Esses dias, não sei exatamente o motivo, mas deu-me uma vontade louca de ler Vidas Secas. Desde que tive conhecimento da existência do livro, tardiamente no segundo ano, fiquei interessada na leitura que protelei até a presente data. Ontem, acordei decidida: Preciso conhecer a história de Baleia! Então, dirigi-me ao site da Livraria Cultura (sim, eu tenho preguiça) e pedi que me trouxessem o livro em casa.
Cheguei tarde da labuta diária ontem, ainda assim não deixei de dar uma lidinha rápida na mais famosa obra do escritor Graciliano Ramos. E hoje, mesmo bastante cansada e com o adicional "cólica", não posso deixar de escrever as minhas primeiras impressões.
Pouco li sobre Baleia, mas já deu para perceber que o clima do livro é bem mais pesado do que eu imaginava. Uma passagem do livro remontou-me a uma foto famosa bastante triste e angustiante de uma criança moribunda da África, trazendo grande melancolia para a minha noite, principalmente ao lembrar que o livro é ficção, mas que a foto é uma cruel realidade comum em todos os lugares do mundo.
Cheguei tarde da labuta diária ontem, ainda assim não deixei de dar uma lidinha rápida na mais famosa obra do escritor Graciliano Ramos. E hoje, mesmo bastante cansada e com o adicional "cólica", não posso deixar de escrever as minhas primeiras impressões.
Deve-se escrever da mesma maneira como as lavadeiras lá de Alagoas fazem seu ofício. Elas começam com uma primeira lavada, molham a roupa suja na beira da lagoa ou do riacho, torcem o pano, molham-no novamente, voltam a torcer. Colocam o anil, ensaboam e torcem uma, duas vezes.Bem, na capa do livro que comprei tem uma citação muito perspicaz do autor que me rendeu alguns momentos de reflexão. Comparando o ato de escrever com a maneira como as lavadeiras de Alagoas lavam as roupas, Graciliano deixa uma lição aparentemente óbvia, mas muito importante: "A palavra foi feita para dizer."
Depois enxaguam, dão mais uma molhada, agora jogando a água com a mão. Batem o pano na laje ou na pedra limpa, e dão mais uma torcida e mais outra, torcem até não pingar do pano uma só gota.
Somente depois de feito tudo isso é que elas dependuram a roupa lavada na corda ou no varal, para secar. Pois quem se mete a escrever devia fazer a mesma coisa. A palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso; a palavra foi feita para dizer. [RAMOS, Graciliano]
Pouco li sobre Baleia, mas já deu para perceber que o clima do livro é bem mais pesado do que eu imaginava. Uma passagem do livro remontou-me a uma foto famosa bastante triste e angustiante de uma criança moribunda da África, trazendo grande melancolia para a minha noite, principalmente ao lembrar que o livro é ficção, mas que a foto é uma cruel realidade comum em todos os lugares do mundo.
A catinga estendia-se, de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas. O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. [RAMOS, Graciliano]Sem mais, pois ainda estou nas primeiras páginas do livro, termino este texto para retornar a minha longa caminhada com os retirantes de Vidas Secas.
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