sexta-feira, 8 de maio de 2009

Um bom motivo para dar adeus ao amigo trema

As alterações advindas da “reforma” já foram alardeadas aos quatro cantos, mas pouco se disse sobre o motivo político que torna essas mudanças relevantes.

Antes, é preciso esclarecer o equívoco de que se trata de uma reforma, quando, na verdade, o que se pretende é um acordo. Ao contrário de alterações substanciais na ortografia, tal acordo tem como conseqüência a mudança de somente — segundo o professor da UNB, Marcos Bagno — 0,5% das palavras escritas em “português brasileiro”.

Durante anos, Portugal transformou a duplicidade de ortografias em embargo às nossas pretensões internacionais. Sob tal pretexto, por exemplo, a nossa emissão de certificados de proficiência em português não é ratificada em Portugal e a livre circulação dos nossos livros é impedida em países lusófonos.

Como disse Alberto Faraco, professor da USP, por motivos econômicos, sociais e, sobretudo, educacionais, a ortografia de um idioma deve manter-se o mais estática possível. No contexto atual, entretanto, defender a validade do acordo é de grande relevância para firmar o nosso papel no cenário mundial e, principalmente, para unificar o idioma português — e não a língua portuguesa.

Referências:
Não é reforma, minha gente, é só um acordo! - Marcos Bagno
Uma mudança necessária - Alberto Faraco
E agora, Portugal? - José Luiz Fiorin

6 comentários:

Jão disse...

Trema, o novo mártir da globalização. ¨(

Dio disse...

Discordo de cima a baixo. Antes de mais nada, é bom frisar que gramáticas deveriam mudar de acordo com os idiomas e não o inverso. Pois bem, de fato, é bem visível que é um acordo (ou estratégia - econômica, tá, Faraco? - para vender gramática mais fácil), vez que há mudanças dos dois lados. Segundo, que esses 0,5% de Bagno são os 0,5% que fazem falta na nossa língua, então, mais uma vez, números e letras não se deram bem, cada um vá pro seu canto. E mais: erra Faraco ao defender a estática de um idioma, e ao defender ESSA mudança a fim de nos "garantirmos" no cenário mundial. Que eu saiba, os EUA não precisaram de acordo com a Inglaterra para ser (acredito) o maior emissor de certificados de proficiência em inglês. E dos EUA pra baixo, acredito que nenhum dos países latinos ainda fica de conversinha com a Espanha, """""""unificando""""""" o idioma (porque se unificar um idioma significa deixar todas as línguas iguais, então não há como diferir idioma de língua). Liberdade política, cultural, econômica, social e educacional são apreciáveis. Não é radical, é pró-autonomia brasileira.

Abraços,
Diogo.

Dio disse...

Ah, um viva ao trema.

O engraçado é que, no caso do trema, a gente é que sai de purista, né? Afinal, tanta gente já não usa...

Abraços,
Diogo.

Girabela disse...

Quando li os texto citados como referências, fiquei muito surpresa com as informações sobre a política portuguesa, não fazia idéia de que são assim, se é que realmente são (São?). Por desconhecer essa "versão política" do fato difundida pelos gramáticos citados e mesmo tendo sido alertada sobre os cuidados que eu deveria tomar com Marcos Bagno (hahahaha), achei importante pontuá-la, para discutir esse assunto, até para melhor entendê-lo. E que fique claro que eu não adotei a mudança e nem queria ter que adotá-la um dia.

Abraços,
Gabriela.

Dio disse...

Mas no teu texto, me pareceu bem claro que tu estarias adotando o discurso deles como teu também. Escrever é perigoso.

Abraços,
Diogo.

Girabela disse...

Bem, o texto é uma verdadeira síntese dos outros textos citados. O título, por sua vez, foi criação minha, por entender que, de acordo com os textos, tínhamos um bom motivo para dar adeus ao trema.

Abraços,
Gabriela.