segunda-feira, 10 de maio de 2010

Quem é que joga fumaça pro alto?

Desde criança, nutro certo fascínio pelo cigarro. Volta e meia saia procurando por bitucas nos cinzeiros de casa sempre que algum cidadão fumante fazia-nos uma visita. Meio psicótico, mas é verdade. De qualquer maneira, durante a adolescência, sempre agradeci e recusei as ofertas de cigarros que me fizeram; nem foram muitas, por sinal, visto que a maioria dos meus amigos é "geração saúde" (só) nesse sentido. O encantamento por aquela fumacinha persistiu e durante anos fui vidrada pelos carinhas que, como costumo dizer, "fumam bonito". Não sei bem explicar esse conceito, mas tem gente que fuma de forma atraente, certo? Depois dessa, eu só posso achar bom não ter vivido durante os anos 70. Certamente, seria uma vítima da feroz publicidade tabagista da época. Assim, segui somente admirando a fumaça, sem sequer pôr um cigarro na boca. Contudo, num período de constante assiduidade ao Recife Antigo e na companhia de um grande amigo sempre com cigarros bacaninhas no bolso, foi difícil resistir. Até resistiria, mas pra quê? Tava com vontade. Que mal há, não é mesmo? Há muitos, na verdade, mas um só não mata. Então, num climinha contagiante, há quase quatro anos, experimentei meu primeiro cigarro. Depois desse, só mais uns dez para (tentar) aprender a tragar. Poucos mesmo. Até porque percebi que é mais legal observar do que fumar. Cigarro, além de ser um gasto, é prejudicial à saúde. Sem contar a perseguição emplacada hoje em dia contra quem fuma, quase um "comando de caça aos fumantes". Por sinal, mesmo não curtindo - de jeito nenhum - levar a fumaça dos outros na cara, discordo dessa coisa segregadora de "é proibido fumar em todo e qualquer lugar do planeta", tal como acho o fim pessoas desagradáveis o suficiente para acenderem cigarros nos lugares e nas horas mais inconvenientes possíveis.
"Eu era discriminado poque não fumava numa época em que todos fumavam e isso era considerado charmoso e chique. Aí comecei a fumar e agora a discriminação é ao contrário: é porque eu fumo."
Marco Nanini, em entrevista à Playboy (maio/10)