domingo, 23 de setembro de 2012
Novos já velhos
Apesar de não ter sido tão instigante quanto ouvir as tantas músicas do disco Acabou Chorare - cantadas ontem por Moraes Moreira -, um comentário antes do show me deixou pensativa. Não pelo seu ineditismo, porque essa batida já ecoa há anos. Mas porque tenho andado muito nesse ritmo. Alguém comentou sobre a juventude de hoje estar curtindo o som dos jovens de outra geração, a exemplo de Os Novos Baianos. Curiosamente, não foram meus pais que me apresentaram as (boas e) velhas canções que escuto hoje, mas amigos. Não, não faço parte da corrente que diz que a música tem perdido a sua qualidade ao longo dos anos. Inclusive, esse foi o tema de um recente estudo divulgado. Ao contrário, eu não tenho qualquer base científica nem mesmo certeza para afirmar o que digo agora, mas acredito que há muita gente fazendo música boa e acho bastante simplista o argumento de que hoje só querem tchu e tcha e afins. Volta e meia, escuto coisas novas bem legais. Meu caso com os "velhos" não tem a ver com isso. Também não me considero integrante do grupo "Nasci na época errada". Meu diagnóstico é outro, menos nobre, talvez. O caso é que não costumo procurar novos sons. Enquanto os velhos me satisfazem, fico com eles. E estou satisfeita. Admiro as pessoas que estão por dentro do que ainda está sendo feito nos estúdios, mas não sou uma delas. Até porque tenho mania de passar semanas (!) ouvindo o mesmo CD ou até mesmo a mesma música, cerca de 20 vezes ao dia. E não é exagero. Love Songs, de The Beatles, confirma isso. Obsessão à parte, é possível que esse seja o equívoco dos saudosistas: não tirar o bolachão da vitrola. Mas eles também estão com a razão, ao defender a beleza do Acabou Chorare, que há 40 anos esquenta os nossos pandeiros. E, como disse Moraes, "é lindo ver a juventude comemorando isso", reconhecendo a grandeza desse álbum, que integra a minha listinha de desesperadamente ouvidos. E, confesso, me derreto toda só porque eles são baianos.
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