Eu andei, a "pedido" do vestibular, pesquisando bastante sobre a obra de Clarice Lispector e vi-me encantada com a literatura clariceana. Evidente que o conhecimento sobre a renomada autora era anterior; a leitura de seus clássicos, porém, iniciou-se a partir de A Hora da Estrela, livro recomendado pela UFPE, o qual me foi bastante útil, inclusive, nas provas. Ainda nas primeiras páginas, deparei-me com meu pensamento recorrente sobre a essência humana explícito no livro. A partir de então, senti-me mais à vontade na leitura, sem intimidações, pois percebi que corroborávamos de uma idéia. Enquanto Rodrigo S.M. (Clarice) descrevia a ingênua Macabéa e fazia uma "análise" da própria análise acerca da protagonista, ele proferiu a seguinte frase que, parafraseando Clarice, soou como uma "explosão" dentro de mim:
"Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?" Tal frase suscita a especulação paradoxal entre Hobbes e Rousseau, que nos impulsiona a refletir se o homem é essencialmente mau ou se é a sociedade que o corrompe. Além de recordar aos leitores o quão cruel e mesquinho é o ser humano, quando o compara com um monstro. O brilhantismo da ucraniana quase pernambucana (risos) torna-se ainda mais evidente na percepção da linguagem extremamente simples e eficiente utilizada pela autora, que não escraviza o leitor ao dicionário. A dificuldade encontrada ao ler Clarice está na complexidade do conteúdo e não na erudição vocabular, pois são textos repletos de psicologia, que, ao meu ver, muito lembra as análises psicológicas de Machado de Assis. Este ano, várias referências à autora foram feitas nos meios comunicativos, em virtude dos 30 anos de sua morte. Em função da admiração pela escritora e da celebração dessa data, não poderia deixar de homenageá-la ainda em 2007, ano em que, inclusive, tive a grande oportunidade de “conhecê-la” mais profundamente. No ensejo de tal homenagem, cito os versos proferidos por Chico Buarque durante uma das entrevistas que integram o livro Clarice Lispector: Entrevistas. Na ocasião, a entrevistadora (Clarice) havia pedido, num clima de informalidade, alguns versos ao músico.
"Como Clarice pedisse
Um versinho que eu não disse
Me dei mal
Ficou lá dentro esperando
Mas deixou seu olho olhando
Com cara de Juízo Final"
"Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?" Tal frase suscita a especulação paradoxal entre Hobbes e Rousseau, que nos impulsiona a refletir se o homem é essencialmente mau ou se é a sociedade que o corrompe. Além de recordar aos leitores o quão cruel e mesquinho é o ser humano, quando o compara com um monstro. O brilhantismo da ucraniana quase pernambucana (risos) torna-se ainda mais evidente na percepção da linguagem extremamente simples e eficiente utilizada pela autora, que não escraviza o leitor ao dicionário. A dificuldade encontrada ao ler Clarice está na complexidade do conteúdo e não na erudição vocabular, pois são textos repletos de psicologia, que, ao meu ver, muito lembra as análises psicológicas de Machado de Assis. Este ano, várias referências à autora foram feitas nos meios comunicativos, em virtude dos 30 anos de sua morte. Em função da admiração pela escritora e da celebração dessa data, não poderia deixar de homenageá-la ainda em 2007, ano em que, inclusive, tive a grande oportunidade de “conhecê-la” mais profundamente. No ensejo de tal homenagem, cito os versos proferidos por Chico Buarque durante uma das entrevistas que integram o livro Clarice Lispector: Entrevistas. Na ocasião, a entrevistadora (Clarice) havia pedido, num clima de informalidade, alguns versos ao músico.
"Como Clarice pedisse
Um versinho que eu não disse
Me dei mal
Ficou lá dentro esperando
Mas deixou seu olho olhando
Com cara de Juízo Final"
*Recomendo o livro Clarice Lispector: Entrevistas, que atualmente integra minha mesinha de cabeceira.
**Créditos a Luciana e a Rafael Martins pelo livro emprestado e pelos conselhos na contrução deste texto, respectivamente.
**Créditos a Luciana e a Rafael Martins pelo livro emprestado e pelos conselhos na contrução deste texto, respectivamente.
7 comentários:
hummmm.... clarice. ^^'
;D
feliz ano novo!
;**
owowowow..
macabeia? ejejje eu quando naum me dava bem com ninguem no colegio, por ser o unico meninoq era gay, eu lia clarice no recreio, ela sim me fazia copanhia.
que bela descrição. Sabe Gabi. Se agente ler um livro deste 1000 vezes nos depararemos com mais 999 mensagens não percebidos na primeira leitura.
bjs.
Olhos abertos de espanto
A esperança renovada
Há um novo ano que anuncia
Os passos da felicidade na sua chegada
E porque gosto de ti
Companheira de viagem
Que a minha companhia
Não seja uma miragem
E porque tocaste o profeta
Com a delicadeza da tua terna mão
No abrir das minhas portas
Ilumino teu coração
Um mágico 2008
Um beijo de luz
Para nossa Psicóloga
Desmaterializar o complexo. Essa é a única forma de sintetizar a peculiaridade do arsenal literário da tão única; Macabea, Joana, G.H, Margarida... Clarice não é somente um livro cheio de capítulos, mas na verdade uma viagem para um mundo inconsciente e ao mesmo tempo às suas próprias essências. O cotidiano, as frustrações, os erros, o destino, o fim... Uma barca perdida no mistério do etéreo, que vai a busca das maiores dúvidas e incertezas humanas. Clarice é Metafísica! Morte e Vida Clarice!
é como um amigo me disse: não se deve ler Clarice Lispector, se deve sentir Clarice :D
conheci esse ano também, e como tu, me apaixonei ^^
Olá Gabriela, passei para te deixar um feitiço...
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