segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Banco Imobiliário


É (quase) impossível alguém que teve a infância entre os anos 1980 e 1990 não conhecer o Banco Imobiliário, jogo que era obrigatório em toda prateleira de quarto de criança daquela época. Ao jogar, sempre havia os que iam à falência logo no início da partida, por comprar demais, e os que enriqueciam com tantos imóveis. Havia, ainda, quem "roubasse", infringisse as regras ou até mesmo inventasse novas formas de brincar com tal jogo. A compra dos hotéis mesmo até hoje é um mistério para mim, pois cada grupo de amigos jogava de uma forma diferente.
Uma boa estratégia imobiliária era investir nas Companhias, que sempre rendiam grandes lucros, a depender dos números dos dados do adversário que caíam, pois seguia a regra do "pontos dos dados multiplicados por X" (quociente a depender da Companhia).
A parte mais badalada do tabuleiro era a que continha Morumbi, Interlagos, rua Augusta e avenidas Pacaembu e Europa; sendo mais excluída a parte que continha o famoso bairro do Leblon, tão filmado nas novelas de Manuel Carlos. O preço do imóvel era tão irrisório (R$ 100, com aluguel custando R$ 6) que me fazia crer que se tratava de uma favela.
Quem nunca pensou que a nota de quinhentos reais realmente existia que atire a primeira pedra, pois eu acreditava piamente. Apesar de algumas incoerências absorvidas depois de tanto jogar, tenho certeza que aprendi algumas coisas, mas como era difícil vencer o jogo, resolvi não me aventurar pela área de administração.
Alguns motivos levavam os participantes a serem presos. A prisão dos adversários sempre era bem-vinda, mas não muito duradoura, pois talvez alguém tivesse a carta de liberação, adquirida no "sorte ou revés"; quando não, a fiança de R$ 50 resolvia o problema, mas só após três rodadas sem jogar; havia, ainda, a chance de apelar para sorte, tendo que tirar números iguais nos dois dados para se livrar do xadrez. Regalias como o "salário" (R$ 200), recebido a cada rodada no tabuleiro, ajudava a recompor a "fortuna" dos jogadores depois de vários percalços na rodada anterior.
Lá pelo fim do jogo, os números dos dados faziam toda a diferença, um número a mais ou a menos rendia grande perda de dinheiro para os que caiam nos hotéis do adversário. Os “acordinhos” sempre aconteciam nessa fase, a camaradagem do "eu não pago agora e você não paga quando cair no meu hotel" eram freqüentes. Valia tudo para não sair do jogo, lembro que até "emprego" era oferecido, algo como "se andares por mim no tabuleiro, te pago R$ X a cada rodada”. Confesso que já me "humilhei" para receber esse rico dinheirinho, que não fazia ninguém recuperar-se, mas ajudava a manter a brincadeira por mais tempo.

Escrevi sobre o jogo, que me rendeu grandes alegrias e algumas brigas por ultimamente estar sonhando bastante com ele. Os sonhos são os mais absurdos, num, a caixa do Banco Imobiliário ocupava a vaga da minha garagem no prédio que eu morava anteriormente; e em um outro sonho, a caixa estava sob o chão na posição mais difícil de equilíbrio, em pé. A mensagem onírica ainda não foi captada, mas algo me diz que preciso matar a saudade do jogo, quem se candidata a uma partida?

Foto em: gardenal.org

*Um beijinho pro meu amor. :*

4 comentários:

Son disse...

bons tempos... ainda me resta War.

Beijos

Dio disse...

Lembro que eu sempre me lascava nesse jogo. Seja por excesso de consumo, seja por má administração mesmo. Tinha uma amiga que era muito estilona e sempre queria ser o banco, pra não perder nada e mesmo assim jogar. ¬¬
No mais, topo a partida a qualquer hora, em qualquer lugar.

Abraços,
Diogo.

Santiago. disse...

esse é o típico jogo "menino de prédio, classe média, zona sul" - lembrando q n precisa seguir ao pé da letras as especificações acima p ser "menino de prédio", esse estilo de vida transcende tipificações, em suma é um modo de ser, e de interagir com o entorno! ;)
haha

no entanto, sempre gostei dele (banco imobiliário), lembro que adorava roubar mais dinheiro, sempre gostei de ficar perto do banco p cometer os atos ilícitos.. hahaha

outra coisa que me lembro da infância, antes da moda do super nintendo (super mario), e PlayStation (sonic), que tanto mario brothers qnt sonic tb os desenhos animados eram legais, mas preferia os irmãos mario e luigi, é do video game atari. minha mãe conta q ela e meu pai nunca foram de brigar, mas ela detestava qnd meu pai começava a jogar (atari), pois ele virava madrugada adentro e n dava a mínima p ela.. haha

a coisa q mais me recordo dele (atari) é o jogo come-come.. qm n se lembra daqles fantasminhas correndo atrás de vc, sem contar que até o som do vídeo marca.. velhos tempos! :)

Girabela disse...

Consternado, eu não havia esquecido do saudoso War, na verdade, nem tão saudoso assim, porque ele continua a aparecer as mesas de jogo que costumo freqüentar. Acho que é por isso que não tenho a saudade que sinto pelo Banco Imobiliário, que sempre acaba esquecido na parte de baixo da prateleira.
Caramba, você falaram de "roubar" e tal, agora lembrei que quando a situação estava ficando complicada para todos, eu e meu "bando" instituíamos os "10 segundos para roubar" (hahaha), colocávamos o bando distante e marcávamos 10 segundos para, juntos, cada um pegar o que quisesse. Que vergonha :$
No mais, nunca joguei no atari, sou da época do super nintendo, que me rendia tardes animadoras. Claro que meus jogos preferidos eram os do Mário, que ainda hoje jogo no meu computador.

Beijos.