sábado, 7 de junho de 2008

Leão, Nara Lofego.

Filha caçula de capixabas e irmã da, então jornalista, Danuza, Nara Leão nasceu no sábado do dia 19 de janeiro de 1942, também em Vitória. Com um ano, apenas, enraizou-se na zona sul carioca, durante a expansão de Copacabana. Aos 11 anos, conheceu, em tal praia, o seu futuro namorado e amigo de toda a vida, Roberto Menescal, a quem apresentou o jazz.

No apartamento dela, onde sempre havia madrugadas musicais, nasceu a Bossa Nova. Nara participava mais na condição de amadora, desde sempre, porém, ganhou o título inalienável de Musa do movimento. Num dos shows despretensiosos na faculdade, Silvinha Telles chamou Nara para o palco, onde ela cantou de costas para o público, devido a sua timidez.

Sua estréia profissional só ocorreu em 1963, já na segunda fase da Bossa Nova, quando, ao lado de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra, cantou Pobre Menina Rica.

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POBRE MENINA RICA

Eu acho que quem me vê, crê
Que eu sou feliz, feliz só porque
Tenho tudo quanto existe
Pra não ser infeliz

Pobre menina tão rica
Que triste você fica se vê
Um passarinho em liberdade
Indo e vindo à vontade, na tarde

Você tem mais do que eu
Passarinho, do que a menina
Que é tão rica e nada tem de seu

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Nara, ainda, buscou resgatar a música de morro, regravando sambistas como Cartola e Nelson do Cavaquinho, sendo a primeira cantora branca da zona sul a valorizar as raízes do samba.

Durante os anos 1960, já como cantora profissional, Nara adota posturas musicais diferentes, passando a cantar músicas de protesto, embalada com as atividades dos Centros Populares de Cultura da UNE (CPC). Lança, em 1964, seu primeiro disco, Opinião de Nara, cujo nome despertou em Oduvaldo Viana Filho a idéia de intitular um dos shows mais importantes da época de Opinião, que contou, ainda, com a participação de Zé Kéti e deu início à carreira de Maria Bethânia.

01 - Opinião
(Zé Kéti)

02 - Acender as velas
(Zé Kéti)

03 - Derradeira primavera
(Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
04 - Berimbau – ritmo de capoeira
(João Melo e Clodoaldo Brito)
05 - Sina de caboclo
(João do Vale e J. B. de Aquino)
06 - Deixa
(Baden Powell e Vinicius de Moraes)
07 - Esse mundo é meu
(Sergio Ricardo)

08 - Labareda
(Baden Powell e Vinicius de Moraes)
09 - Em tempo de adeus
(Edu Lobo e Rui Guerra)

10 - Chegança
(Edu Lobo e Oduvaldo Viana Filho)
11 - Na roda da capoeira
(Folclore baiano)

12 - Malmequer
(Newton Teixeira e Cristóvão de Alencar)

Foi através desse disco que Nara passou a incorporar ao seu canto um clamor à resistência democrática no país. Assim, trocando farpas com o regime militar, ela quase foi enquadrada na Lei de Segurança Nacional, tendo escapado devido à mobilização de intelectuais, Carlos Drummond de Andrade escreveu, inclusive, um poema defendendo-a.

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“...Os militares podem entender de canhão e metralhadora, mas não pescam nada de política.” (Nara Leão)
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Posteriormente, em 1966, na época áurea dos festivais, Nara canta, ao lado de Chico Buarque, A Banda, música, por muitos, considerada o marco da mutação da Bossa Nova para a MPB, vencendo o II Festival de Música Popular Brasileira.VÍDEO

De personalidade crítica, Nara, ainda, foi uma das primeiras cantoras consagradas a aderir ao Tropicalismo, movimento musical que visava a quebra dos preconceitos na música brasileira, tendo participado do LP Tropicália ou Panis et Circenses, em 1968, cantando Lindonéia.

A partir do ano de 1968, com a instituição do AI-5, ainda no governo de Costa e Silva, a repressão aumentou, obrigando-a, já casada com o cineasta Cacá Diegues, a exilar-se na Itália e, depois, na França, onde nasceu sua filha Isabel.

Ao voltar para o Brasil, Nara, após o nascimento do seu filho Francisco, deixa a vida de cantora famosa para prestar vestibular, passando em um dos primeiros lugares no curso de psicologia, Não chegou a concluir a faculdade, pois não resiste e volta à música, gravando vários discos e fazendo shows pelo mundo, acompanhada do grande amigo Roberto Menescal.

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Ele [o violão] é como um namorado. Ajuda, aconchega.”
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Em decorrência de um tumor inoperável, no dia 7 de junho de 1989, há exatos 19 anos, na sua quase cidade natal, Rio de Janeiro, Nara Leão morreu prematuramente, aos 47 anos, deixando um grande legado para a música brasileira.



Bibliografia Consultada:

TÁVOLA, Artur de.; Nara Leão: O Canto da Resistência. Revista Contato (Brasília), v. 2, n. 6, p. 145-158, jan. 2000.

Nara Leão. Agenda do Samba e Chora. Disponível em: http://www.samba-choro.com.br/artistas/naraleao
Acesso em: 05 de junho de 2008.

Centro Popular Cultural da UNE. Enciclopédia ITAÚ Cultural. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_teatro/index.cfm?fuseaction=cias_biografia&cd_verbete=459
Acesso em: 06 de junho de 2008.

6 comentários:

Mendes disse...

Por que sinto falta de Nara sem ter vivido aquela época? Sinto falta como se tivesse vivido aquela época.

Anônimo disse...

pleno
repleto
atestado
maciço
compacto
carregado
abundante
gordo
nutrido
deleitoso e bem passado.

Eis aqui um bom blog!

Parabéns!
8)

Dio disse...

Não conheço Nara, mas ela é a pedra angular da MPB. Do samba ao jazz, da tropicália à bossa nova, Nara é onipresente, ubíqua.
Belo texto, belos versos, bela cantora, beleza pura.
É bom ter alguém sempre divulgando nossos cantores, que eu pouco conheço, mas o pouco que conheço, admiro com afinco. =)

Abraços,
Diogo.

Gabriela Alcântara disse...

adoro Nara. adoro. adoro. adoro.

Mai Melo disse...

grande nara, pequena grande gabi!
:)

Dio disse...

1 ano
50 postagens
Que blog marlindo!

Beijão e parabéns,
Diogo.