segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Wander do Delírio

A primeira vez que ouvi falar em Wander Wildner foi há uns três anos, quando meu irmão mais velho trouxe, de uma festa brega, o CD No Ritmo da Vida. Na época, pensei, ingenuamente, que devia ser um daqueles bregas que tocavam em Denny Oliveira. Então, nem me interessei. Assim passou e o CD ficou acumulando poeira ao lado do computador. Pouco tempo depois, vi um cartaz anunciando show de Wander, pelo design do cartaz e pelo local do show (que não lembro agora), percebi meu equívoco e que se tratava de um brega autêntico e não de um "brega pop". Ainda assim, continuei sem interesse pelo som do gaúcho e deixei o CD empoeirar um pouco mais.
No fim do ano passado, ouvi rumores de que A Caravana do Delírio, banda da qual eu sou tiete, poderia tocar com Wander Wildner, como banda de apoio, em shows aqui em Recife, achei que a experiência seria legal, mas não me animei muito não. Eis que, dia 21 de dezembro, fui ao Projeto Domingo no Campus prestigiar os colegas da Caravana, que dessa vez seriam os coadjuvantes, ao lado do famoso cantor gaúcho, conhecido desde a época de Os Replicantes. Por mais que possa parecer que eu vivia dentro de uma bolha, confesso que nunca havia visto a cara de Wander Wildner. Então, foi um susto! Mas, susto mesmo foi eu ter gostado daquele show, que eu, literalmente, não tava dando nada por ele. A empolgação do cantor, da banda e do público somada às letras de caráter melancólico e, incoerentemente e incrivelmente, ao mesmo tempo alegre, conquistaram-me.
Quinta-feira passada, curti novamente o som "punk brega" de Wander, dessa vez no Boratcho. Agora, já por dentro das canções, aproveitei ainda mais o show, que, contrariando a música, me deixou alegre o tempo inteiro. Fui embora ansiosa pelo próximo show que já viria no fim de semana, numa apresentação VIP na casa de Matheus (vocal de A Caravana do Delírio), por ocasião de sua maioridade.
Cheguei à festa e vi um Wander Wildner que parecia muito mais com a metade melancólica do que com a metade alegre de suas músicas, sentado sozinho e quieto com a sua camisa (brega) de aviõeszinhos. A primeira apresentação, como esperado, foi de A Caravana do Delírio, que tocou suas principais músicas — inclusive o sucesso Quem se importa, que ainda não foi gravado —, um cover de The Doors e a canção Amigo Punk, de Graforréia Xilarmônica, em homenagem a Wander, que tem tocado bastante a música. Logo depois, o gaúcho subiu, timidamente, ao palco, dando início ao seu show. Cantou sentado e quase de costas para a platéia, durante a maior parte do tempo, deixando a escolha das músicas a cabo do aniversariante. As canções foram as mesmas dos shows anteriores, mas com um público diferenciado, que mostrou ser bastante pé de valsa. Enfim, um show "do caralho", regado a muito vinho, que não podia ser o nacional Boticcelli.
Após a festa, finalmente resolvi tirar o CD, já bastante arranhado, da poeira para ouvir. Por coincidência, das doze faixas do CD, cinco já me são familiar (Bebendo vinho, Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro, Anjos e demônios, Eu tenho uma camisa escrita eu te amo, Mantra das possibilidades), ainda que com arranjos diferentes. Enfim, curti muito esse tal de No Ritmo da Vida e reconheço que estou arrependida por ter protelado tanto o meu encontro com as músicas legais e os shows delirantes de Wander Wildner, que, determinado, deixa claro que não vai gastar dinheiro no dentista para agradar ninguém.

2 comentários:

Dio disse...

Bom texto. Leve o bastante para ser falado ao telefone, complexificado o suficiente para se usar da hipertextualidade da web. :)
E viva Wander!

Abraços,
Diogo.

matheustorreao disse...

do caralho!
só discordo a respeito da camisa de aviõezinhos ser brega.