(Na foto da esquerda para a direita: Cameron Frye, Sloane Peterson e Ferris Bueller)
Na trama Matthew Broderick fala diretamente para a câmera, o mesmo recurso já utilizado por Woody Allen em “Noivo neurótico, noiva nervosa - 1977”. A partir disso, Ferris se mostra um filósofo do senso-comum. Quem se esquece dos seus manuais de auto-ajuda que falam sobre o carpe diem e posições políticas? Sensacional, não é? Relembre algumas cenas, nas quais Ferris expõe sua ode à diversão e ao hedonismo.
Veja a continuação!
Mas afinal, quem é Bueller? Ferris Bueller é um adolescente que decide matar aula para aproveitar o dia. Após fingir-se de doente para os pais, Ferris parte para um dia na cidade ao lado da namorada Sloane e do amigo depressivo Cameron. Nessa saída, eles visitam vários lugares e se divertem. Tudo isso enquanto é perseguido pelo incansável diretor da escola - Ed Rooney (Jeffrey Jones) -, que está disposto a provar que Bueller está enganando a todos. E contra ele também está sua irmã, ressentida pelo fato dele sempre conseguir se livrar dos problemas.
Em “Curtindo a vida adoidado - 1986”, o diretor John Hughes (o mesmo de “Clube dos Cinco” – que vez por outra também aparece na sessão da tarde e que também pretendo falar sobre em um outro momento), mostra a vontade dos adolescentes de saírem da vida normal, a vontade de fazer algo de extraordinário. Afinal de contas, por que perder um dia lindo de sol para ficar trancado em uma escola, tendo aulas de macroeconomia (ou no meu caso Antropologia Ecológica ou Sociologia Marxista)? Está chegando o ponto alto do filme, a cena inesquecível, e este é o terceiro motivo pelo qual o filme merece estar mencionado aqui. Quem vai me dizer que nunca teve vontade de cantar "Twist and Shout" na rua tal como Ferris nessa cena? Veja o vídeo para relembrar uma das cenas presentes no inconsciente de qualquer jovem hoje, e que foi criança ou adolescente nos anos 90.
Em minha opinião, o decorrer do filme é um pouco confuso, em questão de continuidade ele não é um dos melhores. As coisas acontecem sem, no entanto, haver um caminho lógico na narração da trama. As cenas e coisas apenas acontecem e pronto. Nós apenas vemos a ação final das cenas, mas não como os atores chegaram àquilo. Sem falar que o diretor faz de um assunto quase banal, o tema central do filme. Mas mesmo assim, bem que eu gostaria de aprender como foi que Bueller mudou o seu número de faltas no sistema do Colégio onde estudava. Preciso saber para poder faltar mais aulas da faculdade. Deixando de gracinha, o filme também é um expoente daquilo que se convencionou chamar de “New Wave”. O “New Wave”, em termos gerais, comumente é utilizado para descrever diversos movimentos na arte do fim dos anos 70 e anos 80. O “Curtindo a vida adoidado” além de usar músicas de artistas inseridos nessa nova realidade do rock and roll, tal com The Smiths com a música "Please, Please, Please, Let Me Get What I Want" (música que pode ser ouvida na cena do museu (cena retratada na primeira imagem do texto)). Além dos Smiths, no quarto do Ferris, também pode ser visto um cartaz da banda Simple Minds ícone do período, e que teve uma música sua como trilha principal de um outro filme do diretor John Hughes.