A cidade se enche de luz, os supermercados ficam repletos de árvores e os panetones brotam das prateleiras. É tempo dos Papais Noéis de plantão tirarem as barbas do baú e das pessoas ensaiarem bondade. Coisas do “espírito natalino” de que tanto se fala nesta época do ano. Os shoppings ficam ainda mais insuportáveis, as passagens aéreas passam a custar pequenas fortunas e os perus morrem de véspera. A incandescente quantidade de pisca-piscas aumenta o lucro da Celpe, enquanto a Perdigão aposta na “invenção” de uma nova ave – chester – para engordar o faturamento. Rolos e rolos de papéis de presente são fabricados para virar lixo segundos depois, sem falar nos descartáveis, frequentemente utilizados. Tudo pronto? Comprometeu o cheque-especial? Devorou o 13º? Então, Feliz Natal! Na sala, o papo é o mesmo do ano anterior. Nem os comentários mudam, algo entre “Nossa, como fulano cresceu!” e “Você está mais magra!”. (Falsos?) Elogios à comida e aos figurinos não faltam. Mais entediante somente os replays infindáveis de Jingle Bell e We Wish You a Merry Christmas. As crianças ainda se divertem, mesmo que ludibriadas sobre a existência do bom velhinho. Mas, como não vêem trenó, renas e neve, pensam que talvez no Polo Norte o Natal seja mais divertido. No fim da noite, já em casa com os presentes recebidos, muitos só pensam no melhor dia para enfrentar filas e trocá-los. Afinal, se encontrando apenas uma vez por ano, dificilmente dá para acertar o presente.