexo do Teatro Waldemar de Oliveira, assistir à peça, que disputou (?) público com Um Sábado em Trinta, de Luiz Marinho, cujo ingresso estava, instantes antes de começar, custando cinqüenta reais (R$50). Ao perceber a grande quantidade de pessoas na bilheteria e ao ser informada do espetáculo de Luiz Marinho, homenageado do VII Festival Recife do Teatro Nacional, lembrei da minha "teoria" de que o recifense, em geral, só vai aos teatros e aos cinemas ditos culturais quando trata-se de uma apresentação renomada.

Não pensei duas vezes em comprar o ingresso para Medéaaponto, não só pelo meu interesse anterior, como também pelo preço, quase dez (10) vezes mais barato que a peça-alvo (Sábado em Trinta) daquela noite. Ao entrar no teatro, percebi que quase ninguém pensou como eu, pois o "despovoamento" das cadeiras era notório, embora o recinto fosse pequeno (bem pequeno).

Havia apenas uma atriz em cena — o que não significa dizer que era um monólogo — que interpretava e cantava com muito talento, esbanjando experiência. Algumas "inovações tecnológicas" na cena, mesmo bastante ousadas, não me fizeram perder o interesse, quebraram, pois, o clima tenso, confesso que passei boa parte do tempo com medo, de forma interessante. Recomendo.

MEDÉAAPONTO
O espetáculo vai fundo na mitologia grega e exibe de forma visceral um dos mais marcantes trabalhos de valor imaginativo da literatura ocidental. Com direção de Marcondes Lima, a peça mostra a entrega absoluta da atriz ao seu personagem que além de Medéia desempenha a voz da ama, de Creonte e de outros personagens. A música é o elemento dialético mais marcante da montagem já que as falas da protagonista soam como canções de pesar e degredo.
Sab | 21h
Teatro Alfredo de Oliveira
Praça Osvaldo Cruz, Boa Vista, Recife
Tel 3222 1200
R$ 12 e R$ 6