terça-feira, 22 de julho de 2014

Sim, ganhamos

Está na fala do ex-jogador argentino Diego Maradona, mas acredito que esse é o sentimento de muitos turistas que vieram ao Brasil para assistir aos jogos da Copa do Mundo de 2014: "O que se pintava é que seria um caos. Parecia que teríamos de comprar uma arma ao desembarcar por aqui, mas não foi nada disso".
Sabe-se que, por motivos políticos, descrença ou puro pessimismo, muitos brasileiros desacreditaram o mundial. Não faltaram previsões de que passaríamos um grande vexame diante dos visitantes. O vexame até existiu, mas por motivos exclusivamente futebolísticos, que não vêm ao caso agora.
A má expectativa acerca da sede desta Copa do Mundo também veio de fora. Às vésperas do mundial, os governos de diversos países elaboraram e distribuíram cartilhas que, ao meu ver, mais alarmavam do que alertavam as pessoas dispostas a acompanhar as suas seleções na competição no Brasil. Enumeravam-se vários problemas que poderiam ser encontrados aqui, chamando atenção, principalmente, para a infraestrutura e a questão da violência, inquestionáveis problemas brasileiros.
É possível que o recado tenha sido exagerado e, talvez por isso, agora surjam comentários como o de Maradona. Sem falar que passamos a copa inteira observando, in loco ou pela TV, torcedores e jogadores das mais diversas bandeiras manifestando seus encantos pelo nosso país. Ao que parece, vir ao Brasil foi uma surpresa positiva para gente do mundo inteiro.
Para quem é daqui também foi uma experiência interessante observar tudo isso. Às vezes somos desconfiados, teimando em não acreditar no nosso potencial. Assim, foi bom ouvir dos outros que temos muito do que nos orgulhar. Ao sediar um evento para os quatro cantos do mundo, percebemos que nossas belezas naturais e artísticas encantam os estrangeiros oriundos dos lugares que imaginamos impecáveis e, principalmente, descobrimos que nosso jeito de ser é admirado por pessoas de nações que invejamos.
A Copa do Mundo de 2014 foi uma boa oportunidade de nos valorizarmos mais. Afinal, somos um povo cheio de virtudes. Muitas vezes, não percebemos isso, seja pelo afamado "complexo de vira-latas" ou por nunca termos tido a oportunidade de enxergar o Brasil a partir de um olhar mais distante.
Nas redes sociais, circula uma lista elencando coisas simples do nosso dia a dia que encantaram muitos turistas. Claro que não é apenas cultivando o hábito de aplaudir o pôr-do-sol, citado na tal lista, que melhoraremos o País. É preciso muito mais, desde consciência cidadã até vontade política. Contudo, será importante para esse percurso de desenvolvimento a aquisição de uma autocrítica menos cruel com nós mesmos e mais antenada com o mundo.
Por fim, acredito ser possível dizer que, se não nos engrandeceu enquanto torcedores ansiosos pelo hexacampeonato, esta copa nos serviu de grande lição como povo brasileiro. Que sigamos, cientes das nossas limitações, mas também orgulhosos das nossas qualidades.

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