No apartamento dela, onde sempre havia madrugadas musicais, nasceu a Bossa Nova. Nara participava mais na condição de amadora, desde sempre, porém, ganhou o título inalienável de Musa do movimento. Num dos shows despretensiosos na faculdade, Silvinha Telles chamou Nara para o palco, onde ela cantou de costas para o público, devido a sua timidez.
Sua estréia profissional só ocorreu em 1963, já na segunda fase da Bossa Nova, quando, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, cantou Pobre Menina Rica.
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Que eu sou feliz, feliz só porque
Tenho tudo quanto existe
Pra não ser infeliz
Pobre menina tão rica
Que triste você fica se vê
Um passarinho em liberdade
Indo e vindo à vontade, na tarde
Você tem mais do que eu
Passarinho, do que a menina
Que é tão rica e nada tem de seu
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Nara, ainda, buscou resgatar a música de morro, regravando sambistas como Cartola e Nelson do Cavaquinho, sendo a primeira cantora branca da zona sul a valorizar as raízes do samba.
01 - Opinião
(Zé Kéti)
02 - Acender as velas
(Zé Kéti)
03 - Derradeira primavera
(Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
04 - Berimbau – ritmo de capoeira
(João Melo e Clodoaldo Brito)
05 - Sina de caboclo
(João do Vale e J. B. de Aquino)
06 - Deixa
(Baden Powell e Vinicius de Moraes)
07 - Esse mundo é meu
(Sergio Ricardo)
08 - Labareda
(Baden Powell e Vinicius de Moraes)
09 - Em tempo de adeus
(Edu Lobo e Rui Guerra)
10 - Chegança
(Edu Lobo e Oduvaldo Viana Filho)
11 - Na roda da capoeira
(Folclore baiano)
12 - Malmequer
(Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar)
Foi através desse disco que Nara passou a incorporar ao seu canto um clamor à resistência democrática no país. Assim, trocando farpas com o regime militar, ela quase foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional, tendo escapado devido à mobilização de intelectuais, Carlos Drummond de Andrade escreveu, inclusive, um poema defendendo-a.
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“...Os militares podem entender de canhão e metralhadora, mas não pescam nada de política.” (Nara Leão)
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Posteriormente, em 1966, na época áurea dos festivais, Nara canta, ao lado de Chico Buarque, A Banda, música, por muitos, considerada o marco da mutação da Bossa Nova para a MPB, vencendo o II Festival de Música Popular Brasileira.VÍDEO
De personalidade crítica, Nara, ainda, foi uma das primeiras cantoras consagradas a aderir ao Tropicalismo, movimento musical que visava a quebra dos preconceitos na música brasileira, tendo participado do LP Tropicália ou Panis et Circenses, em 1968, cantando Lindonéia.
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“Ele [o violão] é como um namorado. Ajuda, aconchega.”
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Bibliografia Consultada:
TÁVOLA, Artur de.; Nara Leão: O Canto da Resistência. Revista Contato (Brasília), v. 2, n. 6, p. 145-158, jan. 2000.
Nara Leão. Agenda do Samba e Chora. Disponível em: http://www.samba-choro.com.br/artistas/naraleao
Acesso em: 05 de junho de 2008.
Acesso em: 06 de junho de 2008.
6 comentários:
Por que sinto falta de Nara sem ter vivido aquela época? Sinto falta como se tivesse vivido aquela época.
pleno
repleto
atestado
maciço
compacto
carregado
abundante
gordo
nutrido
deleitoso e bem passado.
Eis aqui um bom blog!
Parabéns!
8)
Não conheço Nara, mas ela é a pedra angular da MPB. Do samba ao jazz, da tropicália à bossa nova, Nara é onipresente, ubíqua.
Belo texto, belos versos, bela cantora, beleza pura.
É bom ter alguém sempre divulgando nossos cantores, que eu pouco conheço, mas o pouco que conheço, admiro com afinco. =)
Abraços,
Diogo.
adoro Nara. adoro. adoro. adoro.
grande nara, pequena grande gabi!
:)
1 ano
50 postagens
Que blog marlindo!
Beijão e parabéns,
Diogo.
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