quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Saudade da boneca Soninho

Soninho era o nome de uma boneca muito querida que eu tive na minha infância, quando tinha cerca de cinco anos de idade. Certo dia, Soninho ficou velha(?) e feia(?), eis que minha mãe decidiu "seqüestrá-la". Os dias passaram, a ausência de Soninho foi sendo percebida, mas ao perguntar sobre o paradeiro da boneca, só ouvia "não sei" como resposta. Meio que já desconfiada que minha mãe faria isso a qualquer momento, não prolonguei as buscas e pus-me a chorar bastante, de saudade e de tristeza, pois nunca mais tornaria a vê-la. E assim os anos se passaram, mas o dia do sumiço da querida Soninho, ainda hoje, permeia a minha memória e com freqüência reaparece em meus pensamentos, pois nunca gostei de nenhuma outra boneca quanto gostei dela.

Hoje, lendo um texto, que versava sobre a Pluralidade de Perspectiva, para a cadeira de Introdução à Filosofia, encontrei algo que minha mãe deveria ter lido antes de tomar a decisão de jogar Soninho no lixo ou tê-la dado a alguma outra criança. Ao ler, senti uma saudade grande da minha companheira de outrora.
"Um velho brinquedo de pelúcia de uma criança que, segundo sua mãe, merece ir para o lixo, pode ter para quem o possui um sentido infinitamente mais rico, em relação ao qual a simples idéia de descartá-lo significa uma agressão."
SOUZA, Ricardo Timm. Sobre a Construção do Sentido: O Pensar e o Agir entre a Vida e a Filosofia. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 2003. p. 17.

6 comentários:

Santiago. disse...

isso é verdade gabriela. tua mãe é má. é q "gnt grande" pensa q crianças n possuem individualidade. essa qstao remete a contrução do self. tem crianças q fazem de bonecos um amigo oculto. acho q esse n era o seu caso, mas isso é verdadeiro para muitas crianças.
mas já q n tem soninho, te contenta com o palhacinho.

abraço.

Girabela disse...

É, ontem, ela disse que não dimencionou as conseqüências daquele ato.
É impressionante como não damos a devida importância à mente infantil e à simplicidade das coisas. Dia desses mainha novamente agiu com seu "instinto gari" e jogou no lixo duas folhas (de árvore) secas lindas que eu tava guardando para pôr na decoração da minha casa. Aposto que se fosse um vaso chinês, ela respeitaria mais.

Peterson Uchoa Mayrinck disse...

Nunca mais lembrei do meu Pluto de pelúcia. E nem de Axl e Sam, dois cachorros que "tive" em épocas diferentes e que, por acaso, minha mãe "deu" sem se lembrar que eu sofreria bastante por conta disso (talvez ela até soubesse, mas imaginasse que meu sofrimento não era grande o suficiente perto do "mal" que os dois faziam).
Isso é triste...

Dio disse...

Enquanto isso eu jogava meus bonecos de comandos pela janela ou no ventilador e os destroçava todos.
Mas era pra manter a realidade das aventuras!!

Abraços,
Diogo.

Girabela disse...

Diogo cruel desde criança.

Mai Melo disse...

eu também quebrava minhas barbies e pintava meus ursinhos, mas era sem intenção nenhuma de denegrir. arte, arte, eu fazia arte!


hahaha... lembrei de um episódio de friends que eles comentam que quando os cachorros morriam, os pais sempre diziam que os tinham levado pra uma fazenda imensa, cheia de espaço pra eles brincarem. todos sabiam que era mentira, mas ross ainda acredita na história...

tá, não sei por que eu tou falando isso. nada a ver com o post!


essa questão de personificar brinquedos ou mesmo criar um amigo invisível é um meio que a criança encontra pra sentir-se no comando de algo. ela pode ordenar, ensinar, mandar em seus amigos imaginários de uma maneira que é impossível com os amigos concretos e pessoas de sua família. óbvio que eles também servem pra "ganhar" a culpa de algum feito indevido.

opa! isso também é extrapolar o assunto da postagem...

gabi falava de apego e apego é coisa importante. desapegar é tão artístico quanto arrancar braços e pernas de bonecas.