sexta-feira, 25 de julho de 2008

bezerra diz:

Creio que a indicação de Emily Watson (Bess) ao Oscar de melhor atriz foi bastante merecida, sua atuação pareceu-me belíssima, com as cenas são incríveis. Minhas impressões sobre o filme foram ótimas, mas infelizmente, não consegui dissociá-las das de Dogville, a maior bilheteria do Cinema da Fundação, e é sobre ele que quero escrever.

Dio. diz:

Foi o primeiro filme dela.

Dio. diz:

Diga aí.

bezerra diz:

Não sabiaaa

bezerra diz:

Infelizmente assisti a Dogville (2004) antes de Ondas do Destino (1996), quebrando a cronologia da produção de Lars Von Trier, fato, talvez, decisivo na minha predileção pelo trabalho mais recente. Creio que o diretor ficaria satisfeito em ouvir tal comentário, por sugerir a deixa de que seu trabalho vem aperfeiçoando-se.

bezerra diz:

Acho que se eu tivesse assistido Ondas primeiro teria gostado mais.

Dio. diz:

Tás falando igual falasse com Scoop.

Dio. diz:

Como se Scoop continuasse Match Point, e Ondas do Destino continuasse Dogville

bezerra diz:

não, não falei isso não.

bezerra diz:

não foi assim não

bezerra diz:

não foi

bezerra diz:

asjkdhsajkdhaksjkjsads

bezerra diz:

achei Scoop fraquinho

Dio. diz:

Mas foi praticamente única justificativa que desse pra Scoop.

bezerra diz:

comparado com outros de Allen

bezerra diz:

é o mesmo diretor e tal

Dio. diz:

hhehehe

Dio. diz:

Eu analiso o filme. Odeio comparar.

bezerra diz:

de qualquer forma, não desgostei deles, só acho que Match e Dogville são melhores

bezerra diz:

também odeio, mas não consigo.

Dio. diz:

Tipo, penso assim: O diretor não faz um filme para ser melhor que outro, ele faz dois filmes, sem associá-los. Porém, obviamente, suas marcas sempre acabam aparecendo, pois são vícios que nem mesmo ele percebe, ou que ele gosta de usar mesmo, pra dar a marca dele.

Dio. diz:

Entende?

bezerra diz:

eu sei disso

Dio. diz:

hihihi

Dio. diz:

Mas sério, essa é uma dica: Quando tu for falar de um filme, não fala "po, não gostei, 'tal filme' é bem melhor". Porque se não o povo vai achar que tu não tá

bezerra diz:

só penso que com o passar dos "filmes" eles fiquem melhores e tal.

bezerra diz:

e é isso que eu espero quando vejo um filme do mesmo diretor e tal

bezerra diz:

tal qual se faz com livros...

bezerra diz:

não espero a continuação da história, mas uma sacada mais interessante, uma elaboração mais bem feita... um aperfeiçoamento...etc...

Dio. diz:

Hmm... mas é que assim fica parecendo que todos os filmes do diretor têm uma mesma base. Assim, como se a pessoa fosse ver dois filmes com a mesma cabeça, só por serem do mesmo diretor.

bezerra diz:

não comparando um filme com o outro, de fato, até porque são 2 filmes diferentes, com conteúdos diferentes, elenco diferente... bláblá

Dio. diz:

Tipo, veja Kubrick. Barry Lyndon foi depois de Laranja Mecânica e é muuuuuito bom. Mas Laranja é muuuuito bom também, melhor, na minha opinião, mas é impossível compará-los meeesmo.

Dio. diz:

Eu te entendo. Só falei aquela dica porque fiquei preocupado por que da outra vez tu falou que não tinha gostado de Scoop por que "Match Point é bem melhor", e tinha medo que tu falasse isso de Ondas do Destino, e ficasse algo superficial, sabe?

bezerra diz:

mas não foi isso, é que achei a abordagem de Scoop forçadinha

Dio. diz:

Hmm... olha aí.

bezerra diz:

coisa com o espírito do cara, bláblá... ficou diferente de Melinda and Melinda e Match por não tá tão real, tão parecido com o cotidiano como geralmente são os filmes de Allen. não viajei por causa disso, achei forçada as sacadas e tal..

Dio. diz:

É, ficou meio bizarrinho isso.

bezerra diz:

mas perceba que nem comparei Match com Melinda...

Dio. diz:

Pronto, é disso que to falando.

bezerra diz:

foi só um comentário e tal..

Dio. diz:

É porque no dia tu não falou nada disso, aí fiquei meio preocupado...

bezerra diz:

claro que dá pra rir em Scoop, dá pra se divertir e tal, mas não tem o caráter de "cotidiano" que os demais filmes de Allen (os que eu assistir) tem.

Dio. diz:

Também não achei isso muito bom não. Mas gostei, no geral.

bezerra diz:

eu ri e sofri com Bess e tal.

bezerra diz:

gostei do filme

bezerra diz:

o que eu tava querendo dizer quando inclui Dogville no comentário foi que ele me emocionou mais... e que eu gostei mais..

bezerra diz:

afinal foi um dos filmes que mais me emocionou.

Dio. diz:

E, no caso, os filmes de Lars são até bem comparáveis, afinal o tema central é "o ser humano em seu estado mais sofrível".

Dio. diz:

Basicamente.

bezerra diz:

claro que o tema é outro, os personagens são outros... mas Dogville me tocou muito mais. era disso que eu queria falar

Dio. diz:

Acho digno.

bezerra diz:

assim como o assunto central de Allen é o cotidiano

bezerra diz:

os de Kubrick que estávamos falando são completamente incomparáveis, até porque tive a sensação de está com outro diretor que não o loucão de Laranjas e de Olhos..

Dio. diz:

É verdade.

3 comentários:

Dio disse...

Discordo do que esse tal de Dio. diz. Cara mais burro...
hausehasueshuas

Agora sério. Ondas do Destino é maravilhoso, um filme sensacional e, pensando melhor, até que dá pra comparar com Dogville, já que Lars Von Trier usa a base (como falei): "o ser humano em seu estado mais sofrível". Enfim, não se compara a Dogville, é verdade. Mas tem MUITO os seus méritos. Exceto pelo final um tanto... bizarro.
Vejam!

Abraços,
Diogo.

daniel disse...

Acredito que Ondas se compare, sim, a Dogville; inclusive, prefiro aquele a este. Dogville tinha uma postura mais 'choque pelo choque', uma brutalidade mais explícita. Ondas trata o brutal de uma forma mais delicada, acredito. E tem uma direção mais inspirada, ao meu ver. Aquelas passagens de capítulo com canções que vão de Bowie a Elton John são lindas, lindas.
Filme tocante.

Dio disse...

Daniel, concordo quando dizes que Ondas trata o brutal de uma forma mais delicada e tal. Mas dizer que Dogville usa uma lógica de "choque pelo choque" é superficializar demais, não? A obra, como você deve saber, é parte de (mais) uma grande análise que Lars von Trier faz do ser humano, discutindo sua condição num ambiente social, vivendo em sociedade, diferentemente de Ondas do Destino, que faz uma abordagem muito mais introspectiva do ser, tratando do ego, e, por isso, as metáforas das conversas entre Bess e um suposto Deus. Neste, acredito, a influência do social foi pouco considerada, centrando a trama na subjetividade dos personagens (vide as atitudes de Jan enquanto tentava se recuperar do acidente). Em Dogville, apesar de a obra estar repleta de subjetividade, o ego é de um grupo, um grupo é o um ser humano egoísta, mesquinho e corrupto, ou seja, o ser, ali, age em coletividade.
Por isso, acho que Ondas do Destino e Dogville são ambas obras maravilhosas, porém cada uma em seu patamar, nenhuma "ao acaso". Gosto mais de Dogville, porque me agradam mais as abordagens, porém Ondas do Destino me impressionou pelo tom, pela crueza e pela delicadeza (ao mesmo tempo).

Abraços,
Diogo.