domingo, 19 de julho de 2009

Se tudo pode acontecer

Com um cenário simples e sempre com o “três, dois, um” antes de cada canção, o público sentia-se íntimo daquele homem de voz grave e músicas, por vezes, concretistas. Como num consenso para sentir ao máximo a melodia de Arnaldo Antunes, a platéia ouvia as canções em silêncio, como se a voz ainda não existisse. Alguns balbuciavam, outros não se continham e volta e meia cantavam ao ouvir as músicas preferidas. Claro que foi impossível manter o “acordo” ao ouvir hits como O quê, tão conhecido e querido pelos fãs da época do Cabeça de Dinossauro. E foi nesses momentos que Arnaldo convocou Recife para cantar; o público não pôde nem quis negar tal pedido.

Dos sucessos da época de Tribalistas, a expectativa era ouvir Um a um, sétima faixa do Ao vivo no estúdio, mas Arnaldo surpreendeu quando cantou outra canção da tribo que não consta no CD temático do show, Tribalistas. Tal música, que conta um pouco da história do trio que se desintegraria (e se desintegrou) no próximo momento, deixou o público com saudade. Saudosismo que aumentou ao ouvir O pulso, clássico dos Titãs no fim dos anos oitenta. Para fugir um pouco da proposta do show de “relembrar” o passado, Arnaldo Antunes adiantou, com apoio do público, uma canção do novo álbum, Iê-Iê-Iê, que será lançado ainda este ano.

Mesmo os que já estavam cientes do jeito elétrico com que Arnaldo movimenta-se no palco, foi impossível não se encantar com os passos da dança dele. E para os pernambucanos, pensar que entre um passo e outro tudo viraria frevo foi inevitável. Durante o show, não houve quem não pensasse Eu quero que esse momento dure a vida inteira (!). Tanto que foi unânime, no fim do espetáculo, a reclamação de que terminou muito rápido. Não que o show tenha sido efetivamente curto, mas a velocidade com que passou foi enorme, como tudo na vida que se espera demais. E também como tudo que acaba logo, deixou saudade.

2 comentários:

Santiago. disse...

É como nos falavam Vinícius e Tom, "Tristeza não tem fim, felicidade sim!" É assim mesmo, todo bom momento passa em um piscar de olhos.

No mais, conseguistes que ele te reparasse no meio da multidão?

Abraço.

Girabela disse...

Para retratar o momento, tem também aquela música "Felicidade foi se embora e a saudade no meu peito ainda mora".

Bem, conforme o tom do post, não encarnei a "tiete" no show, mesmo com toda a desenvoltura de Arnaldo. Sabe, Rodrigo, antes eu estava disposta a (tentar) entrar no camarim e fazer outras coisas típicas de fãs, mas não senti essa "vibe" no momento do show. Em síntese: me comportei! Não pense, contudo, que meu comportamento deveu-se à não-qualidade do show, porque ele foi excelente.


Abraços,
Gabriela.