domingo, 27 de junho de 2010

O sorriso dela, meu assunto

-Pra você.
Qual não foi a surpresa de Rita ao receber a carta ainda naquela noite? Acabara de chegar em casa acompanhada de alguns amigos e parecia sem esperanças. Tudo indicava que a bicicleta do carteiro estaria deveras longe de qualquer uma das ruas próximas dali. Entusiasmada com a surpresa, riu de si mesma e do envelope, recheado com plástico bolha para garantir que, além da carta, os DVDs repletos de música chegariam intactos. Eles continham a discografia completa de Chico e até mesmo dos estimados garotos de Liverpool. Seus amigos achavam graça do sorriso espontâneo e um tanto bobo que Rita expressava ao ler cada uma das frases escritas pelo amigo de longe. Rememorava momentos e sentia-se querida. Posteriormente, gargalhou ao identificar que tudo estava escrito em uma folha de caderno de Música. Apenas duas notas apareciam preenchidas. Aquelas mesmas que aprendera com o garoto em outra ocasião. Seus amigos incompreendiam tanto êxtase, inclusive por não estarem habituados com aquela forma de comunicação. Coisas do mundo (pós) moderno. Rita não prestava atenção nas expressões dos amigos naquele momento, permanecia relendo. Chegando em casa, guardou tudo com carinho na sua caixa colorida e pensou como foi bom receber algo tão esperado numa hora considerada improvável. Ao fim da noite - quase dia, na realidade - pôs um dos DVDs para tocar e foi dormir. Quanto à carta, leria novamente no dia seguinte.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Não leve o bolão tão a sério

Nem as discussões entre Dunga e a Globo, muito menos o som das vuvuzelas, o que está me irritando nesta Copa são os apostadores de bolão. Mesmo com algumas copas na "bagagem", ainda não consigo conceber as pessoas torcendo para o Brasil parar de marcar gols ou até mesmo para Júlio César não conseguir realizar alguma defesa. Tudo isso para não errar o placar apostado. Domingo foi exatamente assim. Enquanto assistia à segunda partida da seleção na África, observei muita gente mudar de torcida para garantir a pontuação no bolão; de brasileiros passaram a costa-marfinenses de última hora. Não apostaram que a defesa do Brasil sairia ilesa daquele certame. E não saiu, Drogba diminuiu o placar no segundo tempo (34') com um gol de cabeça. Os apostadores foram ao delírio, haviam acertado o placar final (3X1). Contudo, no dia seguinte, não faltaram lamúrias dos que não contavam com três gols do Brasil. "Luís Fabiano matou a bola com a mão, o segundo gol devia ser anulado!", comentavam nos corredores. Claro que a polêmica procede, mas esse comentário não soa natural aos meus ouvidos. Com que freqüência um torcedor, sobretudo, brasileiro xinga o juiz porque o gol do seu time foi validado? Logo desconfiei e, em seguida, confirmaram. Haviam apostado no dois a um para o Brasil. Os bolões estão invertendo a lógica do futebol, da torcida. O sucesso do time deixou de ser tão importante, vale mais subir posições no ranking do bolão. Uma lástima. Felizmente, ainda apostam no hexa.