sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Salve Ferris!

Nesta minha reestréia no blog da Gabi, ocorreu-me a idéia de rememorar um dos filmes que marcou minha infância e adolescência (tempo de sofá, pipoca e refrigerante à tarde). O filme que vou tratar aqui, não é nenhum Hitchcock, Bergman, Fellini, Antonioni, Buñuel, Coppola, Ridley Scott, Lynch, Scorsese, Oliver Stone, Woody Allen, Almodóvar ou outros que os equivalham. Mas é um filme de Sessão da Tarde ou Intercine. Sempre lembro dele na época "de eu menino", mas na verdade eu nem era nascido quando ele foi produzido. Mas vamos deixar de enrolação que eu vou explicar porque “Curtindo a vida adoidado - 1986” merece uma lembrança de filme que marcou uma geração.

Nesta minha reestréia no blog da Gabi, ocorreu-me a idéia de rememorar um dos filmes que Ferris Bueller (Matthew Broderick) é aquilo que todo adolescente espera ser: ele é esperto, popular e de quebra tem uma namorada bem bonita. Sua namorada, a jovem Sloane Peterson (Mia Sara) é aquela namorada/amiga que todos os caras gostariam de ter. Ela é comparsa para qualquer aventura, além de possuir uma beleza invejada por todas as outras garotas. Formando o trio, temos Cameron Frye (Alan Ruck), amigo do peito de Ferris, seu personagem mostra o outro lado dos jovens. Ele vive em conflito com os pais e com um futuro incerto (esse aspecto é desenvolvido no filme de maneira bem sucinta, nada de análises sofisticadas da personalidade humana a la Shakespeare). Mesmo assim é ou não é uma trama com personagens que encontramos em qualquer rodinha de ensino fundamental/médio? Motivo número um para estar aqui. Mas não acaba aqui não...

(Na foto da esquerda para a direita: Cameron Frye, Sloane Peterson e Ferris Bueller)

Na trama Matthew Broderick fala diretamente para a câmera, o mesmo recurso já utilizado por Woody Allen em “Noivo neurótico, noiva nervosa - 1977”. A partir disso, Ferris se mostra um filósofo do senso-comum. Quem se esquece dos seus manuais de auto-ajuda que falam sobre o carpe diem e posições políticas? Sensacional, não é? Relembre algumas cenas, nas quais Ferris expõe sua ode à diversão e ao hedonismo.
"Tinha razão. Ele era o máximo". Muito bom...
Veja a continuação!



É ou não é o que todo jovem quer ouvir? Esse é o segundo motivo pelo qual ele está aqui elencado.
Mas afinal, quem é Bueller? Ferris Bueller é um adolescente que decide matar aula para aproveitar o dia. Após fingir-se de doente para os pais, Ferris parte para um dia na cidade ao lado da namorada Sloane e do amigo depressivo Cameron. Nessa saída, eles visitam vários lugares e se divertem. Tudo isso enquanto é perseguido pelo incansável diretor da escola - Ed Rooney (Jeffrey Jones) -, que está disposto a provar que Bueller está enganando a todos. E contra ele também está sua irmã, ressentida pelo fato dele sempre conseguir se livrar dos problemas.
Em “Curtindo a vida adoidado - 1986”, o diretor John Hughes (o mesmo de “Clube dos Cinco” – que vez por outra também aparece na sessão da tarde e que também pretendo falar sobre em um outro momento), mostra a vontade dos adolescentes de saírem da vida normal, a vontade de fazer algo de extraordinário. Afinal de contas, por que perder um dia lindo de sol para ficar trancado em uma escola, tendo aulas de macroeconomia (ou no meu caso Antropologia Ecológica ou Sociologia Marxista)? Está chegando o ponto alto do filme, a cena inesquecível, e este é o terceiro motivo pelo qual o filme merece estar mencionado aqui. Quem vai me dizer que nunca teve vontade de cantar "Twist and Shout" na rua tal como Ferris nessa cena? Veja o vídeo para relembrar uma das cenas presentes no inconsciente de qualquer jovem hoje, e que foi criança ou adolescente nos anos 90.



Em minha opinião, o decorrer do filme é um pouco confuso, em questão de continuidade ele não é um dos melhores. As coisas acontecem sem, no entanto, haver um caminho lógico na narração da trama. As cenas e coisas apenas acontecem e pronto. Nós apenas vemos a ação final das cenas, mas não como os atores chegaram àquilo. Sem falar que o diretor faz de um assunto quase banal, o tema central do filme. Mas mesmo assim, bem que eu gostaria de aprender como foi que Bueller mudou o seu número de faltas no sistema do Colégio onde estudava. Preciso saber para poder faltar mais aulas da faculdade. Deixando de gracinha, o filme também é um expoente daquilo que se convencionou chamar de “New Wave”. O “New Wave”, em termos gerais, comumente é utilizado para descrever diversos movimentos na arte do fim dos anos 70 e anos 80. O “Curtindo a vida adoidado” além de usar músicas de artistas inseridos nessa nova realidade do rock and roll, tal com The Smiths com a música "Please, Please, Please, Let Me Get What I Want" (música que pode ser ouvida na cena do museu (cena retratada na primeira imagem do texto)). Além dos Smiths, no quarto do Ferris, também pode ser visto um cartaz da banda Simple Minds ícone do período, e que teve uma música sua como trilha principal de um outro filme do diretor John Hughes.
Depois disso tudo, acho que é desnecessário dizer algo mais. O filme realmente merece ser lembrado. Motivos: 1. Tema que remete a qualquer roda de colegiais. 2. Pela ode à diversão e ao hedonismo. 3. Por mostrar a vontade dos adolescentes em fazer algo de extraordinário. 4. Retrata um período da mudança comportamental do Rock’n’Roll e das artes.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Programinha para hoje à noite

Para quem estava desanimado com a demora do fim de semana e sem planos para o fim do dia, o JC resolve os problemas. Parece até propaganda, mas lendo o Caderno C, fiquei mais animada com essa quinta-feira, ou como aprendi no inglês, ainda bastante primitivo, Thursday.

A reportagem de capa da seção cultural do JC não poderia ser outra que não a notícia mais esperada desde a inauguração do shopping: Finalmente o cinema chega ao Plaza! Quem não mora na Zona Norte da capital talvez não entenda tamanha euforia, mas para nós, essa novidade tardou muito a chegar. Lembro que as primeiras propagandas do Plaza remetiam a um futuro cinema que nunca chegava. Prometeram o cinema para dezembro de 2007, depois para janeiro de 2008, já tava perdendo as esperanças, eis que Kleber Mendonça Filho traz a novidade. A programação ainda não foi divulgada ou estou desatualizada sobre, mas o preço dos ingressos, segundo JC, será R$9, R$11, R$13 e R$16, a depender do horário.
O cinema conta com cinco salas, totalizando 1.033 poltronas com "um simpático ar borrachudo preto" (K.M.F.) e som Dolby Digital 5.1. Vamos conferir!!!

Dando continuidade ao clima cinematográfico, uma boa pedida para hoje é o filme O Senhor das Armas, que será transmitido pela TV Record, às 23h. Não o assisti, mas o filme está na minha lista há um tempo, até porque os comentários sobre ele costumam ser bem favoráveis.
"Nicolas Cage é Yuri Orlov, um negociante de armas que nunca viu sua prática profissional com olhos éticos. Apesar de fornecer armas para países pobres, imersos em conflitos civis, entre outros compradores, Yuri sempre encarou muito bem seu trabalho, que o deixou extremamente rico e poderoso. No entanto, começa a pensar melhor em sua vida quando é perseguido por Jack Valentine (Ethan Hawke), um agente da Interpol."
Partindo para um clima mais política, hoje, a TV Clube/Band transmitirá às 22h, o primeiro debate na TV dos prefeituráveis, os sete, viva a democracia!!! Diferentemente do clima tumultuado do debate da UNICAP, o debate de hoje não contará com a presença popular, como de costume, e será mediado pelo jornalista Eduardo Bandeira.

Quem tem acesso à TV paga, poderá curtir a transmissão do último show de Los Hermanos (9 de junho de 2007), matando a saudade da banda, que anunciou "pausa indeterminada" em abril de 2007. A exibição será no canal Multishow, às 22h15, quem não puder assisti-lo, pode esperar um pouco pela versão também paga através dos CD e DVD Multishow Registro: Los Hermanos, que logo mais chegará às lojas. Se não tivesse o debate no mesmo horário, eu tentaria "arregar" a TV a cabo de algum colega, no mais, quem comprar o CD ou DVD, não esqueça de mim.

Caetano Veloso será o entrevistado da noite no Programa do Jô, em comemoração aos vinte anos de talk-show de Jô Soares, e prometeu falar sobre a carreira e o blog.

Para quem não quer ficar em casa, o teatro pode ser uma boa alternativa, o grupo de atores recém-formados pelo curso regular de teatro do Sesc Santo Amaro subirá o palco do Teatro Hermilo Borba Filho, com a peça Enamorados - a demanda do amor, hoje às 20h.
"Enamorados trata de relações humanas que se entrelaçam em várias esferas, numa trama que envolve analogias e referências aos estados amorosos. Assim, a peça propõe uma visita ao vasto e aterrorizante território amoroso, apresentados e manipulados por três anjos que retratam caminhos percorridos por aqueles que já se encontraram enamorados.

A montagem, que levou sete meses para ficar pronta, reúne recortes de poemas, textos e trechos obras de vários autores e foi inspirada nas escrituras do filósofo francês Roland Barthes, publicadas no livro Fragmentos de um discurso amoroso."
Divirtam-se!

Referências: JC (28/08/2008), PE360graus, Cinema Yahoo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

domingo, 24 de agosto de 2008

Viva o Estreito de Bering

No caminho para casa, chamei Diogo de "mandarim", por ele me chamar de "curumim", daí pensei: Nossa, como são parecidas essas palavras. Eis que veio a sacada genial de Diogo: Tá vendo? Os índios vieram mesmo da Ásia.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Teatro Alfredo de Oliveira

JC (16/08/08)

» Dificuldades

Não entendo como a Prefeitura do Recife concedeu um alvará para que o Teatro Alfredo de Oliveira funcionasse sem nenhuma norma de segurança como: saída de emergência, material das cadeiras inflamáveis, entrada de acesso por uma escada estreitíssima em forma de espiral, onde só passa uma pessoa de cada vez e com muito cuidado, pois os degraus são tão estreitos que não cabem os dois pés. O acesso é impossível para portadores de deficiências. Para completar, os responsáveis pelo teatro ainda colocam cadeiras no corredor para a platéia excedida. Elogio a iniciativa de se apresentar novas peças de teatro, mas estamos lidando com vidas e vidas preciosas que são nossas crianças. Um absurdo desse não pode continuar.

» Cláudia Sá - Recife - claudiacsantos.sa@hotmail.com

Conheço, concordo e também não entendo.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Suzy, na minha cabeça, é casa do Oscar.


A casa do Oscar

A casa do Oscar era o sonho da família. Havia um terreno para os lados da Iguatemi, havia o anteprojeto, presente do próprio, havia a promessa de que um belo dia iríamos morar na casa do Oscar. Cresci cheio de impaciência porque meu pai, embora fosse dono do Museu do Ipiranga, nunca juntava dinheiro para construir a casa do Oscar. Mais tarde, num aperto, em vez de vender o museu com os cacarecos dentro, papai vendeu o terreno da Iguatemi. Desse modo a casa do Oscar, antes de existir, foi demolida. Ou ficou intacta, suspensa no ar, como a casa no beco de Manuel Bandeira.

Senti-me traído, tornei-me um rebelde, insultei meu pai, ergui o braço contra minha mãe e saí batendo a porta da nossa casa velha e normanda: só volto para casa quando for a casa do Oscar! Pois bem, internaram-me num ginásio em Cataguases, projeto do Oscar. Vivi seis meses naquele casarão do Oscar, achei pouco, decidi-me a ser Oscar eu mesmo. Regressei a São Paulo, estudei geometria descritiva, passei no vestibular e fui o pior aluno da classe. Mas ao professor de topografia, que me reprovou no exame oral, respondi calado: lá em casa tenho um canudo com a casa do Oscar.

Depois larguei a arquitetura e virei aprendiz de Tom Jobim. Quando minha música sai boa, penso que parece música do Tom Jobim. Música do Tom, na minha cabeça, é casa do Oscar.

[Chico Buarque]

domingo, 17 de agosto de 2008

Jornal velho de ontem

Ontem, lendo o Jornal do Commercio, espantei-me com trecho da reportagem de capa do Caderno C (Nem mais tão sério assim), que versava sobre o vocalista de Cordel do Fogo Encantado, Lirinha. O trecho chamou a minha atenção por criticar de forma explícita a revista Veja, mas não gratuitamente, porque fui atrás da tal revista e, ao ler a reportagem (O Antônio Conselheiro dos modernos), tive náuseas com tamanha distorção e piadas infames. Abaixo seguem as reportagem da Veja e do JC, respectivamente. Tirem suas próprias conclusões.

VEJA (06/08/08)

O Antônio Conselheiro
dos modernos
(NA ÍNTEGRA)

Quem é Lirinha, o cantor pernambucano que, com letras
difíceis, se tornou um profeta para os universitários

Julia Moraes

CABEÇA DO CORDEL

Lirinha, com sua barba de beato: "espíritos com ele no palco"

José Paes de Lira, ou Lirinha, é o Antônio Conselheiro dos modernos. Assim como o beato da Guerra de Canudos (1896-1897) arregimentou uma horda de jagunços e despossuídos profetizando que um dia jorrariam leite e mel no sertão nordestino, o cantor e compositor pernambucano seduz a garotada universitária e antenados em geral com promessas de transcendência. Nos shows de sua banda, o Cordel do Fogo Encantado, fãs (sóbrios?) o abordam com as conversas mais malucas. "Já teve gente que jurou ter visto energia emanar de meu corpo. Ou, ainda, espíritos dançando comigo no palco", diz ele. Surgido há nove anos na cidade de Arcoverde, no semi-árido de Pernambuco, o Cordel mescla ritmos nordestinos como o maracatu com guitarras. Mas o que mais chama atenção é a teatralidade de seu vocalista: com os olhos revirados, como em transe, ele declama letras que define como "proféticas" e "apocalípticas". Somadas, as vendas dos três álbuns do Cordel totalizam 80 000 unidades, algo notável para uma banda independente que não toca nas rádios. Graças ao boca-a-boca e à internet, tornou-se popular nos circuitos universitários do Sul e do Sudeste. As novas empreitadas do rapaz reforçam a aura de iluminado. Lirinha cultivou uma barba como a de Conselheiro para protagonizar sua primeira peça, Mercadorias e Futuro (que escreveu e co-dirige ao lado da mulher, a atriz Leandra Leal). No monólogo dramático, ele é um vendedor que faz propaganda de um livro sobre (surpresa!) profecias. Mas a viagem declarada do autor (surpresa de novo!) é questionar as relações entre arte e comércio. Agora, ao mesmo tempo que a peça entra em cartaz em São Paulo, Lirinha estréia na literatura – com o tal livro de que fala o espetáculo.

Divulgação
SERTÃO NA TV A série Hoje É Dia de Maria: o arcaico e o moderno

Lirinha é discípulo de uma vertente que há tempos está presente na cultura nacional: aquela que faz a celebração de um "sertão mítico", por meio de uma estética que "mistura o moderno e o arcaico". Reza por essa cartilha a literatura do paraibano Ariano Suassuna, com seu estilo rebuscado e suas referências ao universo armorial. A tendência está na TV, nas produções dos diretores Guel Arraes e Luiz Fernando Carvalho. O primeiro comandou a série O Auto da Compadecida, baseada no livro de Suassuna. Carvalho esteve por trás de Hoje É Dia de Maria e A Pedra do Reino (também adaptada da obra do escritor). Passa, ainda, pelo cinema de um Glauber Rocha nos anos 60, em filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol. Lirinha bebe também de outra influência: o teatro do diretor José Celso Martinez Corrêa, aquele que transformou a Guerra de Canudos em pretexto para saturnálias em suas montagens baseadas em Os Sertões, de Euclides da Cunha. A ligação do cantor com ele é direta. Lirinha fez a trilha sonora de uma das partes de Os Sertões e, no ano passado, interpretou o secretário do profeta vivido pelo dramaturgo no longa-metragem Árido Movie, filmado em sua Arcoverde natal.

AE
CINEMA VELHO Glauber Rocha: Nordeste "mítico" e vanguardices


Nas letras do Cordel, Lirinha é messiânico. "Os soldados de Sebastião mostrarão o caminho", brada. Nos shows, recita poemas extralongos entre uma música e outra. A nova empreitada literária e teatral representa um passo além em matéria de pretensão. Com 31 anos, ele cria uma peça calcada no próprio passado. O protagonista se chama Lirovsky. "Ele é um pedaço de mim", afirma. A ação se passa num local chamado Interlândia. "É meu eu interior", explica. Falar em "ação", a bem da verdade, é fora de lugar. Não há enredo propriamente – apenas falas fragmentárias costuradas por sons e luzes que ele mesmo dispara, por meio de um sistema intricado de pedais e alavancas. Quanto ao livro Mercadorias e Futuro (Ateliê Editorial; 95 páginas; 25 reais), vejamos uma frase: "Cada câmbio age sobre a própria forma espaço-tempo se expandindo e se contraindo através de um cosmo finito mas sem limites". Entendeu, Ariano? Entendeu, José Celso?

Tuca Vieira/Folha Imagem
SATURNÁLIAS O dramaturgo Zé Celso: o profeta que conduziu Lirinha

A família de Lirinha é de classe média. A mãe é professora e o pai, fiscal da Receita Estadual de Pernambuco. Ele estudou em colégios católicos particulares e chegou a cursar a faculdade de letras de Arcoverde. Largou o curso para virar cantor. Aos 12 anos, declamou pela primeira vez em rodas de violeiros. Aos 16, estreou como ator numa peça infantil, O Gato que Virou Gente. "Eu era o gato", lembra. O Cordel do Fogo Encantado foi, na origem, um espetáculo de poesia e música. A descoberta por um empresário ligado ao movimento pop recifense do mangue beat, em 1999, mudou os rumos do grupo. Lirinha tinha acabado de cair nas graças do público universitário quando conheceu Leandra Leal. Os dois estão juntos desde 2002 – e ela tem funcionado como guia em sua carreira. Ajudou-o, por exemplo, a dar alguma coerência aos textos soltos de sua peça. "Eram perguntas básicas que eu lançava a ele: quem é esse personagem? O que você está querendo mesmo dizer?", explica a atriz. Continue, Leandra. Ainda falta um tanto.

*Reportagem sem assinatura.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

JC (16/08/08)

Nem mais tão a sério assim
(TRECHO)
Publicado em 16.08.2008

Lirinha, da Cordel do Fogo Encantado, lança dois livros na Bienal de São Paulo e repensa papel diante do público

Schneider Carpeggiani

carpeggiani@gmail.com

[...] “Essa coisa de profeta rendeu uma matéria desastrosa na revista Veja semana passada”, aponta [Lirinha]. O cantor foi mais um alvo da já previsível metralhadora de ironias da publicação – “O repórter chegou aqui com a pauta pronta, ‘que era o profeta dos modernos’ e fez perguntas do tipo ‘como é comandar o público com letras que ninguém entende?’. O que ele não percebeu é que o cordel utiliza a profecia como discurso poético, como tradição literária. Aquele texto do primeiro disco era discurso poético”.

A reportagem da revista comparava Lirinha a Antonio Conselheiro (pela matemática da revista, barba + Sertão = Canudos), com trechos do tipo: “Assim como o beato da Guerra de Canudos (1896-1897) arregimentou uma horda de jagunços e despossuídos profetizando que um dia jorrariam leite e mel no Sertão nordestino, o cantor e compositor pernambucano seduz a garotada universitária e antenados em geral com promessas de transcendência”.

A matemática da Veja somou errado a maneira como o cantor lida com as expectativas geradas por sua banda. Mercadorias e futuro (também adaptado para o teatro, marcando a estréia de Lirinha como ator) problematiza e (até) debocha do ideal de artista como profeta, do artista como negociante de algo que nem ele muitas vezes sabe o que é. [...]

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Estrangeirismos

Até o final da década de 1980, o termo globalização não era usado e ainda hoje muitas pessoas cometem o erro de ver tal fenômeno exclusivamente pelo âmbito econômico, A globalização é tão política, tecnológica e cultural quanto econômica. O surgimento de identidades culturais locais em várias partes do mundo, por exemplo, não pode ser atribuído a causas tão-somente históricas. À medida que o domínio do Estado enfraquece, o nacionalismo local brota em resposta à tendência globalizante, a exemplo da Escócia (Reino Unido), de Quebec (Canadá) e do País Basco (Espanha).

A difusão do inglês ilustra bem o alcance do processo global. Ao definir “língua como um dialeto sustentado por um exército”, o fato do Reino Unido e dos Estados Unidos, países mais influentes nos últimos 200 anos, terem o inglês como idioma oficial e a língua inglesa ser a mais difundida no mundo não é mera coincidência. A apropriação exagerada e, por vezes, indevida do idioma gerou grande celeuma nos países que possuem outra língua oficial, como França, em 1994, e Brasil, em 1998. O romancista e professor Ariano Suassuna, famoso também por sua defesa inflamada da cultura nacional, afirma que a aquisição de palavras e expressões de outro idioma é legítima e enriquecedora. Destaca, no entanto, o quão imprescindível é a adaptação da palavra estrangeira para a língua que a acolheu, pois só assim a incorporação do vocábulo será saudável para a nossa cultura.




Vídeo no qual Ariano Suassuna versa sobre a questão dos estrangeirismos.

sábado, 9 de agosto de 2008

Vamos discutir imparcialidade!

Lendo, com Diogo, texto para a cadeira de Cultura Brasileira 2: Arte e Comunicação como Prática de Resistência deparamos-nos com o seguinte excerto, com o qual concordamos bastante:

Nesse nível, qualquer mensagem, discurso ou texto se acha trabalhado pelo ideológico e é suscetível, portanto, de uma leitura ideológica, tanto o discurso político como a revista de modas ou o jornal da TV. O ideológico deixa de ser um adjetivo atribuível a certo tipo de discursos (sic), para ser definido como um nível de organização do semântico, um “nível de significação” presente em qualquer tipo de discurso. [MARTÍN-BARBERO, Jesús]

Resumindo nossa conclusão: Não há discurso ideológico, há discurso, que é, necessariamente, ideológico. Se houvesse outros tipos de discursos, haveria, sim, talvez a imparcialidade, que hoje é um mito.


REFERÊNCIA:

MARTÍN-BARBERO, Jesús. Ofício de cartógrafo: Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. 1. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2004. p. 56.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Conheça Frida Kahlo

Essa é Frida Kahlo:


Essas são Frida Kahlo por Frida Kahlo:

Mi Nacimiento, 1932

Lo que el Agua me dio, 1938

La Columna Rota, 1944

Essa é Frida Kahlo por Julie Taymor:

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Hey Julian

HEY JUDE (tradução)
The Beatles



Hey Jude, don't make it bad.
Ei, Jude, não fique mal,
Take a sad song and make it better.
Escolha uma música triste e fique melhor.
Remember to let her into your heart,
Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração,
Then you can start to make it better.
Então você pode começar a ficar melhor.


Hey Jude, don't be afraid.
Ei, Jude, não tenha medo,
You were made to go out and get her.
Você foi feito para sair e conquistá-la.
The minute you let her under your skin,
No minuto que você deixá-la entrar na sua pele,
Then you begin to make it better.
Então você começará a ficar melhor.


And anytime you feel the pain, hey Jude, refrain,
E sempre que você sentir a angústia, ei, Jude, contenha-se,
Don't carry the world upon your shoulders.
Não carregue o mundo em suas costas.
For well you know that it's a fool who plays it cool
Com razão, você sabe que é o bobo quem mantém a cabeça fria,
By making his world a little colder.
Por deixar este mundo um pouquinho mais frio...


Hey Jude, don't let me down.
Ei, Jude, não me decepcione,
You have found her, now go and get her.
Você encontrou-a, agora vá e conquiste-a.
Remember to let her into your heart,
Lembre-se de deixá-la entrar em seu coração,
Then you can start to make it better.
Então você pode começar a ficar melhor.


So let it out and let it in, hey Jude, begin,
Então coloque prá fora e deixe entrar, ei, Jude, comece.
You're waiting for someone to perform with.
Você está esperando alguém com quem representar,
And don't you know that it's just you,
E você não sabe que é somente você?
Hey Jude, you'll do,
Ei, Jude, serve você mesmo,
The movement you need is on your shoulder.
O movimento que você precisa está em seus ombros.



Hey Jude, don't make it bad.
Ei, Jude, não fique mal,
Take a sad song and make it better.
Escolha uma música triste e fique melhor.
Remember to let her under your skin,
Lembre-se de deixá-la debaixo da sua pele,
Then you'll begin to make it
Então você começará a ficar
Better better better better better better, oh.
Melhor, melhor, melhor, melhor...


Da da da da da da, da da da, hey Jude...
Da da da da da da, da da da, ei, Jude...

[Vagalume]

Hoje, depois da volta às aulas, na fila da xerox fui abordada com um carinhoso (?) tapa na cabeça e, posteriormente, convidada a fazer algo. Sem poder recusar o convite, apesar de um tanto indisposta, lá fomos nós, um quarteto, jogar conversa fora no Habib's, garantindo a barriga cheia e o dinheiro no bolso. A conversa girou em torno das coisas de sempre, papo vai, papo vem, Maíra começa a contar um pouco do que já viu sobre The Beatles nos tantos documentários que já assistiu sobre a banda, eis que descubro algo, que muito já devem saber, mas que eu tinha total desconhecimento: Jude, da música Hey Jude, é filho de John Lennon, Julian. Tal "novidade" foi ratificada pelo, não tão confiável, Wikipédia no seguinte excerto:
A canção, originalmente intitulada "Hey Jules", foi escrita por Paul Mccartney para consolar Julian, filho de John Lennon, na ocasião da separação de seus pais, John e Cynthia Lennon. O próprio John gostou muito da canção, pois estava iniciando um novo relacionamento com Yoko Ono, sua futura segunda esposa. [Wikipédia]